A televisão americana entrou em ‘modo de luto’ diante da morte do senador Edward Kennedy, afirmou nesta quinta-feira o jornalista Howard Kurtz, que mantém uma coluna sobre mídia no Washington Post [27/8/09]. ‘Havia um inconfundível tom pessoal nos tributos, os âncoras e correspondentes soando como se eles, e o país, tivessem perdido um amigo’, escreveu Kurtz. A veterana Diane Sawyer falou sobre o enorme sorriso de Kennedy; Andrea Mitchell, da NBC, classificou-o de o ‘maior senador de nossa geração’; Geraldo Rivera, da Fox News, o chamou de ‘mentor’. Em comentário na NBC, o ex-colunista do Boston Globe Mike Barnicle afirmou que não tinha vergonha de admitir que ‘gostava’ de Ted Kennedy.
Segundo Kurtz, desde 1963, quando John Fitzgerald Kennedy, irmão mais velho de Ted e presidente dos EUA, foi assassinado no Texas, o telejornalismo do país ajuda na despedida dos cidadãos comuns a mortos ilustres. A notícia da morte de Ted Kennedy foi divulgada no início da madrugada de terça-feira [25/8] e tomou conta dos telejornais matutinos. Na noite de quarta, a CNN já transmitia um documentário sobre o senador produzido pela HBO. Revistas de notícias semanais como Time e Newsweek terão edições especiais nesta sexta-feira [25/8]. E a editora Hachette Books anunciou que iria apressar a chegada de 1,5 milhão de cópias do recém finalizado livro de memórias de Kennedy para o meio de setembro.
Lembranças
Diante da morte do senador, vítima de um câncer no cérebro diagnosticado há pouco mais de um ano, jornalistas e comentaristas compartilharam com o público, diante das câmeras de TV, pequenas experiências pessoais com Kennedy. O apresentador da MSNBC Chris Matthews, que possui diabetes tipo 2, contou sobre quando o senador lhe telefonou com conselhos depois de haver sofrido um ataque por hipoglicemia. O estrategista democrata Paul Begala lembrou na CNN que, quando seu pai foi diagnosticado com câncer, Kennedy ligou para passar o contato de um dos maiores especialistas do mundo em oncologia. ‘Ele disse, ‘[o médico] está esperando a sua ligação. Acabei de falar com ele’. E ele ajudou a traçar o caminho para que meu pai obtivesse o tratamento que, francamente, salvou sua vida’, contou.
O jornalista conservador David Frum afirmou que odiava Kennedy até 2001, quando a ativista de direita Barbara Olson foi morta nos atentados de 11 de setembro. O marido de Barbara, Ted, pediu que alguns amigos ajudassem a organizar as mensagens de condolência, e a mulher de Frum, Danielle, se dispôs a fazer o trabalho. ‘Entre as cartas estava uma nota escrita à mão pelo senador, tão elegante e decente, tão eloqüente e bem escrita que foi capaz de revolucionar a opinião sobre o homem que a havia escrito’.