A Suprema Corte rejeitou a reabertura de um processo aberto contra o New York Times pelo especialista em bioterrorismo Steven Hatfill, ex-cientista do governo americano. Hatfill alega ter sido difamado por uma série de colunas sobre os ataques com a bactéria antraz, que assustaram os EUA em outubro de 2001.
Os textos foram assinados pelo colunista Nicholas D. Kristof, que inicialmente escreveu sobre um cientista identificado apenas como Mr. Z, foco da investigação sobre as correspondências infectadas que mataram cinco pessoas logo após os atentados terroristas de 11 de setembro. Depois de alguns artigos sobre Mr.Z, Kristof acabou identificando Hatfill, em agosto de 2002. A investigação federal havia considerado o cientista como ‘pessoa de interesse’, mas ele nunca foi acusado formalmente pelos ataques.
A rejeição da Suprema Corte deixa intacta decisão tomada em julho pelo Tribunal de Apelações de Richmond, que considerou que um juiz federal de Alexandria, na Virgínia, estava correto ao rejeitar o processo de Hatfill contra o Times em 2007. O juiz alegou que Hatfill era uma pessoa pública e, para manter um processo por difamação, deveria demonstrar que a publicação agiu com ‘malícia real’. Resumindo, o cientista deveria provar no tribunal que o Times sabia ou suspeitava que qualquer sugestão de que ele fosse culpado era falsa, mas ainda assim publicou os artigos.
Processo para todo lado
Hatfill também processava o Departamento de Justiça dos EUA, acusando-o de vazar informações sobre ele à imprensa. Este ano, as duas partes entraram em acordo, e o cientista recebeu US$ 5 milhões para encerrar a ação. Outra que enfrentou a fúria de Hatfill foi a jornalista Toni Locy, que negou-se a identificar suas fontes e foi multada por desacato – ela deveria pagar, diariamente, até US$ 5 mil. Em novembro, um tribunal de apelações anulou a ordem de desacato, livrando a jornalista das multas.
O caso das cartas com antraz continua sem solução final. Em agosto, autoridades federais afirmaram ter encontrado provas de que o autor dos ataques seria Bruce E. Ivins, um microbiologista do Exército que morava em Maryland e havia cometido suicídio pouco tempo antes. Informações de David Stout [The New York Times, 15/12/08].