Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo Sexta-feira, 22 de janeiro de 2010 VENEZUELA Governo obrigará TVs a cabo a transmitir atos de Chávez ‘A Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações) da Venezuela informou ontem a 24 TVs por assinatura venezuelanas que, a partir de agora, elas serão obrigadas a integrar cadeias nacionais oficiais de rádio e TV convocadas pelo presidente Hugo Chávez ou por outros órgãos do Executivo. De acordo com a regulação aprovada, só terão de seguir as novas diretrizes as TVs a cabo cujas programações tenham porcentagem de produção venezuelana maior do que 30%. Entre os canais afetados está a RCTV, TV crítica de Chávez que migrou para o cabo após não ter sua concessão renovada para transmissão na rede aberta em 2007. CNN ou HBO, por exemplo, não serão atingidas de acordo com as regras. Segundo dados da Conatel, 37% das casas venezuelanas têm TV por assinatura. Mario Seijas, presidente do sindicato que representa as TVs a cabo venezuelanas (Cavetesu), afirmou ontem que cada canal vai dizer se tem ou não condições técnicas de cumprir as regras. Nacionalização Um dia depois de Chávez assinar a expropriação de lojas de cadeia de supermercados Éxito, de capital francês e colombiano, funcionários da rede fizeram protesto em vários pontos da capital. O governo venezuelano justificou a expropriação dizendo que a cadeia ‘reincidiu’ no delito de especulação de preços. A rede Éxito tem participação do grupo francês Casino (que é acionista do Pão de Açúcar). O governo diz ter fechado ao todo 1.500 estabelecimentos comerciais punidos por especular. No dia 8, Chávez desvalorizou a moeda local, o bolívar forte, pela primeira vez desde 2005. Com a desvalorização, os preços no país, que já tem a maior inflação da região, dispararam. Com agências internacionais’ INTERNET Hillary eleva o tom e cobra chineses em conflito com Google ‘A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, subiu ontem o tom com a China ao cobrar a ‘investigação’ das acusações do Google -que afirma ter detectado ataques virtuais contra o seu serviço de e-mail e ameaça deixar o país- e ‘transparência’ nos seus resultados. ‘Pedimos às autoridades chinesas que investiguem as invasões que levaram o Google a fazer o pronunciamento [do dia 12]’, disse Hillary em discurso no Newseum, em Washington. As palavras da chefe da diplomacia americana são as mais fortes desde a eclosão da mais recente disputa entre Pequim e a empresa americana, instalada no país comunista desde 2006. Há dez dias, o Google disse ter descoberto que hackers chineses haviam acessado contas no Gmail de ativistas de direitos humanos. Embora não tenha acusado Pequim pelo ataque, a empresa insinuou que o país poderia tê-lo reprimido. O incidente motivou o anúncio do Google de que não pretende mais censurar suas operações na China -condição para a criação do Google.cn- e a ameaça de deixar o país caso Pequim não aceite a decisão. ‘Temos [EUA e China] visões diferentes sobre o tema e pretendemos abordá-las aberta e consistentemente no contexto da nossa relação positiva, cooperativa e compreensiva’, disse Hillary, que, além da China, citou Tunísia, Uzbequistão, Egito, Irã, Arábia Saudita e Vietnã como exemplos de países que controlam o acesso à internet. O Departamento de Estado americano disse que em breve apresentará reclamação formal à China sobre o caso, mas procura não agravar atritos com o país em assuntos como direitos humanos -num momento de crescente interdependência bilateral, sobretudo econômica. ‘Questão empresarial’ Antes do discurso de Hillary, o vice-chanceler chinês, He Yafei, tentava manter o desentendimento no âmbito de uma disputa empresarial. ‘O caso Google não deve ser ligado às relações entre os dois governos e países. Do contrário, o estaremos superestimando’, disse. Na semana passada, o governo chinês já rejeitara as condições do Google para não encerrar suas atividades locais, alegando que no país ‘a internet é aberta’ e que a empresa deve sujeitar-se à legislação