O especialista em bioterrorismo Steven J. Hatfill trabalhava como cientista para o Exército americano na época dos ataques com antraz nos EUA, em 2001, e teve seu nome divulgado na imprensa como ‘pessoa de interesse’ na investigação sobre o caso. Ele entrou na justiça contra o governo e passou a dar muita dor de cabeça para … jornalistas. Para que seu processo evoluísse, Hatfill precisava que os repórteres que cobriram o caso revelassem as fontes responsáveis por divulgar seu nome como possível suspeito pelos ataques com correspondências infectadas, que deixaram cinco mortos. Em junho, o governo entrou em um acordo de US$ 5,8 milhões com o cientista.
Caso encerrado? Nem tanto. Ainda que a parte de Hatfill tenha sido resolvida, a jornalista e professora Toni Locy continua a enfrentar problemas legais por ter se recusado, no início do ano, a identificar suas fontes. Toni, que na época dos ataques trabalhava para o jornal USA Today, apela de uma decisão judicial que a obriga a pagar US$ 5 mil por dia até que resolva revelar o nome de oficiais que teriam falado com ela sobre o cientista.
Intimidação
Esperava-se que, quando fosse anunciado o acordo entre Hatfill e o governo, o tribunal retirasse a acusação contra Toni. O cientista, entretanto, atrapalhou este plano. Hatfill quer receber as custas legais pelo período em que a jornalista se recusou a revelar suas fontes. Ele ainda precisa apresentar uma estimativa, mas, como a recusa de Toni durou meses, o valor pode atingir centenas de milhares de dólares. Até que isso seja resolvido, ela terá que continuar a lutar na justiça contra a multa.
‘Que impacto você acha que terá se repórteres tiverem que enfrentar este tipo de custos para proteger suas fontes?’, diz Toni. ‘As organizações de notícias estão cortando custos; a cobertura está cada vez mais apertada. As empresas não vão poder arcar com isso, e irão se censurar. Irão parar de cobrir pautas complicadas’. Informações de Hope Yen [Associated Press, 1/10/08].