Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas. ************ O Estado de S. Paulo Segunda-feira, 8 de março de 2010 POLÍTICA Wilson Tosta ‘TV Lula’ lança canal internacional para brasileiros no exterior ‘A TV Brasil, emissora operada pela estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC), lançará ainda este ano um canal internacional voltado para parte dos cerca de 3 milhões de brasileiros que vivem no exterior. Apelidada de ‘TV Lula’ por oposicionistas, que a acusam de fazer propaganda do governo federal, a estação quer inicialmente atingir brasileiros que vivem em outros países da América Latina, EUA, África e Península Ibérica. A ideia é substituir o Canal Integración ? que será extinto ? por uma programação por assinatura exclusivamente em língua portuguesa, transmitida por cabo. ‘O Canal Integración serviu muito à ideia de integração latino-americana, mas já cumpriu o seu papel’, diz a presidente da EBC, Tereza Cruvinel. Segundo ela, há uma ‘enorme demanda’ de emigrantes brasileiros por um canal de TV a preços baixos no exterior. As redes Globo e Record já disputam o público emigrante brasileiro, mas há reclamações na comunidade com relação às tarifas cobradas. ‘O Brasil virou um país de emigração. Já foram realizadas duas conferências de emigrados. Na última, no Rio, comparecemos, e o assunto canal internacional foi mais palpitante.’ O novo canal está sendo montado por uma equipe chefiada pela jornalista Marilena Chiarelli e usará o New Skies, mesmo satélite atualmente utilizado pelo Integración ? por isso, a empresa avalia que não terá custo adicional nesse item, de pouco menos de R$ 500 mil anuais. A transmissão começará até julho, pela África, onde a EBC está mais perto de fechar acordo para distribuição de programação. A empresa escolhida, a Multi-Choice, atinge 90% do continente e pode colocar a emissora nos Palops (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), como Angola e Moçambique. ‘A TV a cabo está chegando à África, é uma boa oportunidade’, diz Tereza. Para os EUA, há negociações para distribuir o novo canal com a empresa Dish Network; para a América Latina, com a DirectTV; e para a Península Ibérica, com o grupo Prisa, que edita o jornal espanhol El País. Todas essas regiões já são cobertas pela órbita seguida pelo New Skies. Outras áreas, como o resto da Europa continental, o Reino Unido e o Oriente, ficarão para depois, devido a questões técnicas e financeiras. No Japão, país com uma grande comunidade brasileira, a primeira negociação empacou no alto preço que o transmissor local queria cobrar pelo serviço de distribuição. A programação terá de sofrer alterações para ser adaptada aos fusos horários locais e porque há, na grade atual, programas de outras emissoras, licenciados exclusivamente para transmissão no País. Na semana passada, a EBC foi acusada de gravar depoimentos de ministros em suposto tom eleitoral, para exibição no Blog do Planalto. A empresa respondeu afirmando ter prestado serviço à Secretaria de Comunicação da Presidência da República e dizendo não haver ilegalidade no episódio. ORÇAMENTO A TV Brasil Internacional é um dos projetos de expansão da EBC para 2010, quando terá um Orçamento de R$ 453 milhões, o maior de sua curta história, iniciada em dezembro de 2007. Proibida de veicular publicidade comercial, a estatal é sustentada por verbas que recebe diretamente da União, por dinheiro de patrocínios culturais (em 2009, chegou a receber dinheiro da Vale do Rio Doce), recursos por prestação de serviços a entidades federais e, este ano, espera receber ainda R$ 116 milhões da Contribuição para a Comunicação Pública, prevista na lei que criou a empresa, mas contestada na Justiça por empresas de telecomunicação. Outros projetos são previstos para 2010 pela EBC, que aprovou seu Plano de Trabalho em seu Conselho Curador no início do ano. Um é a criação de uma rede de rádios públicas, reunindo as oito emissoras federais e estações dos governos estaduais, com possibilidade de transmitir um jornal radiofônico nacional. Outro é a expansão de atividades da TV Brasil, incluindo a criação de gerências executivas no Nordeste (São Luís), Centro-Oeste (Brasília), Norte (já tem escritório em Manaus) e no Sul (Porto Alegre). A emissora, além de mudar seu correspondente na África de Angola para Moçambique, mandará profissionais permanentes para Washington, nos EUA, e Buenos Aires, na Argentina. Tem ainda a meta de ampliar sua transmissão diária de 20 para 24 horas. A televisão estatal também quer ampliar suas transmissões na Região Sul, onde enfrenta dificuldades que se refletem em audiência de 6%, abaixo da média nacional de 10% apontada em pesquisa DataFolha no ano passado. A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), veta a participação da TV Educativa gaúcha na rede nacional de TVs públicas, por considerá-la instrumento político do governo federal. Prefere pagar por programação produzida pela TV Cultura, emissora estadual de São Paulo, a receber o material gratuito da TV Brasil. A EBC, que comprou por R$ 400 mil o prédio onde fica a TV gaúcha, vai instalar lá sua sede no Estado, com repetidoras em Porto Alegre e em outras quatro cidades gaúchas para levar o seu sinal aos gaúchos. A EBC ofereceu ao governo estadual a oportunidade de manter lá a emissora estadual, pelo mesmo aluguel.’ Estação transmite 70% dos programas da rede pública ‘Mais de 70% da programação transmitida pelas televisões públicas estaduais brasileiras já é gerada pela TV Brasil. No mês passado, segundo levantamento da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em média, 71,65% dos programas da rede pública saíram da instituição, com duas exceções relevantes: São Paulo e Rio Grande do Sul. Os dois Estados, governados pelo PSDB, apresentaram 0% de retransmissão. A presidente da EBC, Tereza Cruvinel, porém, não vê problema partidário e lembra que a filiação tucana não impediu parcerias com Alagoas, governada por Teotônio Vilela Filho (95,35% de retransmissão), e Minas Gerais, por Aécio Neves (49,40%). A oposição acusa a TV Brasil de fazer propaganda do governo. Em dezembro de 2007, quando a EBC nasceu, mais de 60% da programação das TVs públicas era produzida pela TV Cultura, estatal de São Paulo. A ascensão da TV Brasil, que no início transmitia apenas 37,18% da programação pública, segundo a EBC, foi reforçada pela decisão da estatal paulista, anunciada em junho de 2009, de não mais fornecer conteúdo gratuito para outras televisões. A TV Brasil, que na ocasião já distribuía 55,44% da programação, deu um salto: no mês seguinte, tinha 64,60%. Para reforçar o seu papel, licenciou (pagou por) cinco programas da Cultura – Roda Viva, Viola, Minha Viola, Cocoricó, Rá-Tim-Bum e Vila Sésamo – e passou a distribuí-los, de graça, para as demais públicas. O peso deles na grade, entretanto, é pequeno, afirma Tereza. Com a mudança, a EBC, de certa forma, assumiu o papel que, no projeto de comunicação pública gestado nos anos 60 e 70, era reservado à TV Educativa do Rio de Janeiro, que seria uma espécie de cabeça da rede de emissoras estaduais. Com o fracasso da TVE carioca e o sucesso da Cultura, a emissora paulista ocupou o espaço de principal fornecedora de programação para as demais. A decisão da TV de São Paulo, que ajudou a reverter esse processo, foi anunciada na Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec). ALCANCE Atualmente, a TV Brasil opera diretamente em quatro unidades da Federação: São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e Distrito Federal. E tem parceria com 19 emissoras estaduais, em uma rede com pelo menos 10 horas diárias de transmissão simultânea. Alguns programas são produzidos pelas emissoras locais e retransmitidos pela TV Brasil. ‘Nosso sistema está mais para o PBS (Public Broadcasting System) americano que para a BBC britânica’, analisa Tereza. ‘Nos Estados Unidos, são quatro transmissoras nacionais e cerca de 300 emissoras locais, espalhadas pelo país, que, juntas, formam a PBS.’ Já a BBC, lembra ela, é uma rede própria, hegemônica, vertical.’ CRÍTICA Gustavo Chacra Jornal critica negócios da Petrobrás com Irã ‘A Petrobrás faz parte da lista de empresas que receberam benefícios do governo americano e ainda investem no Irã. A informação foi incluída numa reportagem publicada ontem no jornal The New York Times. Anteriormente, a companhia brasileira já havia sido alvo de críticas de deputados americanos do lobby anti-Irã nos EUA. ‘O governo federal concedeu mais de US$ 107 bilhões em pagamentos e outros benefícios na última década para companhias estrangeiras e multinacionais americanas enquanto elas continuavam realizando negócios com o Irã, apesar dos esforços de Washington para desencorajar investimentos naquele país’, informa o jornal. No meio da reportagem, o jornal diz que ‘entre as companhias na lista que o Congresso enviou ao Departamento de Estado está a Petrobrás, que no ano passado recebeu US$ 2 bilhões em empréstimos para explorar uma reserva de petróleo na costa do Rio de Janeiro. Os empréstimos são um bom exemplo dos interesses que as autoridades terão de lidar no que diz respeito à lei de sanções ao Irã’. LOBBY ANTI-IRÃ O banco que realizou o empréstimo (Export-Import Bank), questionado pelo jornal, disse ter recebido uma carta da Petrobrás afirmando ter interrompido os seus trabalhos no Irã. Um documento similar aparece no site do lobby anti-Irã dos EUA. O New York Times acrescenta que, no passado, a Petrobrás teria investido cerca de US$ 100 milhões em prospecção de petróleo para o Irã no Golfo Pérsico. O jornal questionou a Casa Branca sobre o episódio e diz ter recebido ‘um e-mail, no dia 13 de novembro, de um membro do governo, afirmando que, embora a administração faça advertências sobre estes investimentos, o Brasil é um importante parceiro comercial dos EUA’. A reportagem também questiona a recente aproximação do governo brasileiro com Teerã. Ela cita a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil no ano passado ? que irritou Washington ? e o fato de autoridades iranianas terem dito que esperam mais investimentos da Petrobrás no país. Segundo o New York Times, os ‘escritórios da Petrobrás em Teerã ainda estão abertos’. ‘Diogo Almeida, que atua como adido de negócios da Embaixada do Brasil em Teerã, afirma que a Petrobrás tem analisado o quanto pode investir no país diante da imensa descoberta de petróleo no Rio de Janeiro. Funcionários da companhia estão em discussões ativas com o governo iraniano em busca de novos negócios’, completa o jornal. Os EUA tentarão aprovar nas próximas semanas uma resolução com novas sanções contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU. Segundo os americanos, a França e a Inglaterra, o Irã tenta desenvolver armas nucleares. O regime de Teerã nega e diz que os fins de seu programa são pacíficos. O Brasil afirma que, por enquanto, não apoia novas sanções. Lula visitará o Irã em maio.’ TECNOLOGIA Gerusa Marques Universalização da internet banda larga fica para o próximo governo ‘A temperatura do debate é alta e a pressão política do governo é forte, mas a oferta de internet via banda larga País afora, como quer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é uma promessa eleitoral com tantas etapas para cumprir que só no governo do sucessor pode virar realidade. Para técnicos e especialistas do setor, mesmo que o governo consiga definir no próximo mês as diretrizes, não há como colocar em prática neste ano o Plano Nacional de Banda Larga. O mais provável é que o Planalto faça o lançamento de um protocolo de intenções, que pode ser usado como bandeira política na campanha eleitoral. ‘É muito difícil que o plano seja executado este ano, a não ser que seja algo absolutamente marginal, nada relevante’, avalia um técnico do governo. O maior problema, para uma fonte da iniciativa privada, foi o governo ter atrelado a necessidade