MICROBLOG
Um site com uma edição exclusiva para Twitter
O Huffington Post é uma das primeiras publicações a integrar o Twitter às suas operações.
Primeiro, fez o óbvio, criou um perfil no serviço de microblogging. Em seguida, passou a utilizar o Twitter como caixa de comentário de suas matérias. Depois, começou a usar o recurso de listas para filtrar informações no microblog.
E, nesta quinta-feira, lançou oficialmente uma edição do Huffington Post para Twitter.
Quando vi a notícia pensei que seria uma versão compacta do Huffington Post, com textos curtos, que tenham ‘tweetability’, fáceis de serem ‘retuitados’, mas me enganei. Na realidade, a edição do Twitter do Huffington Post nada mais é do que um agregador.
Destaca as notícias que estão sendo mais ‘retuitadas’ em uma determinada editoria, além de indicar e exibir listas de pessoas para seguir, como ‘mulheres na área de tecnologia’, ‘senadores democratas’ ou ainda ‘jornalistas de moda’.
Com a exibição das listas em uma página, a intenção é criar um ‘fluxo de informação em tempo real’, o que, na prática, não funciona muito bem, pois nem todas as pessoas indicadas nas listas pelo Huffington Post atualizam constantemente os seus perfis.
Há o risco de você acessar a página várias vezes e ver as mesmas informações.
Parece ser interessante para quem não tem tempo nem paciência de fazer essa filtragem, de formar listas no Twitter sobre um determinado tópico.
FORMAÇÃO
Jornalista-programador ou programador-jornalista?
Nesta quarta-feira, a Universidade da Columbia, que possui uma das escolas de jornalismo mais respeitadas do mundo, anunciou a criação de um curso de mestrado que mesclará disciplinas da área de Ciências da Computação com as de Jornalismo.
A intenção é ir além de ‘habilidades multimídia’, ensinar o jornalista a criar, programar e gerenciar softwares, a pensar também como um desenvolvedor e engenheiro de software.
A criação do curso, que ainda espera aprovação do Departamento de Educação, não deixa de ser reflexo do quanto a fronteira entre jornalismo e desenvolvimento de softwares está diminuindo.
Dependendo da forma como você trabalha com os dados, criar aplicativos também é fazer jornalismo. Afinal, software é mídia, como diria o investidor Fred Wilson.
Software é mídia não somente no sentido de que as pessoas atualmente acessam softwares como se estivessem acessando mídia, mas por que eles se tornaram o principal intermediário atual da comunicação e da produção simbólica.
O curso da Columbia é bem válido, mas, sem querer pegar no pé dos jornalistas, acredito que atualmente é mais fácil fazer um desenvolvedor/programador pensar como jornalista do que um jornalista pensar como desenvolvedor/programador, por assim dizer.
Reflexo disso foi quando comecei a estudar na Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec). Quando contava aos meus colegas de jornalismo que estava fazendo a Fatec, a primeira coisa que ouvia era – ‘Pô, desistiu da profissão!’. Por outro lado, quando falava para o pessoal da Fatec que tinha feito jornalismo, eles falavam: ‘As duas áreas têm bastante a ver. Trabalham com a questão de organização e hierarquização de informações e dados’.
Falo isso (sobre jornalistas e desenvolvedores) não somente por minha experiência na Fatec e em outros lugares, mas pelo que tenho acompanhado em ‘hack days’, como o Yahoo! Open Hack Day e o Transparência Hack Day, eventos em que, no Brasil, diga-se de passagem, é raro encontrar um jornalista, apesar de todo o papo de ‘cultura digital’, ‘colaboração’, ‘novos paradigmas’ que começa a povoar o discurso dos ‘mais antenados’ por aqui.
Para mim, a questão não é somente que o jornalista e o desenvolvedor/programador estão se aproximando um do outro. A coisa é mais profunda, é que desenvolvedores/programadores estão começando a pensar como jornalistas. Vide o último Yahoo! Hack Day Brasil, no qual existiu entre os ‘hacks’ uma grande preocupação em criar relevância em meio a tantas informações, em tornar legível uma montanha de dados e informações.
Lá fora já é comum encontrar desenvolvedores que estão à frente, produzindo por conta própria produtos de jornalismo. Para exemplificar, cito dois. Nick Bilton, no NYTimes, e o desenvolvedor Alan Taylor, que toca em frente o premiado blog Big Picture, do Boston Globe.
Enfim, posso estar errado, mas a minha sensação é a de que teremos mais programadores-jornalistas do que jornalistas-programadores.
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