Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Última campanha de Lula antes da eleição é regionalizada


Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


************


Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 26 de abril de 2010 


 


TELEVISÃO


Andréa Michael


Última campanha de Lula antes da eleição é regionalizada


‘As emissoras de TV exibem nesta semana a última campanha publicitária do governo antes das eleições. Será regionalizada e em tom de prestação de contas sobre as realizações do governo Lula.


Essa é a terceira parte de uma ação publicitária iniciada em fevereiro sob o tema ‘Estamos vivendo um novo Brasil. Feito por você. Respeitado pelo mundo’. O conjunto do trabalho custou R$ 60 milhões aos cofres públicos.


Entre outras, serão destacadas nas inserções imagens e números relacionados ao programa Bolsa Família, ao Minha Casa Minha Vida, à entrega de escolas técnicas aos Estados e de ambulâncias à rede do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).


A campanha ficará no ar até o final de junho, em período próximo ao limite legal em que é permitido ao governo fazer propaganda, que é o dia 3 de julho. Qualquer publicidade institucional só poderá ser retomada após as eleições.


Em caso de utilidade pública, o Tribunal Superior Eleitoral deverá ser consultado.


Sexta-feira, o secretário-executivo da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Ottoni Fernandes Júnior, informou que em 2009 o governo federal gastou R$ 1,79 bilhão com publicidade, 3% a mais que no ano anterior.


A estimativa para 2010 é um gasto total de R$ 900 milhões, segundo Fernandes Júnior.


BRIOCHE


O chef franco-brasileiro Olivier Anquier está no interior da França gravando os primeiros episódios da nova temporada do ‘Diário de Olivier’, que estará no ar na versão 2010 no dia 24 de junho, no GNT. Na sequência, retomará a jornada gastronômica pelo Brasil, a bordo do seu fusca, no formato já conhecido e aprovado.


APITO


Phelipe Siani e Marcelo Torres serão os repórteres do SBT na Copa da África do Sul. A equipe da emissora escalada para o mundial terá ao todo oito profissionais.


CHAMADA


O elenco de ‘Justiça para Todos’, série da Globo escrita por Antonio Calmon que estreia no segundo semestre, inclui Luana Piovani.


EXPORTAÇÃO


O cineasta Luciano Vidigal estará no ônibus do ‘Estúdio Móvel’, atração da TV Brasil que estreia em 3/5. Falará sobre seu último trabalho, ‘5 vezes Favela Agora por Nós Mesmos’, coordenado por Cacá Diegues. A obra, que conta cinco histórias filmadas por diretores da comunidade, terá exibição especial em Cannes.


SOLTEIRONA


‘Status: Solteira’, da produtora Dínamo, ganhou a disputa para entrar na grade da televisão por assinatura Oi TVA. Multiplataforma, terá conteúdo também para celular e internet. Em 24 episódios de 12 minutos cada um, a série conta a história de uma mulher de 30 anos que, cansada de relacionamentos reais, decide encontrar seu grande amor pela web.’


 


 


Marco Aurélio Canônico


Novo programa da TV Brasil trata do ambiente de forma amadora


‘A proposta do programa ‘Sustentáculos’, que estreia hoje, às 20h30, na TV Brasil, é tratar de sustentabilidade usando ‘linguagem leve e visual dinâmico’ e tendo como condutores ‘três jovens que não são nem um pouco experts no assunto’ -as aspas vêm do texto de divulgação.


Por mais que a intenção seja nobre -’sustentabilidade’, afinal, é a busca por formas de viver neste planeta sem torná-lo inviável-, o resultado é visivelmente amador.


O problema não é nem que os jovens apresentador e repórteres não sejam experts no assunto, já que esse deve ser o perfil do espectador também.


O drama é que nenhum dos envolvidos no programa parece ser nem levemente rodado em televisão. O clima é de produção universitária, se comparado ao que as grandes redes privadas abertas fazem.


Isso gera um certo humor involuntário: o apresentador, por exemplo, parece ter perdido seu centro de gravidade, e fica inclinado para a esquerda. A repórter não entende o que um entrevistado fala, e pergunta: ‘Desculpa, o que é ‘endêmico’ mesmo?’. A captação de imagens é tosca, a edição idem, a inserção de caracteres, que se quer moderna, é só confusa.


