Mais de 71 milhões de pessoas assistiram nos EUA à cobertura televisiva da noite em que Barack Obama foi eleito, de acordo com dados do Nielsen Media Research divulgados na quarta-feira (5/11). O instituto de pesquisa mediu a audiência em 14 emissoras abertas, canais fechados de notícias e estações em língua espanhola por três horas na noite de terça-feira (4/11), desde os primeiros resultados da apuração dos votos até o anúncio da vitória de Obama.
O público aumentou em 21% com relação à eleição presidencial de 2004, quando o republicano George W. Bush foi reeleito, derrotando o democrata John Kerry. Naquele ano, pouco mais de 59 milhões de pessoas acompanharam a cobertura em 10 emissoras. Informações da Reuters [5/11/08].
Holograma da CNN rouba a cena
Entre os artifícios usados pelas emissoras americanas para prender a atenção do público, o mais comentado, com certeza, foi o holograma da CNN. O canal de notícias a cabo deu um toque de Guerra nas Estrelas à cobertura da noite da eleição, com a repórter Jessica Yellin e o cantor will.i.am ‘transportados’ diretamente de Chicago para o estúdio do canal, em Nova York.
Jessica, a primeira a se ‘materializar’ na frente do âncora Wolf Blitzer, explicou o truque. Ela estava em uma tenda montada no Grant Park, em Chicago, onde ocorria a festa democrata, rodeada por 25 câmeras de alta definição que duplicavam sua imagem em movimento – do mesmo modo como é feito em simuladores de vôo. Para os telespectadores, tirando a aura de Princesa Léia, parecia que ela estava no estúdio, olhando para Blitzer.
‘Foi um truque bonitinho. Mas contribuiu substancialmente com a cobertura? Ninguém parecia saber’, escreveu o colunista Tom Shales, do Washington Post. Frazier Moore, crítico de TV da Associated Press, classificou o holograma de ‘técnica legal’, e disse que a novidade pode se tornar popular como uma atualização mais dinâmica da tela dividida ao meio com pessoas em estúdios diferentes. Para Deborah Potter, ex-repórter da CBS News e hoje diretora-executiva do think tank Newslab, foi estranho a CNN mandar uma jornalista para um lugar lotado de pessoas e fazê-la parece sozinha.
Enfeite
‘Eu não queria que [o holograma] fosse o ponto central da nossa cobertura’, afirma David Bohrman, vice-presidente sênior e chefe da sucursal de Washington da CNN. ‘Era um enfeite na nossa árvore. E certamente funcionou. Vamos ver até onde vai, se é que vai a algum lugar’. A emissora trabalhou com uma consultoria da Califórnia e com duas companhia estrangeiras para implementar a tecnologia.
Segundo Bohrman, a CNN fez questão que o holograma não parecesse real demais, que tivesse o aspecto de holograma, para que ficasse claro ao público que ele não estava sendo enganado. Em quatro horas de cobertura, o artifício só apareceu durante quatro minutos. ‘Eu não acho que usamos demais’, diz. ‘Demos um gostinho de algo que os [telespectadores] podem vir a ver mais no futuro’. Informações de David Bauder [AP, 6/11/08].