vigente. Críticos chineses da empresa americana a acusam ainda de usar o episódio como forma de conter o crescimento do seu similar local, o Baidu.com, que detém 62% do mercado de sites de busca -contra 35% do Google. Sites como Facebook, Twitter e YouTube também concorrem com os similares chineses. Com agências internacionais’ Lucro do Google cresce 416% no 4º trimestre ‘A empresa norte-americana faturou US$ 6,7 bilhões nos últimos três meses do ano passado. Já o lucro avançou 416%, para US$ 1,97 bilhão. ‘Visto que a economia global ainda está nos seus dias iniciais de recuperação, esse foi um extraordinário fim de ano’, afirmou o presidente-executivo do Google, Eric Schmidt.’ Brasil é um dos que mais sofrem com pirataria, dizem gravadoras ‘O Brasil, a Espanha e a França são os países mais afetados pela troca ilegal de arquivos de música pela internet, de acordo com a IFPI (a associação que representa as maiores gravadoras do mundo). O problema desses três países, afirma o instituto, é que, ‘apesar dos esforços da indústria’, não conseguiu se estabelecer fortemente um serviço legal de venda de música pela internet. A consequência, diz, é que a venda de CDs desabou e o comércio pela web não conseguiu compensar nem de perto. No Brasil, as vendas de músicas caíram mais de 40% entre 2005 e 2009, calcula a IFPI, e um dos efeitos dessa queda é que as cinco maiores gravadoras que atuam no país lançaram 67 álbuns de artistas locais em 2008 -ante 625 novos CDs uma década antes. ‘Isso tem sido particularmente danoso para um mercado em que 70% da música consumida é de repertório doméstico’, diz a associação. Ela afirma ainda que as quedas nas vendas de CDs no Brasil, na Espanha e na França também mostram que é um ‘mito’ a tese de que a arrecadação com shows compensa a queda na venda de álbuns. ‘Os ganhos com as performances ao vivo beneficiam mais, geralmente os veteranos, que já estão estabelecidos, enquanto os mais jovens, sem uma carreira lucrativa com shows, é que não têm a chance de desenvolver a sua carreira por meio da venda de CDs.’ O IFPI estima que a venda global de música por meio físico (especialmente CDs) tenha caído 16% em 2009, para US$ 11,6 bilhões, enquanto o comércio digital somou US$ 4,2 bilhões, alta de 12% em relação a 2008. Desde 2004, as vendas digitais cresceram 940%, mas o mercado total de música encolheu 30%.’ TELEVISÃO Laura Mattos e Clarice Cardoso Água invade estúdios e figurino, e Cultura faz plano antienchente ‘Dois estúdios e a sala de figurinos da Cultura, que guardam roupas de clássicos personagens da emissora, como o Garibaldo, do infantil ‘Vila Sésamo’, foram invadidos pelas águas da enchente causada pelas chuva que começou na noite de quarta e se intensificou durante a madrugada de ontem. Também foram inundadas salas da administração da rádio. A sede da Cultura fica na Barra Funda, próxima à marginal do rio Tietê (São Paulo), região que alaga frequentemente nessas épocas de chuvas. Em dezembro, a emissora pública já havia sido invadida por água e teve prejuízos. Apesar disso, só ontem, a direção da Fundação Padre Anchieta, que administra a Cultura, divulgou um plano antienchente aos funcionários. De acordo com o comunicado, haverá ‘substituição dos ralos por válvulas de retenção’, revisão dos diques existentes e instalação dos mesmos ao final de cada expediente, construção de novos diques, reforço do sistema de bombas para acelerar o escoamento da água e elaboração de projeto técnico que permita atacar o problema de modo sistêmico’. A assessoria da Cultura afirmou ontem que ‘não houve nenhuma perda no figurino’ e nos equipamentos e que, na manhã de ontem, tudo já estava ‘limpo e funcionando normalmente’. Em dezembro, alguns figurinos foram danificados e depois recuperados, diz a emissora. TERREMOTO A MTV alardeou que será ‘a única emissora aberta’ a transmitir hoje, às 23h, o ‘Hope for Haiti’, promovido por George Clooney e Wyclef Jean para levantar fundos para vítimas do terremoto. Pode ser a única aberta, mas não estará sozinha: o programa vai ao