Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Títulos mudam para se adequar a agregadores

A regra era clara: títulos em jornais e revistas devem ser espertos, para chamar a atenção do leitor, e inteligentes, para não subestimá-lo. Na era dos agregadores de notícias na internet, entretanto, não é mais o leitor o que importa. Os editores dos sites de notícias montam seus títulos para que eles sejam notados pelos sistemas de busca. Hoje, depois dos agregadores, os links seguem para as redes sociais – Twitter e Facebook se tornaram republicadores, e seus membros buscam títulos curtos e chamativos para compartilhar com seus seguidores virtuais.

Todas as coisas que, no meio impresso, fazem o título ter significado, como diagramação e fotografias, não estão à vista na internet, diz David Carr em artigo no New York Times [16/5/10]. Por esta razão, como define Gabriel Snyder, recentemente nomeado editor-executivo da Newsweek.com, os títulos online são ‘pequenas criaturas nuas que têm que enfrentar o mundo sozinhas’. Há novas regras: o título deve, já no começo, trazer algo chamativo. Quando se pesquisa os links separados por um feed de RSS, os de títulos mais obscuros têm menos chance de ser abertos. Da mesma forma, os agregadores vão dar destaque aos títulos mais objetivos, de preferência os que incluam nomes próprios.

Mecânico

O site Huffington Post, que agrega notícias dos mais variados veículos e as empacota em formato chamativo, por vezes testa dois títulos diferentes para ver em qual o público clica mais – o vencedor ganha o espaço na home. O site também usa sua conta no Twitter para pedir que os leitores sugiram títulos. A fundadora e editora-chefe Arianna Huffington refuta a ideia de que, em busca de audiência, os títulos sejam nivelados por baixo. ‘Fazemos chamadas irônicas e inteligentes, e trabalhamos duro para tornar matérias sérias o mais interessantes possível’, diz. 

Carr afirma, entretanto, que os títulos cada vez mais formatados para atrair o olhar rápido correm o risco de se tornarem robotizados demais. Ele conta que, na semana passada, duas chamadas – da Reuters e do Silicon Alley Insider – sobre os carros com câmera do Google Street View que teriam coletado, sem querer, dados de redes wireless desprotegidas, apareceram em seu feed de RSS com dois minutos de diferença. Ambas começavam com ‘Whoops!’.