de expandir a banda larga à discussão para revitalizar a Telebrás, empresa que deverá administrar e operar o plano. O secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, reconhece que não há tempo hábil para o plano ser executado pelo governo Lula, mas pondera que algumas medidas podem ser tomadas, com impactos ainda neste ano. ‘Certamente podemos ter o estabelecimento das linhas de ação para a empresa gestora do plano e fazer ações de caráter organizativo caso a Telebrás seja escolhida como gestora’, diz. A reativação da estatal, que teve as subsidiárias privatizadas em 1998, é defendida por Lula. A decisão sobre a reativação da velha estatal será tomada em abril, quando o presidente voltará a se reunir com os ministros para bater o martelo sobre o lançamento oficial do plano. Se essa reunião for conclusiva, uma das primeiras medidas será a edição de um decreto presidencial instituindo o plano de banda larga. Minuta do documento circulou em Brasília no início do ano e colocava a Telebrás na liderança do processo. Após formalizada a decisão de reativar a estatal, serão necessários dois meses para reconstituir a empresa e contratar ou requisitar funcionários. A estatal tem 200 empregados cedidos à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Para voltar a operar, a Telebrás ressuscitada tem de realizar assembleia de acionistas, enviar comunicado à Comissão de Valores Mobiliários e cumprir compromissos junto ao mercado financeiro, por ter ações da Bolsa. A ressurreição da empresa é um processo complexo. Será necessário licitar a compra de equipamentos para a revitalização das fibras de propriedade das estatais de energia elétrica. Essas fibras, usadas para a montagem da rede de banda larga, são as que estão em poder da Eletronet, empresa que decretou autofalência, tem dívidas de credores cobradas na justiça e a pendência jurídica sobre a apropriação das fibras pela Eletrobrás. DENÚNCIAS O cronograma traçado pelos técnicos dependerá da superação desses problemas e do constrangimento criado com a divulgação de denúncias de envolvimento do ex-ministro José Dirceu nos negócios da empresa. Ele prestou consultoria à Star Overseas Venture, empresa sediada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas de propriedade do empresário Nelson dos Santos, que é dona de parte da Eletronet. Mesmo que a licitação de compra dos equipamentos seja realizada em tempo recorde e que não haja contestação judicial, todo o processo deve durar ao menos três meses, sendo concluído em setembro. A entrega de equipamentos e montagem dos componentes eletrônicos nas redes de fibras ópticas se prolongaria até dezembro. Com as fibras funcionando, a estatal pode começar a atuar no atacado, ofertando capacidade de transmissão de dados para outros operadores, como pequenos provedores de internet, que forneceriam os serviços para o consumidor. Mas, para operar, mesmo no atacado, é preciso autorização da Anatel, processo que não é imediato. Se o governo optar por atender também ao consumidor final, para cumprir a promessa de chegar com a banda larga onde as grandes operadoras não querem, terá de construir a capilaridade da rede, para ligar a espinha dorsal formada pelas fibras das centrais elétricas até as cidades, e das cidades até a casa de cada cliente. Não há estimativa de quanto tempo a construção da rede pode levar. As empresas privadas, por exemplo, começaram o trabalho de ramificação da rede principal até a sede dos municípios em 2008 e devem concluí-lo no fim do ano. Colaborou Renato Andrade’ Renato Cruz O que restou da bolha da internet ‘‘A internet ficou velhinha’, afirma Marcelo Lacerda, que vai completar 50 anos, pioneiro da internet brasileira. Ao lado de Sérgio Pretto, ele criou a NutecNet, que depois se transformou no ZAZ, ao se associar à Rede Brasil Sul (RBS), e finalmente foi vendida para a Telefônica, em 1999, dando origem ao provedor Terra. ‘Hoje, quando vou lá no Terra, sou quase o tiozão.’ Na próxima quarta-feira, fará 10 anos que a bolsa americana Nasdaq, que concentra as ações das empresas de tecnologia, alcançou a maior pontuação de sua história. Nunca mais chegou perto dos 5.048,62 pontos atingidos em 10 de março de 2000. Na última sexta-feira, a Nasdaq fechou em 2.326,35 pontos, bem longe dos momentos de glória da década passada. Durante a bolha da internet, parecia que as empresas e o mercado financeiro viviam num mundo paralelo, em que não era importante ter retorno financeiro e nem mesmo faturamento. Os empreendedores buscavam crescer rápido para se tornarem bilionários na abertura de capital de suas empresas. A preocupação era com o ‘burn rate’ (tempo que levaria para zerar o caixa antes de um novo aporte) no lugar do ‘break even’ (momento em que a operação deixa de ser deficitária). A internet parecia um mercado de crescimento infinito, em que tudo se tornaria possível a um clique do mouse. Esse otimismo exagerado gerava distorções bizarras, que só pareciam fazer sentido naquele período. Nos EUA, a Priceline, que vendia passagens aéreas pela rede, chegou a valer, no dia de sua abertura de capital (30 de março de 1999), quase US$ 10 bilhões, o que correspondia a mais do que a United Airlines, a Continental Airlines e a Northwest Airlines combinadas, mesmo registrando perdas três vezes maiores que seu faturamento. O fim da bolha foi marcado por uma escalada de aumento de juros pelo Federal Reserve (Fed), banco central americano, para combater riscos inflacionários. As empresas que dependiam de uma nova rodada de investimentos para continuar funcionando viraram pó. Apesar disso, houve pontos positivos na bolha. Sem a animação desenfreada do mercado, a infraestrutura que poderia levar décadas para ser criada acabou se desenvolvendo em poucos anos. ‘A internet foi uma promessa que se cumpriu não só nas pontocom, mas em toda a economia’, diz Lacerda, um dos casos de maior sucesso da internet brasileira. Ele continua investindo em tecnologia e prepara o lançamento de uma empresa de banda larga. Outro pioneiro que atravessou bem os altos e baixos foi Aleksandar Mandic. Filho de imigrantes iugoslavos, ele criou, em 1990, a primeira Bulletin Board System (BBS) brasileira e a batizou com seu nome, Mandic. As BBSs eram serviços online anteriores à internet, em que as pessoas participavam de listas de discussão e trocavam correio eletrônico. A Mandic virou provedor em 1995 e foi vendida para a argentina Impsat, quatro anos depois. Depois de passar pela criação do iG, acabou fundando uma nova empresa com seu nome, especializada em e-mail. ‘O iG chegou a ser avaliado em US$ 7 bilhões’, lembra Mandic. ‘Era uma ciranda financeira. Hoje, a internet é coisa do passado, deixou de ser alvo de interesses especulativos. Quem fez a crise não foi o técnico, foi o banco.’’ CINEMA Luiz Carlos Merten O Oscar é de Kathryn ‘Kathryn Bigelow fez história na Academia de Hollywood ao receber na madrugada de hoje, horário do Brasil, o Oscar de direção, por Guerra ao Terror. A primeira mulher a receber o prêmio da categoria terminou sendo reconhecida nesta segunda-feira em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. Mas Kathryn não é uma diretora como as outras. Sua direção de cena poderosa a afasta do território dos chamados ‘filmes de mulheres’ e ela brilha num universo que parece essencialmente masculino – o de filme de ação. Já tendo feito história, Kathryn foi além do sonho e, na sequência, Guerra ao Terror ganhou também o Oscar de melhor filme. Havia a expectativa de que a Academia dividisse os prêmios principais entre Kathryn e seu ex-marido, James Cameron, que alcançou a fantástica renda de quase US$ 3 bilhões por Avatar. Mas não houve divisão. A Academia fez sua autocrítica e, em vez do megassucesso, preferiu o filme tão pequeno que Guerra ao Terror só começou a ser descoberto quando começou a enxurrada de prêmios dos críticos e das Guilds, os sindicatos das categorias. Depois de ganhar os prêmios dos Sindicatos de Roteiristas, Produtores e Diretores, seria realmente estranho se Guerra ao Terror não fosse o vencedor da noite. Ele foi, com seis prêmios, recebendo, além das estatuetas de filme e direção, as de roteiro original, montagem, som e mixagem de som. Se Kathryn e sua Guerra ao Terror foram os vitoriosos, James Cameron foi o grande derrotado. O rei do mundo – por Titanic – não subiu uma vez ao palco e teve de se contentar com três prêmios, os de efeitos visuais, fotografia e direção de arte, para o seu épico futurista que marca uma nova etapa do desenvolvimento tecnológico do cinema. A disputa estava equilibrada entre os dois filmes até 1h10, quando o Oscar de montagem começou a desequilibrar a disputa. À 1h20, ocorreu uma das maiores surpresas da noite – a maior, talvez, pelo menos para o cinema sul-americano. Pedro Almodóvar e Quentin Tarantino sobem ao palco para entregar o prêmio para o melhor filme estrangeiro. O Segredo de Seus Olhos, de Juan José Campanella, derrota o favorito A Fita Branca e se transforma na segunda produção da Argentina – após A História Oficial, de Luis Puenzo – a receber o Oscar da categoria. Qual é o segredo que faz com que isso aconteça? Por que as histórias argentinas alcançam essa universalidade que tanto interessa à Academia? É a pergunta que fica com o espectador brasileiro que assiste à transmissão do prêmio. Mas não há tempo para divagações. Logo a premiação recomeça e agora vêm os prêmios decisivos. Não há realmente surpresa no prêmio de melhor ator para Jeff Bridges, mesmo que sua interpretação em Coração Louco não seja a melhor de sua carreira. O prêmio de melhor atriz para Sandra Bullock, por Um Sonho Possível, terminou sendo outra unanimidade, como já haviam sido os de melhor ator coadjuvante para Christoph Waltz, por Bastardos Inglórios, e o de melhor atriz, também coadjuvante, para Mo’Nique, por Preciosa – Uma História de Esperança. A comediante que virou trágica oferece uma criação realmente extraordinária. Mo’Nique, Bridges e Sandra são aplaudidos de pé, uma honraria que a Academia em geral só reserva para vencedores de prêmios de carreira. No final, prevaleceu a lógica, senão exatamente a previsibilidade. Como a festa de entrega dos prêmios da Academia registrou, no ano passado, a terceira pior audiência desde que a cerimônia começou a ser televisionada, a palavra de ordem era – reconquistar o público. Os apresentadores Steve Martin e Alec Baldwin entraram em cena como deuses ex-machina, descendo (do céu?) em meio a mulheres emplumadas. Como os dois formam o triângulo amoroso de Simplesmente Complicado, com Meryl Streep, escolheram a estrela do filme como alvo preferencial de suas piadas. As cédulas de eleição são enviadas para os 6 mil votantes e depois, não importa o resultado, a empresa apuradora põe o nome de… Meryl Streep. Ela é recordista de indicações, lembrou Baldwin, enchendo a bola da estrela. A maior coleção de derrotas da história da academia, fulminou Martin. A festa não foi inovadora nem cativante como a Academia talvez sonhasse. Mas valeu ver Kathryn Bigelow fazer história e obter reconhecimento para seu talento. O Oscar de animação para Up – Altas Aventuras também coroou o melhor da categoria e o desenho da Pixar ainda ganhou o Oscar de trilha, que merecia.’ Internet entra em cena para melhorar audiência da festa ‘Antes mesmo de o primeiro envelope revelar o primeiro ganhador do Oscar na noite de ontem, o presidente da Academia de Artes e Ciências de Hollywood, Tom Sherak, já esfregava as mãos de felicidade. ‘Nunca vi tantas pessoas discutindo sobre o vencedor de melhor filme como neste ano’, disse ele, confirmando como acertada a medida de estipular dez (e não mais cinco) produções como candidatas à estatueta mais importante do ano. ‘Os longas voltaram a ser relevantes.’ De fato, a modificação ampliou o leque de opções e, por extensão, engrossou os debates. Independentemente do vencedor, essa era a situação aguardada por Sherak. Depois de anos sofrendo com a crescente indiferença na audiência de TV, a cerimônia do Oscar foi acompanhada ontem não apenas na tela pequena mas também por novas ferramentas da internet como facebook e twitter que, sob a chancela de patrocinadores que engordaram os cofres da Academia, promoveram concursos e discussões à medida que a cerimônia acontecia. Com dez opções na escolha do filme, não faltou polêmica. Avanços tecnológicos, aliás, prometem esquentar a premiação dos próximos anos, especialmente se depender de James Cameron. Diretor de Avatar, ele se queixou da indiferença ao trabalho de atores do seu filme, que, embora sofram modificações dos efeitos especiais, contribuem para a qualidade do filme. A reclamação veio por conta da ausência de indicação para Sigourney Weaver, Sam Worthington e Zoe Sandaña, o elenco principal de Avatar, que são vistos boa parte do filme modificados pela computação gráfica. ‘A emoção do personagem é transmitida pelo ator e não por nenhuma máquina’, disse o diretor. Los Angeles, na verdade, parecia modificada por efeitos especiais no fim de semana, tamanha a quantidade de astros que já circulavam por hoteis e restaurantes. No sábado, por exemplo, o hotel Mondrian, em Sunset Boulevard, foi palco de três coletivas de imprensa. Na mais disputada, que contou inclusive com a presença de Antonio Banderas na plateia, a espanhola Penélope Cruz contou que ainda não sabe o que lhe passava pela cabeça quando ganhou o Oscar de coadjuvante no ano passado, por Vicky Cristina Barcelona. ‘Só me lembro que estava muito nervosa pois era apontada como favorita, o que era um peso muito grande’, disse ela, que ainda tinha três festas pela frente, a mais importante uma beneficente organizada pelo produtor Harvey Weinstein e a marca Mont’Blanc, que reuniria o elenco de Nine. Penélope Cruz pretendia se encontrar ainda com o diretor Pedro Almodóvar, que estava em Beverly Hills participando de um evento da Sony. E enquanto os candidatos sul-americanos ao Oscar de filme estrangeiro, o argentino Juan José Campanella (O Segredo de Seus Olhos) e a peruana Claudia Llosa (A Teta Assustada), comentavam sobre suas possibilidades, uma bela mulher protegida por óculos escuros ignorava o burburinho – no lobby do hotel, sem ser importunada, a atriz Susan Sarandon observava, desatenta, as colinas de Hollywood, como se nada acontecesse.’ MERCADO EDITORIAL Raquel Cozer Nova editora no mercado de ficção e não ficção ‘Poucos meses após a ruidosa chegada da portuguesa Leya ao mercado editorial brasileiro, outro grupo sinaliza a entrada na competição por obras de ficção e não ficção publicadas no País. Com a diferença de que a ‘nova’ empresa já está há quase um século no Brasil, como livraria e editora. Líder na oferta de títulos jurídicos e uma das maiores em didáticos, com 22 milhões de exemplares vendidos em 2009, a Saraiva quer conquistar a partir deste mês espaço no varejo ? um mercado em expansão, na avaliação da editora. ‘Hoje há livros que vendem um milhão de cópias, é um negócio que passou a atrair uma empresa de grande porte como a nossa. Não entramos antes porque era um mercado pequeno se comparado com o jurídico e o didático’, diz Thales Guaracy, diretor editorial contratado no fim do ano passado para coordenar esse trabalho. O braço editorial do grupo lançará, até o final do ano, ao menos 65 títulos nesses segmentos. O grosso do investimento começa no segundo semestre, com a criação de um selo de reportagem e serviços e outro de ficção e não ficção. Nas próximas semanas, a editora começa a pôr no mercado títulos pelos selos Arx e Caramelo, que herdou da Siciliano ao comprar o grupo, em março de 2008, e que desde então estavam quase desativados, com lançamentos pouco expressivos. Embora a proposta seja apostar em literatura de ‘alta qualidade’, nas palavras de Guaracy, a entrada se dará com obras que frequentam listas de best-seller nos EUA e ‘livros de filmes’, publicados na esteira de estreias cinematográficas e com cenas de longas nas capas, método bastante adotado também pela editora Record. Isso acontecerá em especial no selo infantil Caramelo. Um acordo de franchising com as americanas Disney e Dreamworks abrirá caminho para as obras oficiais, com bastidores da produção e história ilustrada, da animação Como Treinar o Seu Dragão, ainda neste mês, e de Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton, entre outros. Pelo selo Arx, começam a sair títulos autobiográficos como A Mulher Que Não Consegue Esquecer ? Relatos da Síndrome de Hipermemória, da americana Jill Price, e Eu Sou Ozzy, de Ozzy Osbourne, hoje em terceiro entre os mais vendidos do New York Times. A Saraiva adquiriu o Arx num mau momento do braço editorial da Siciliano. O selo havia perdido, nos anos anteriores, grandes autores, como Mario Vargas Llosa, Rachel de Queiroz e Adélia Prado, e best-sellers, como Lya Luft. Desde a compra, a Saraiva também vinha investindo pouco nele. Vampiros em Dallas, o segundo livro da série de Charlaine Harris que inspirou a televisiva True Blood, por exemplo, saiu em agosto de 2009 com uma capa que não remetia ao programa da TV a cabo, o que o fez passar quase despercebido. Vendeu 8.000 cópias, número relevante para um lançamento em território nacional, mas que deixa a desejar para uma autora que, só em 2009, teve 4,5 milhões de exemplares comercializados nos Estados Unidos. ‘Charlaine é hoje a quinta maior vendedora de livros dos EUA. Queremos fazer jus a isso por aqui’, diz o diretor editorial. A reedição sairá neste mês, seguida de outros volumes da série, todos com atores de True Blood na capa. A alta literatura fica para o segundo semestre. A Saraiva já fechou, para o novo selo de ficção e não ficção, títulos de autores nacionais ‘de peso’ e clássicos de escritores internacionais renomados cuja obra quase não foi traduzida no Brasil, mas que a editora prefere ainda não divulgar. Por enquanto, anuncia