ar ao vivo nos canais pagos NatGeo e VH1. ‘A’ DE AMOR A partir de 1º de fevereiro, o Multishow HD usa o alfabeto para exibir shows diários, às21h: ‘A’ de Amy Winehouse, ‘B’ de Biquíni Cavadão, ‘C’ de Chris Cornell etc. Madonna e Paul McCartney estão na lista. BONITINHA A novela ‘Bela, a Feia’, que não emplacou no ibope como a Record esperava, está melhorando. Anteontem, bateu seu recorde, com 13 de média. RIO MARAVILHA 1 Scott Steindorff (ganhador do Globo de Ouro por ‘Empire Falls’ e produtor de ‘Las Vegas’) já terminou de filmar o piloto de ‘Rio’ (série toda feita na cidade) e está pré-produzindo mais 12 episódios que devem começar a ser gravados em junho. O programa retrata o trabalho de um detetive particular americano que vem para o país. RIO MARAVILHA 2 Segundo a produção, emissoras europeias, americanas e brasileiras já demonstraram interesse pelos direitos de exibição da atração, que deve ser vendida para 60 territórios. Na esteira de ‘Rio’, Scott Steindorff já prepara uma nova série, sobre anjos, que também será toda filmada no Brasil.’ Lúcia Valentim Rodrigues TV pública banca 17 novas animações com R$ 5 milhões ‘A TV Cultura exibe, a partir de segunda-feira, o resultado da nova fase do projeto AnimaTV. Foram 257 projetos inscritos no ano passado, provenientes de 17 Estados. Dezessete deles tiveram episódios montados e começam a ir ao ar nas emissoras públicas. Em março, dois deles serão escolhidos para virar uma série de animação. Cada produtora independente vai receber R$ 950 mil para fazer 12 episódios. Para definir os vencedores, serão feitas uma pesquisa quantitativa pelo Ibope e outra qualitativa, com crianças e educadores. Os projetos também passarão por uma comissão julgadora, que terá a palavra final. Os programas têm 11 minutos de duração e são voltados para o público de seis a 14 anos. Cada realizador recebeu R$ 110 mil para montar esse episódio teste. O orçamento total do AnimaTV é de R$ 5 milhões. Na próxima segunda, vai ao ar um making of das produções. De terça a sábado, serão exibidos os pilotos (veja quadro ao lado). Ao final da proposta, serão quase oito horas de programação inédita. Anteontem, durante a cerimônia de lançamento da segunda fase do incentivo, a presidente da Associação Brasileira de Cinema de Animação, Marta Machado, congratulou ‘a aproximação entre a TV e as produtoras independentes’. Paulo Markun, presidente da TV Cultura, disse que ‘animação é indústria’. ‘O Brasil tem mão de obra e capacidade. O que precisa é de trabalho coordenado. Nesse tipo de indústria, o que menos deve existir é dono’, afirmou, incentivando a parceria com as produtoras independentes. Os projetos incluem diferentes tipos de animação e narrativas. O humor está sempre presente, como em ‘Carrapatos e Catapultas’, de Almir Correia, que fala sobre insetos que se deslocam com catapultas e explodem de tanto comer. Ou em ‘Scratch’, de Frederico Otavio Luz, em que baratas investigam crimes no estilo dos seriados investigativos americanos. Há também personagens lúdicos como ‘Vivi Viravento’, de Alê Abreu, que fala de uma garota em busca de um lugar imaginário criado por sua avó, e ‘A Princesa do Coração Gelado’, de Zuleika Esteves Escobar, que tenta achar os elementos para curar seu coração. Interessante notar que as séries não abandonam o universo atual infantojuvenil, tratando de videogames, computadores e até de uma espécie de Ben 10 em versão tupiniquim. Quinze dos projetos não serão escolhidos para continuar. Mas terão uma vantagem para tentar uma parceria com TVs comerciais ou acordos internacionais, já que todas as produtoras tiveram de montar uma proposta comercial e desenvolver o roteiro para virar série.’ POLÍTICA CULTURAL Ana Paula Sousa O blefe da Rouanet ‘Primeiro, veio a festa. Depois, a saia justa. Primeiro, rodeado por artistas e batidas de bumba-meu-boi, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, entregou à Câmara um maço de papéis que, no próprio site do ministério, era chamado de ‘projeto de lei da nova Rouanet’. Depois, a Casa Civil informou que o projeto ainda está sob análise e não há prazo para que seja enviado ao Congresso. Encenação? ‘Foi um ato simbólico, que não tem validade. Atos simbólicos são comuns no Congresso’, responde o assessor do deputado Michel Temer (PMDB-SP), presidente da Câmara. Temer recebeu, do ministro, o documento que, a esta altura, ninguém sabe ao certo o que era. ‘O deputado nem tinha conhecimento de que o projeto não estava pronto’, disse o assessor, pedindo para que as declarações fossem atribuídas à assessoria de imprensa. ‘Ele não tem como se pronunciar sem o projeto final.’ O jogo de cena foi desmontado nesta semana quando, num e-mail, o assessor de comunicação da Casa Civil, Renato Hoffmann, disse que o texto ainda seria analisado e que, se algo chegou ao Congresso, não partiu dali. Para não haver dúvidas, a Folha refez a pergunta: ‘O MinC diz que o projeto que está na Casa Civil já foi analisado e irá para o Congresso em fevereiro, ou seja, que ainda não deu entrada no Congresso por mera questão processual. Mas, pelo que você diz, o projeto ainda passará por análise. É isso?’ Resposta: ‘É isso. O texto que chegou à Casa Civil será analisado.’ Há prazo? ‘Não.’ Ao saber da troca de e-mails, o secretário de políticas culturais do MinC, José Luiz Herência, insistiu que o projeto já havia sido analisado. ‘Entregamos ao Congresso o texto finalizado. O que falta é mera processualidade.’ O ministro interino, Alfredo Manevy, que na sexta-feira passada havia confirmado que o projeto, em fevereiro, entraria em tramitação com pedido de urgência urgentíssima, também negou a informação. ‘Ontem alguém me disse que a Folha tinha falado na Casa Civil e eu, na hora, liguei pra lá e falei com a pessoa que está finalizando a formalização do projeto. Ele só não foi entregue por problema de recesso parlamentar e de formalidade’, justificou. ‘Existe um projeto de lei, que está concluído. Vou ligar agora para a Casa Civil para que eles emitam uma nota dizendo que não está mais em análise. Deixa eu corrigir isso. Vou pedir para retificarem.’ Até o fechamento desta edição, não houve, por parte da Casa Civil, retificação ou mesmo resposta aos telefonemas. Questionado sobre a informação errada trazida a público em dezembro, sobre o envio do projeto de lei, Manevy insistiu: ‘O que os jornais e revistas noticiaram é verdade. Tem uma cobrança em torno de toda essa parte procedimental que é secundária nesse processo que tem substância, veracidade. Mas, tudo bem, a palavra não foi certa, deveríamos ter dito que o protocolo formal sairia em fevereiro. Deve ter sido um erro.’’ MinC tem R$ 800 mi para distribuir ‘Não é primeira vez que o Ministério da Cultura (MinC) comemora um orçamento recorde. Mas, se nenhuma peça mudar de lugar, em 2010 a pasta que entrou na era Lula sob a batuta de Gilberto Gil, em 2003, será rica como nunca foi. Dos R$ 1,3 bilhão em 2009, houve um salto para R$ 2,2 bilhões. ‘É o maior crescimento proporcional que tivemos’, diz Alfredo Manevy, ministro interino. A grande virada é que, desse bolo, R$ 800 milhões terão como destino o Fundo Nacional de Cultura (FNC) que, até aqui, era mera figura jurídica. ‘São esses R$ 800 milhões que justificam a reforma da Rouanet, já que a renúncia deixa de ser o único guichê’, diz Manevy. ‘Terá início um novo modelo, baseado nos fundos setoriais.’ Haverá programas e editais para áreas como cidadania e diversidade, livro e leitura, artes cênicas, música e artes visuais. O primeiro pacote de prêmios e bolsas tem lançamento previsto para abril. Outros dois se seguirão. A análise dos projetos ficará a cargo de uma rede de pareceristas composta por mais de 500 especialistas. Manevy esclarece que o fundo dará preferência a quem tem mais dificuldade para bater à porta das empresas em busca de patrocínio. Mas ressalta: os critérios não incluem o verbete ‘consagrado’. ‘Um artista conhecido que faça experimentação também pode ter dificuldades. Será levado em conta o interesse público.’ Os editais contemplarão, por exemplo, projetos de formação e aquisição de acervo e de reforma ou construção de espaços cênicos. O FNC deve incorporar também prêmios feitos em parceria com a Petrobras, como o Klauss Vianna, de dança, e o Myriam Muniz, de teatro. Dinheiro real? Um dos grandes fantasmas, quando se fala em orçamento direto, atende por um nome longo: contingenciamento. Trata-se de procedimento corriqueiro no governo. Ajuste aqui, ajuste ali, e parte do dinheiro acaba não sendo liberado. ‘Como o próprio nome diz, é uma contingência’, diz o secretário José Luiz Herência. Contingência, segundo o ‘Aurélio’: ‘incerteza sobre se uma coisa acontecerá ou não’. ‘Mas tentaremos empregar esses recursos imediatamente’, afirma Herência. O setor cultural tem, no entanto, um quê de gato escaldado. ‘Todo ano se anuncia orçamento recorde. Mas, em 2009, o MinC foi a pasta que teve o segundo maior contingenciamento, só atrás do Ministério da Pesca’, lembra o produtor Paulo Pélico. ‘O fundo é, desde sempre, a nossa batalha. Apesar das promessas, ainda não temos segurança nem de que o dinheiro sairá nem de que nossas reivindicações serão atendidas, até porque nenhum documento veio a público’, diz Ney Piacentini, um dos líderes do movimento de grupos teatrais de São Paulo. Quem está do outro lado do palco, aquele ocupado por produções tidas como viáveis comercialmente, tem outras ponderações. ‘O problema dos fundos é sempre a comissão. E esse ministério adora comissões’, diz o ator Juca de Oliveira. ‘Tenho sempre receio do guichê único’, diz Pélico. ‘Mas o fundo resolve um problema básico, que era termos o Parque Nacional Serra da Capivara [no Piauí] e o Cirque du Soleil disputando o mesmo dinheiro.’ Enquanto o fundo ganha forma, vê-se uma diminuição de recursos da renúncia fiscal. Alguns produtores atribuem a queda à insegurança dos patrocinadores ante as mudanças da Lei Rouanet. Mas houve também a crise. ‘A renúncia é baseada no imposto a pagar, e havia uma perspectiva de que 2009 seria um ano economicamente difícil. Algumas empresas preferiram ficar com o dinheiro em caixa’, diz Fernando Rossetti, secretário-geral do Grupo de Institutos Fundações e Empresas, que reúne os maiores patrocinadores. ‘Embora houvesse a expectativa da mudança da lei, acho que a retração se deve mais à crise.’’ Juca Ferreira anuncia projeto desde 2004 ‘No primeiro mandato do presidente Lula, Juca Ferreira, no cargo de secretário-executivo do Ministério da Cultura (MinC), foi o homem responsável pela compra de brigas. No melhor estilo ‘morde e assopra’, Ferreira protagonizava os ataques e Gil, com a fala zen, fazia depois as ponderações. Ferreira vinha a público atacar o uso da Lei Rouanet para ações de marketing, diagnosticar abusos por parte de artistas que não precisavam de auxílio público e provocar os bancos, que colocavam recursos da lei nos próprios institutos. Já em 2003, ele deu declarações sobre a necessidade de exigir ‘contrapartida privada’ dos patrocinadores e ‘distribuir regionalmente’ os recursos. Em 2004, anunciou, pela primeira vez, que traria a público o projeto de reforma do mecanismo de renúncia fiscal que, por artes e manhas da política brasileira, tornou-se praticamente a única fonte de financiamento à cultura. ‘Alguns lobbies introduziram certas distorções e, ano após ano, o governo foi reduzindo sua intervenção no fomento e virou mero passador de recibos’, dizia. Cabe lembrar que, no próprio programa de governo do PT, constavam críticas ao modelo de renúncia e ao uso indiscriminado da lei por instituições que, com o próprio imposto, bancavam casas de cultura que levavam seu nome. De lá para cá, o MinC diminuiu o volume dos ataques e até o vocabulário. Ferreira passou a evitar o discurso contra os ‘consagrados’ e, debate após debate, tentou construir uma espécie de ‘consenso’ em torno do tema. Apesar de, ao assumir a pasta, ter admitido que se sentia ‘envergonhado’ de falar em prazos para o envio do projeto de lei ao Congresso, voltou a cravá-los no ano passado. E a descumpri-los. Mas, às vésperas do Natal, parecia respirar aliviado. Deu entrevistas em que comemorava a ‘missão cumprida’. Convidou artistas a Brasília, bancados pelo governo, para celebrar o projeto. Entre Natal e Ano Novo, surge a informação de que a tal entrega foi mero ‘ato simbólico’. Agora, a Casa Civil diz que o projeto, que em dezembro todos acreditaram ter sido protocolado no Congresso, ainda está sob análise. Vale reproduzir, aqui, a pergunta feita pelo produtor Paulo Pélico ao saber desta reportagem: ‘Por que fazer isso? Para fingir que cumpriu o prazo?’