Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Todos querem participar do julgamento

O assunto atrai: astro do pop em decadência julgado por abuso sexual de menores. Quando o astro em questão é Michael Jackson, com sua vida cheia de bizarrices e mistérios, fica melhor ainda. Por isso, a imprensa americana montou guarda, desde a semana passada, na pacata cidade californiana de Santa Maria.

Mais de 1.000 jornalistas se credenciaram para cobrir o julgamento. Ao contrário do de O.J. Simpson, há 10 anos, o processo de Jackson não será televisionado. Ainda assim, a expectativa é grande entre os mais diferentes segmentos da mídia. Trabalhando lado a lado com correspondentes estrangeiros estão as maiores emissoras americanas de TV aberta (CBS, ABC e NBC), os principais canais fechados de notícias (CNN, Fox News, MSNBC), jornalões como o New York Times, revistas especializadas em fofocas de celebridades (People e Us Weekly) e canais de TV focados no mundo do entretenimento, como o E!.

Cidadão comum?

Acusado de molestar um menino de 13 anos, o cantor, em declaração em seu sítio na internet, afirma apenas que merece um julgamento justo, como qualquer outro cidadão. O julgamento de fato, que pode vir a durar seis meses, só começa no próximo mês. Por enquanto, são escolhidos os membros do júri. Mais uma vez, há um número recorde de interessados – o que fez com que o processo de apresentação fosse adiado por uma semana, para que pudesse ser feita uma pré-seleção dos candidatos.

A imprensa americana comenta que Jackson merece um julgamento justo, sem dúvida, mas não chega perto de ser um cidadão comum. O verdadeiro circo montado em frente ao tribunal em Santa Maria é prova disso. Emissoras de TV e fotógrafos alugaram espaços em salas com vista privilegiada e telhados, para que possam conseguir boas imagens do cantor. Os hotéis da cidade estão lotados, assim como bares e restaurantes.

Briga paralela

Para bancar os gastos deste ‘circo da mídia’ – como a montagem de um centro de imprensa, instalação de banheiros portáteis e pagamento de funcionários extras para manter a ordem e a limpeza da cidade –, o governo local resolveu cobrar taxas das equipes presentes.

Antes do início do julgamento, um grupo de representantes de jornais e emissoras de TV havia concordado em pagar taxa diária de US$ 7.500 – US$ 150 para cada equipe de jornal, e US$ 300 para equipes de TV. Agora, muitos veículos voltaram atrás e reclamam do acordo informal: acreditam que podem estar pagando também pela invasão da horda de fãs do cantor que Santa Maria deverá sofrer nos próximos meses. Informações de Peter Johnson [USA Today, 31/1/05] e James Rainey [Los Angeles Times, 31/1/05].