Katherine Milkman, estudante de 22 anos do Departamento de Pesquisa de Operações e Engenharia Financeira da Universidade de Princeton, escolheu como tema de sua tese um assunto diferente do habitual. Ela analisou 442 contos publicados pela prestigiosa revista americana The New Yorker entre outubro de 1992 e setembro de 2001 para identificar tendências nos assuntos e personagens escolhidos.
Uma de suas principais conclusões foi que os editores homens tendem a preferir autores homens que escrevam sobre protagonistas masculinos e coadjuvantes femininas. Roger Angell, que trabalhou na seleção de contos da revista durante o período analisado por Katherine, gostou do estudo, mas acha que ele pode causar alguma confusão: ‘Alguns autores que não foram publicados vão lê-lo e pensar ‘agora eu sei o que tenho de fazer para sair na New Yorker’, e ele não pode ser usado desta maneira. No fim das contas, publicávamos o que nos agradava’. Publicar um texto na New Yorker é um bom caminho para os autores ascenderem na carreira. Foi o que aconteceu com a jovem Jhumpa Lahiri, que em 2000 ganhou o Prêmio Pulitzer depois que seu trabalho foi divulgado pela revista.
Outro editor da seção de ficção do período contemplado pelo estudo, Bill Buford, aponta que a escolha dos contos é influenciada pelo material recebido para seleção. Mas Katherine mostrou com números que a crítica de que ele não dava muito espaço a autoras mulheres tem fundamento. Sob o comando de Buford, 70% das histórias publicadas eram de autoria masculina. Sob a batuta de seu antecessor Charles McGrath, por exemplo, esse índice era de 57%. Com informações do New York Times [1/6/04].