Esse clima de amadorismo acaba desviando o foco dos exemplos de sustentabilidade apresentados, alguns interessantes, como o dos plantadores de café que usam a floresta para proteger suas plantações. ‘Sustentáculos’ foi o vencedor do concurso de seleção de projetos para séries com temática ligada ao meio ambiente. Faz pensar no nível dos derrotados e, por tabela, no da produção independente de TV.


SUSTENTÁCULOS


Quando: a partir de hoje, às 20h30, na TV Brasil


Classificação: não informada


Avaliação: regular’


 


 


TELECOMUNICAÇÕES


Ronaldo Sardenberg, Antonio Domingos Bedran, João Batista de Rezende e Jarbas José Valente


Transparência na Anatel


‘SOB O TÍTULO ‘Segredos da Anatel’, a Folha publicou editorial, em 18 de abril, que questiona o comportamento da maioria dos conselheiros da Agência Nacional de Telecomunicações por resistirem à adoção de medidas de transparência apresentadas pela conselheira Emília Ribeiro.


A esse propósito, rejeitamos qualquer insinuação de que a maioria dos membros do conselho diretor se guiem por interesses outros que não sejam os de interesse público.


É equivocado e injusto expor os demais membros do conselho diretor como resistentes à medida de ampliação da transparência, a qual, antes que percorresse todos os procedimentos internos, foi tornada pública sem conhecimento do colegiado.


Acrescente-se que mecanismos de ampliação de transparência já estavam sendo tratados conjuntamente por todos os conselheiros.


É fundamental que a sociedade tenha segurança de que trabalhamos com afinco para o desenvolvimento das telecomunicações e que saudamos a diversificação dos mecanismos de cunho democrático na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), além dos que já são utilizados, como as audiências, consultas e sessões públicas.


Nos limites legais, a transparência administrativa tem pautado o modo de atuação da agência, como demonstraram os procedimentos de aprovação do Plano Geral de Atualização da Regulamentação das Telecomunicações no Brasil, do Plano Geral de Metas de Universalização e da revisão do Plano Geral de Outorgas, decididos em sessões públicas.


Tais instrumentos, por meio dos quais a Anatel estabeleceu a sua visão estratégica para o setor de telecomunicações, foram objeto de amplo debate com a sociedade, por meio de audiências públicas e reuniões com órgãos de defesa do consumidor e da concorrência, entre outros.


Entre os conselheiros, é dominante a opinião de que se deve prosseguir o esforço coletivo com vistas a ampliar a transparência da agência, levando-se em consideração os evidentes progressos já alcançados. Em anos recentes, esse esforço foi incrementado, inclusive com a reconvocação do conselho consultivo e do comitê de defesa dos usuários de serviços de telecomunicações.


Há algum tempo, os conselheiros coordenam trabalhos com o objetivo único de propor mudanças mais amplas ao regimento interno, tendo como diretrizes os preceitos da Lei Geral de Telecomunicações e do regulamento da agência, este estabelecido por decreto presidencial.


Conforme previsto, qualquer proposta de alteração do regimento interno, a exemplo de todos os regulamentos, será submetida a consulta pública, momento em que a sociedade poderá democraticamente apresentar contribuições para o seu aperfeiçoamento.


Entretanto, uma proposta isolada foi antecipada ao andamento normal de outra, que estava e está em elaboração pelo conjunto do conselho. Criou-se, assim, a impressão errônea de que existiria apenas uma iniciativa, de autoria exclusiva de um dos membros do conselho.


O ocorrido, porém, de forma alguma invalida o esforço coletivo de maior transparência, que prosseguirá até a submissão da matéria à deliberação do colegiado. Não é nosso objetivo pesquisar as motivações da proposta apresentada, mas é nosso dever preservar o rito regulamentar e reconduzir o debate ao seu curso normal e legal, para que questões como a da ampliação da transparência sejam devidamente tratadas.


A Anatel pauta sua ação pelos estritos limites das prescrições legais e regimentais vigentes, não condizendo com a verdade a afirmação de que as regras relativas às reuniões e sessões estejam sendo descumpridas.