.’ ************ O Estado de S. Paulo Sexta-feira, 22 de janeiro de 2010 VENEZUELA AP e Efe Chávez obriga TVs a cabo a transmitir discursos em rede ‘A partir de ontem, 24 canais que operam no sistema de televisão a cabo na Venezuela ficaram obrigados a transmitir os comunicados em rede nacional do presidente Hugo Chávez. A decisão foi anunciada pela Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), que classificou essas emissoras como ‘produtoras audiovisuais nacionais’ porque mais de 30% de sua programação é produzida na Venezuela. Entre as afetadas está a Radio Caracas Televisão Internacional (RCTV), que passou a transmitir a cabo depois que Chávez recusou-se a renovar sua concessão para a TV aberta, em 2007. Segundo Diosdado Cabello, diretor da Conatel, as operadoras deverão tirar do ar as emissoras que descumprirem tais disposições.’ TELEVISÃO Keila Jimenez Mamãe celebridade ‘Imagine você entrar em um reality show de troca de famílias e descobrir, depois da troca feita, que foi parar na casa do Romário? Ou da Rita Cadillac? Do Sidney Magal? Pois é essa a aposta do Troca de Famílias da Record para este ano: misturar famílias comuns com celebridades em trocas bizarras e divertidas. Entre os primeiros programas da nova temporada, uma pérola: uma dona de casa do ABC paulista foi parar no Recife, na casa da cantora Gretchen. E a rainha do rebolado virou mãe de uma família comum. Detalhe: de surpresa. A dona de casa em questão – megaciumenta do marido – descobriu depois da troca feita que, naquela altura do campeonato, sua substituta poderia estar dançando Piri Piri na sala de sua casa. Bom, ela descobriu assim que chegou à casa de Gretchen, e deu de cara com Tammy, a filha da cantora, e suas amigas na piscina. ‘Não sabemos ainda quando iremos exibir esse episódio, mas que rendeu, rendeu’, garante o diretor do Troca de Família, Johnny Martins. ‘Agora queremos fazer uma troca na casa de um jogador de futebol, e de uma mulher famosa que saiu na Playboy.’ Aulas práticas A atriz Mayana Moura é uma das novas apostas de Silvio de Abreu em Passione, a próxima novela do autor na Globo. Mayana viverá Melina na trama, uma jovem estilista, filha da empresária Bete (Fernanda Montenegro). Em seu treinamento, a novata teve aulas práticas com uma expert no assunto: a estilista Glória Coelho.’ Entrelinhas ‘Apresentador que acabou de chegar a uma emissora já está conhecido nos corredores por sua falta de educação com a equipe técnica de sua futura atração. Assim, vai longe. Marcelo D2 cancelou, de última hora, sua participação na cobertura do SP Fashion Week pelo canal Fashion TV. O músico seria um dos âncoras da cobertura e alegou problemas de saúde na família para o desfalque. Faustão volta com programas ao vivo na Globo no dia 31. Já o troféu de Melhores do Ano do Domingão ficou para 28 de março, quando a emissora apresentará sua nova programação. O SBT está se programando com antecedência para os debates políticos que aquecerão a TV este ano. Até o cenário já está sendo preparado. A MTV já está negociando a renovação do contrato das gêmeas Bia e Branca, que vence em fevereiro. As loiras estão na mira do SBT. Fazendo escola com a Band, a Globo até que tentou negar que A Turma do Didi estava com os dias contados. Resultado: o novo programa de Renato Aragão já está sendo formatado. E lá se foi o manual de conduta na web da Globo. O autor Aguinaldo Silva, ele mesmo, entrou no Twitter. Quem segura? Sexo dos Anjos, de 1989, é forte candidata ao Vale a Pena Ver de Novo, da Globo.’ ************