nomes menos conhecidos por aqui, como o espanhol Juan Eslava Galan (com A Mula, que sai também simultaneamente ao filme homônimo), o guatemalteco Rodrigo Rey Rosa (O Material Humano) e a exilada cubana Wendy Guerra (Nunca Fui Primeira Dama). Devem ser ainda reeditados livros do magro catálogo da Arx ? que hoje inclui cerca de 150 títulos ?, como a Ilíada, de Homero, na tradução de Haroldo de Campos, e obras de T.S. Eliot. A entrada no segmento literário será, é claro, tímida na comparação com o carro-chefe da empresa, que lança em média 800 títulos jurídicos, didáticos e de negócios por ano. Em relação aos e-books, a editora será cautelosa. Embora a livraria do grupo esteja prestes a lançar um ambicioso sites de download de livros, nos moldes da página da Barnes & Noble, Guaracy diz que os lançamentos digitais devem sair com alguns meses de atraso em relação às obras em papel.’ ************ Folha de S. Paulo Segunda-feira, 8 de março de 2010 PLAYBOY Fernando de Barros e Silva (Sub)Nudez castigada ‘Parece até que essa gente nunca viu mulher pelada. A rigor, pelo que se noticiou, nem nua Sonia Francine está. A subprefeita da Lapa é na verdade uma ‘subpelada’. A imagem é discreta, quase casta. Mas bastou para deflagrar uma onda pudibunda de indignação, insultos, baixarias. Estamos diante de um tribunal digno de uma farsa de Nelson Rodrigues. Moralismo e o oportunismo político mais baixo se misturam na reação à foto para a ‘Playboy’. Uma revista semanal filiada ao lulo-governismo estampou as imagens de Soninha e de Cicciolina lado a lado, comparando-as. Sob o título ‘Eis outro plebiscito’, a publicação diz que seu ‘voto’ vai para a atriz pornô italiana. E conclui: ‘Se é para engrossar, engrossemos’. Foram tão fieis a si mesmos que engrossaram até o vernáculo. Lemos ali que Soninha está em plena ‘ascenção política’ -com C cedilha. Isso, sim, é ironia fina. Por incrível que pareça, há coisas piores. Na internet, o blog de um jornalista a serviço de Dilma Rousseff, em torno do qual gravita o lúmpen do petismo, acolhe e estimula comentários francamente fascistas sobre a nudez, no intuito de atingir José Serra. Reuniu-se na rede uma horda de mercenários e linchadores -analfabetos morais que agem como filhotes de Mirian Cordeiro. Mas há também uma reação à nudez genuinamente conservadora. Ela aparece em comentários do tipo: ‘Enquanto ela fica pelada, a praça continua imunda’. Ora, é claro que a cidade não estaria em melhor estado se Soninha fosse uma freira. A subprefeita paga caro por ceder a uma vaidade frívola, embora inofensiva, quando os descalabros da administração Kassab vêm à tona e São Paulo afunda em águas sujas. Sim, Soninha não poderia ter escolhido hora mais imprópria para atirar a roupa no Tietê. Mas, diante de tanta hipocrisia e cafajestada, poderia dizer, como o anjo pornográfico: ‘Não tenho culpa se o espectador resolve projetar em mim a sua própria obscenidade’.’ PUBLICIDADE Ruy Castro Guerreiros e zuzus ‘RIO DE JANEIRO – O que é mais ‘imoral’ na TV? A socialite Paris Hilton se esfregando numa garrafa de cerveja ou o treinador da seleção brasileira, Dunga, batendo no peito e se dizendo ‘brahmeiro’? A meu ver, Dunga. Mas Paris Hilton é que foi censurada. Você dirá que, no comercial, Dunga não fala brahmeiro, e sim guerreiro. Mas, passados os tambores representando a batida no peito, ouve-se o locutor dizendo brahmeiro. A associação é clara: Dunga é guerreiro porque é brahmeiro. É mais claro do que imaginar que Paris Hilton esteja cometendo sexo. Aliás, ela não parece mais devassa do que tantas modelos brasileiras em outros comerciais, inclusive de iogurte. Não sei se o comercial de Paris Hilton, antes de ser evaporado, era exibido durante o dia. Mas o de Dunga passa a toda hora entre desenhos animados e jogos de futebol, ao alcance de criancinhas mamíferas, garantindo os bebuns de amanhã. De novo as companhias de cerveja impõem a ideia de que cerveja não é bebida alcoólica, embora o próprio Ministério da Saúde acuse que nossos garotos começam a bebê-la cada vez mais cedo e já existam casos frequentes de alcoolismo aos 12 anos. O Brasil, um dos países mais permissivos do mundo, não se deixaria abalar pela lascívia de uma perua estrangeira, tendo abundante oferta de matéria-prima nacional. Mas a ligeireza com que se tratam questões de saúde pública vive nos apresentando a conta. A escalada do crack, por exemplo, foi prevista há 15 anos e passou em branco por vários ministros da Saúde, alguns dos quais concentrados em sua ideia fixa de perseguir tabagistas. Quero ver se Dunga continuará tão satisfeito de ser ‘brahmeiro’ se, na Copa, algum jogador se exceder num dia de folga e voltar zuzu para a concentração, batendo no peito e se dizendo ‘guerreiro’.’ TODA MÍDIA Nelson de Sá Em campanha ‘Na revista ‘Veja’ desta semana, ‘A mais de uma pessoa, Lula disse que foi sondado para se candidatar a secretário-geral da ONU em 2011’. No ano passado, seu nome foi levantado na revista ‘Foreign Policy’ para presidente do Banco Mundial, um cargo indicado pelos EUA. E a revista ‘Exame’ deu que representantes de Barack Obama teriam ‘consultado informalmente pessoas próximas a Lula para saber qual seria a reação a um convite’. No ‘Globo’ de sábado, ‘o chanceler Celso Amorim vai ficar no posto até o fim do mandato de Lula’. Ele ‘desistiu de disputar vaga’ na Câmara. ‘DECOLAGEM’ Com patrocínio de empresas privadas, da Eletrobras e da Prefeitura do Rio, o britânico ‘Guardian’ publicou caderno de dez páginas sobre o Brasil, ‘Pronto para a decolagem’ (ao lado). Na capa, entre imagens de Carnaval e outras do Rio, Dilma Rousseff. A reportagem de introdução destaca elogios ao país, do ex-ministro Luiz Furlan e do presidente da TAM, Líbano Barroso, e também críticas, do empresário João Dória. Entre os muitos textos, dois são dedicados ao Rio, outro cobra mais infraestrutura e um perfil destaca Lula como ‘herói da classe trabalhadora’. BRICS E O RESTO Em meio