O veredicto no julgamento de Bradley Manning, na última terça-feira (30/7), não recebeu da mídia a cobertura contínua concedida a outros casos recentes. Enquanto julgamentos como o de George Zimmerman, vigia que matou o adolescente negro Trayvon Martin, ou mesmo o de Jodi Arias, que matou o namorado a facadas, foram abordados em horas de análise, exame e atenção, a notícia de que o homem responsável pelo maior vazamento de documentos confidenciais na história dos EUA fora condenado por acusações que o manterão preso por mais de 100 anos foi considerada digna de uma chamada, ou no máximo duas, durante a hora que se seguiu ao veredicto.
A Fox News foi a primeira a dar a notícia do veredicto, assim como foi a primeira a largar o assunto. A MSNBC largou a cobertura que fazia do almoço da ex-secretária de Estado Hillary Clinton com o vice-presidente Joe Biden, deu a notícia do veredicto, entrevistou um analista e passou a outro tema. A CNN deu a maior cobertura, embora no momento em que o veredicto foi divulgado estivesse falando de um caso de fraude fiscal envolvendo Teresa Giudice, que ficou famosa por participar do reality show The Real Housewife of New Jersey. Após dar início à cobertura do veredicto e em seguida fazer uma pausa, a CNN voltou depois à matéria quando seu correspondente do Pentágono Chris Lawrence já saíra da sala do tribunal onde ocorrera o julgamento. Depois de um pingue-pongue com Lawrence, o âncora Wolf Blitzer passou a uma matéria sobre preços de moradias. O site BuzzFeed avaliou que as três redes de TV passaram uma média de apenas quatro minutos com a matéria.
Definitivamente, a mensagem era clara: a matéria sobre Manning era importante, mas não suficientemente importante para alterar por completo a programação da rede para o dia. A falta de uma cobertura sustentável não foi necessariamente surpreendente: as principais redes de TV, de uma maneira geral, têm evitado o julgamento de Manning quase por completo e mesmo jornais como o New York Times têm sido criticados pelo nível de atenção que vêm dando à matéria.
Caso os telespectadores quisessem acompanhar uma cobertura completa, poderiam entrar na internet, onde o site Democracy Now dedicou à matéria um programa especial.
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