à sessão anual do Congresso Nacional do Povo, em Pequim, o chanceler da China declarou em entrevista coletiva, como destacaram ontem sites estatais, da CCTV ao jornal ‘Global Times’: ‘Diante dos crescentes desafios globais, os países Bric ampliaram a cooperação entre si e com outros países de uma maneira ativa, pragmática, aberta e transparente. Eu acredito que isso é de interesse para o mundo… Nós esperamos que a segunda cúpula, a ser realizada no Brasil, em abril, tenha um êxito total’. A CHINA PODE O ‘Washington Post’ publicou que ‘o governo Obama está pressionando para obter uma isenção para a China e outros membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, nas leis em preparação no Congresso americano que ampliariam as sanções contra empresas que fazem negócios com o Irã’. A proposta ‘irritou diversos aliados, como o Japão’. Na última década, ‘empresas japonesas, sob pressão dos EUA, saíram do setor de petróleo e gás do Irã. Enquanto a China entrou’. O ‘Investor’s Business Daily’ já deu editorial dizendo ser ‘uma das piores ideias do governo Obama’. O BRASIL NÃO PODE No texto ‘EUA enriquecem empresas que desafiam sua política no Irã’, o ‘New York Times’ questiona o Brasil e a Petrobras, entre outros que estariam ‘fora de linha com os objetivos americanos’. Citando lista do Departamento de Estado, o jornal destaca que a empresa brasileira já recebeu recursos americanos para o pré-sal, mas o país negou apoio às sanções. No quadro de grandes empresas com interesses no Irã, por outro lado, o ‘NYT’ retrata a atividade da Petrobras como ‘suspensa’ pela empresa, após pressão dos EUA -enquanto outras petroleiras, como a americana Conoco Philips e a francesa Total, ainda são dadas como ‘ativas’ no país, porém sem questionamento. ‘SHOWDOWN’ Sob o título ‘Brasil e EUA próximos de confronto final [showdown] no subsídio ao algodão’, o ‘Financial Times’ informa que hoje o governo brasileiro define 50 produtos que podem ser alvo de retaliação comercial permitida pela OMC. A secretária de Estado, Hillary Clinton, chegou a tratar da questão durante sua visita, porém o diplomata brasileiro Carlos Cozendey, que negocia com os EUA, diz que ‘até aqui tivemos indícios de que querem negociar, mas nenhuma proposta’. UM E OUTRO Em coluna publicada por ‘Globo’ e outros, ‘A hora é agora’, FHC afirma que é preciso ‘conter a deterioração do balanço de pagamentos’, mas ‘sem fechar a economia ou inventar mágicas para aumentar artificialmente a competitividade de nossos produtos’. Já no ‘Valor’, economistas do ‘grupo de José Serra’, opostos à ‘ala mais monetarista’ do PSDB, defenderam ‘instrumentos para moderar’ o câmbio.’ CINEMA Cristina Fibe Oscar premia ‘Guerra ao Terror’ ‘‘Guerra ao Terror’ foi o grande vencedor da noite de premiação do Oscar, ontem à noite em Los Angeles. O longa dirigido por Kathryn Bigelow ganhou seis estatuetas, contra três vencidos por ‘Avatar’, seu concorrente direto. ‘Guerra’ venceu em direção, filme, edição de som, mixagem de som, roteiro original e montagem. ‘Avatar’ levou três -direção de arte, efeitos visuais e fotografia. Os outros filmes da disputa que levaram maior número de estatuetas (2) foram ‘Up – Altas Aventuras’ -filme de animação e trilha sonora- e ‘Preciosa -atriz coadjuvante e roteiro adaptado e ‘Coração Louco’ -canção e ator. De resto a festa não apresentou surpresas, confirmando os favoritos já premiados por outras instituições. Um dos vencedores que já chegou pronto para levar o troféu foi Jeff Bridges, que, por ‘Coração Louco’, também havia levado os principais prêmios de Hollywood como melhor ator. Ele derrotou Morgan Freeman (‘Invictus’), o queridinho George Clooney (‘Amor sem Escalas’), Colin Firth (‘Direito de Amar’) e Jeremy Renner (‘Guerra ao Terror’). Sandra Bullock, também premiada pelo sindicato, chorou ao levar o seu primeiro Oscar por ‘Um Sonho Possível’, contra a recordista de indicações, Meryl Streep (‘Julie & Julia’), Helen Mirren (‘The Last Station’), Gabourey Sidibe (‘Preciosa’) e Carey Mulligan (‘Educação’). Aposta confirmada A atriz Mo’Nique, consagrada como coadjuvante por ‘Preciosa – Uma História de Esperança’, que venceu ainda melhor roteiro adaptado, deu sequência à série de apostas confirmadas. Mo’Nique, a cruel mãe de Precious, já acumula Globo de Ouro, Spirit Awards e o reconhecimento do sindicato dos atores. Ela mostrou que, sim, havia preparado um discurso. Primeiro, agradeceu à Academia ‘por mostrar que o mais importante pode ser a performance, e não a política’. Depois de se lembrar dos nomes que precisava agradecer, saudou o marido por tê-la ensinado ‘que algumas vezes você tem que deixar de fazer o que é popular e fazer o que é certo’. Na categoria de ator coadjuvante, o troféu ficou com Christoph Waltz, por ‘Bastardos Inglórios’. É a primeira indicação de Waltz, cuja performance no filme de Quentin Tarantino também já havia sido reconhecida pelo sindicato dos atores, pelo Globo de Ouro e até pelo festival de Cannes. ‘Oscar e Penélope, über (super, em alemão) bingo!’, brincou o ator, ao receber a estatueta das mãos de Penélope Cruz. Ela atendeu a meta de fazer um Oscar sucinto e rápido. ‘Sei que quanto mais eu ficar aqui e falar, mais eles vão sofrer… Então vamos fazer isso logo!’ A cerimônia foi ainda mais rígida, neste ano, quanto ao tempo dos discursos, e até avisou antes: quem quisesse, poderia fazer outro discurso nos bastidores, que ficará disponível para ser enviado a amigos e colegas. E, como parte da busca pela audiência, investiu pesado nos comediantes -além dos apresentadores, Alec Baldwin e Steve Martin, convidou para participações figuras como Ben Stiller -que até se vestiu de Na’vi- e Tina Fey. Afora a briga filme independente x orçamento astronômico, o Oscar guardou apenas uma surpresa -a estatueta de ‘O Segredo dos Seus Olhos’, do argentino Juan Jose Campanella, que levou a categoria de filme estrangeiro contra ‘O Profeta’, de Jacques Audiard, e ‘A Fita Branca’, de Haneke.’ Tony Goes Oscar, a mãe de todos os reality shows ‘O Oscar é a mãe de todos os reality shows, e a cerimônia de entrega é apenas o último paredão. Muito aplauso, muita camaradagem, mas o que se trava ali é quase uma luta de vida ou morte. Por isto, foi acertada a escolha de Alec Baldwin e Steve Martin como mestres-de-cerimônia. Os dois atores não só têm ótimo timing de comédia como já contracenaram com quase todos os presentes. ‘Guerra ao Terror’ tem um roteiro excelente, mas as gerações futuras não irão entender porque algo tão revolucionário como ‘Bastardos Inglórios’ não rendeu mais um Oscar a Quentin Tarantino. E começam as homenagens póstumas, o breque de mão que consegue quebrar o ritmo da cerimônia todos os anos. Foi até bonito o tributo ao diretor John Hughes, com vários dos atores que ele lançou, mas porque a Academia nunca se lembrou dele enquanto vivo? O esforço de aceleramento da cerimônia chegou até a tradicional homenagem aos mortos. Foi elegante e rápida, só com grandes nomes incluídos. E mais uma vez o Oscar de filme estrangeiro foi para o mais divertido, não para o mais conceituado. ‘O Segredo de Seus Olhos’ não é tão sério e consequente como ‘A Fita Branca’ ou ‘Um Profeta’, mas é entretenimento puro. Duas dúvidas ficaram no ar: por que o Brasil não consegue fazer filmes tão bons como os argentinos? E por que a equipe do ‘Segredo’ parecia estar de luto quando subiu ao palco? A cerimônia foi muito mais ágil que a de anos anteriores. Mas não foi tão engraçada como prometia nem, apesar da presença maciça de estrelas de todos os calibres, especialmente glamurosa. Os números musicais fizeram falta: o excesso, a cafonice, até mesmo os tropeços em cena contribuem para fixar na nossa memória a mais grandiosa premiação do cinema. O Oscar de 2010 teve vários bons momentos, mas nenhum deles vai entrar para a história.’ TELEVISÃO Andréa Michael Série ‘Labirinto’ une crime na TV e ligação do além no celular ‘Fez sucesso a produção da Ioiô Filmes (‘Tapa na Pantera’) no encontro mundial dos criativos da Endemol. ‘Labirinto’ é uma série multiplataformas e foi apresentada na semana passada em Palermo, na Itália, no Creative Exchange. Na TV, corre a história de uma balada em que quatro jovens tentam desvendar a morte de uma garota em uma boate. Na internet, o roteiro é sobre um jornalista que investiga o acontecido na casa noturna, pois suspeita de que a mídia quer abafar o caso. O personagem, ainda sem nome, também aparecerá na história da TV. Os internautas poderão acessar os arquivos do repórter e compartilhar suas descobertas. Depois, de algum lugar, a morta passará a se comunicar com os jovens. Tentará convencê-los de que o mundo em que vivem é uma ilusão, apenas um microcosmo de um universo muito maior. É como o filme ‘Matrix’ (1999). Para completar as plataformas, quem se cadastrar na internet para acompanhar a série em 13 capítulos receberá mensagens no celular e ligações dos jovens e da morta com pistas sobre a trama. A diretora de produção da Endemol no Brasil, Paula Cavalcanti, apresentou o produto em Palermo. Argentina e Rússia foram as mais interessadas na aquisição de ‘Labirinto’. Também está avançada a negociação do formato com um cliente no Brasil. BATATA QUENTE Relator do projeto que exclui do Programa de Direitos Humanos do governo o ranking dos meios de comunicação ‘comprometidos com os princípios de direitos humanos’, o senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC), da base aliada, convidará para debates Paulo Brossard e Ives Gandra. ARARA Os vestidos de Patrícia Poeta, do ‘Fantástico’, voltaram a ser os itens de figurino mais procurados no atendimento ao telespectador da Globo, em fevereiro. Os objetos adaptados para Luciana (Alinne Moraes) de ‘Viver a Vida’ destacam-se entre as peças de cenografia. PRÍNCIPE Neste Dia Internacional da Mulher, Ronnie Von estará no ‘Mulheres’, na TV Gazeta. CALÇADA DA FAMA Luciana Gimenez, apresentadora do ‘Superpop’ (Rede TV!), viajou para Los Angeles e Nova York no final de semana. Foi negociar sua participação em uma comédia romântica de Hollywood. PRÊMIO A série brasileira ‘Castigo Final’, exibida pelo Canal Oi, foi indicada ao International Digital Emmy Awards, que será em 12 de abril, em Cannes. Produzida pela beActive Entertainment, é a história de um presídio feminino e disputa como ‘programa digital – ficção’. TELONA Os canais Telecine estarão abertos na TVA até o dia 14. Destaque do período é ‘Quem Quer Ser um Milionário?’. com CLARICE CARDOSO’ Depois de detectar câncer, Hebe Camargo lota estúdio com amigos ‘Hebe Camargo tem motivos de sobra para comemorar. Além de seu aniversário de declarados 81 anos e do Dia Internacional da Mulher, hoje é o primeiro dia de gravação após a internação da apresentadora em decorrência de um câncer no peritônio (membrana que envolve a cavidade abdominal). Ela fez quimioterapia em janeiro, no hospital Albert Einstein, em São Paulo, e estava afastada desde então. A gravação está marcada para as 14h, no estúdio do SBT, com um auditório repleto de convidados. A edição vai ao ar já hoje à noite, às 23h15. No palco, estarão Ivete Sangalo, Maria Rita, Leonardo e Ney Matogrosso, que também vão cantar algumas músicas. Roberto Carlos vai participar, mas não estará no palco. A apresentadora gravou o bate-papo com ele antes, já que ele é contratado da Globo. A emissora concorrente liberou a veiculação de um vídeo com o músico de, no máximo, 15 minutos. Outra global é a apresentadora Xuxa Meneghel, que vai estar no sofá novo da Hebe. A plateia, de aproximadamente 200 lugares, reunirá convidados como Astrid Fontenelle, Amilcare Dallevo, Lucilia Diniz, Marília Gabriela, além do elenco do canal. Nos bastidores, fala-se que é possível até que Silvio Santos apareça. Em virtude da extensa lista de personalidades que querem homenagear o retorno de Hebe, o SBT já confirmou que haverá participações especiais durante todo o mês.’ ************