Ressalte-se que todas as decisões do conselho diretor são tornadas públicas no ‘Diário Oficial da União’, no portal eletrônico e também na biblioteca da Anatel. É fato que podem existir discordâncias quanto às propostas de transparência, que virão a ser decididas pelo conselho ao final do processo decisório. Desejamos utilizar ordeira e corretamente os mecanismos de participação da sociedade, como a consulta pública, e preservar os traços indeléveis do órgão regulador.


Reafirmamos nosso objetivo para alcançar a missão indeclinável da Anatel na promoção dos direitos do usuário e de um marco regulatório moderno, eficiente e estável, que propicie a oferta de serviços com qualidade, concorrência e níveis adequados de investimento no setor.


RONALDO SARDENBERG, 69, bacharel em direito e diplomata, é presidente da Anatel. ANTÔNIO DOMINGOS BEDRAN, 64, advogado, JOÃO BATISTA DE REZENDE, 46, economista, e JARBAS VALENTE, 54, engenheiro, são conselheiros da Anatel.’


 


 


CAMPANHA


Valdo Cruz


Lula chama Dilma e pede mudança de discurso na TV


‘O presidente Lula decidiu intervir e pedir ajustes na campanha de Dilma Rousseff. Chamada para uma conversa na sexta-feira, Lula reclamou que a pré-candidata do PT está sendo muito ‘técnica’, precisa ser ‘direta e simples’ nas entrevistas para a TV e falar frases mais sintéticas, evitando deixar raciocínios sem conclusão.


Dois dias antes, Dilma havia participado do ‘Brasil Urgente’, na TV Bandeirantes. Lula não viu o programa, mas foi informado que Dilma estava muito nervosa e, em vários momentos, deu respostas longas, sem concluir seu raciocínio. Em sua avaliação, nada grave nessa fase, mas um tipo de erro que não pode se repetir durante a campanha, principalmente nos debates eleitorais.


A conversa entre Lula e Dilma ocorreu no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, na sexta pela manhã. O presidente segue confiante de que vai eleger Dilma sua sucessora, mas confidenciou a aliados que ela precisa melhorar seu desempenho nas entrevistas a TV e rádio.


Lula orientou sua ex-ministra a, nesse período da campanha, dedicar mais tempo a treinamentos para entrevistas como a concedida na semana passada ao jornalista José Luiz Datena, da TV Bandeirantes.


O presidente defende que, se for preciso, Dilma reduza suas agendas regionais e dê preferência aos treinamentos com sua equipe de campanha. Na avaliação de Lula, nesse momento, as entrevistas têm muito mais eficácia do que as viagens a Estados, principalmente naqueles em que ainda não há definições sobre os candidatos aliados a governador.


Apesar dos reparos feitos por Lula na fala de Dilma no programa da Band, o presidente foi informado de que pesquisa feita pela equipe de campanha com grupos de mulheres apontou que o desempenho da petista foi considerado mais positivo do que negativo.


Nessas pesquisas, a avaliação das mulheres foi que Dilma passou uma imagem de ‘humildade’, ‘simpatia’, ‘capaz de se emocionar’, em contraste com sua fama de ‘autoritária’ e ‘durona’ citada diversas vezes pelo jornalista da Band.


Experiência


Acertar o tom de suas entrevistas e discursos é considerado, por seus assessores, essencial também para que Dilma demonstre algo que ela tem: segurança. E, com isso, demonstrar que tem experiência administrativa e está preparada para ocupar o lugar de Lula.


Aliados da ex-ministra dizem que, nessa fase de pré-campanha, é preciso fazer não só ajuste no tom, mas também no conteúdo. Na avaliação de governistas, nesse período quem está se saindo melhor é o pré-candidato tucano, José Serra.


Nas palavras de um aliado da ministra, que não quis ser identificado, ‘a experiência de Serra em campanhas está fazendo a diferença, ele está deixando a impressão de que é mais experiente, falando serenamente, fazendo uma campanha mais governista do que a Dilma’.


Do outro lado, a petista tem se desgastado mais, entrando em mais polêmicas, batendo demais na tecla da comparação entre os governos FHC e Lula e deixando em segundo plano a apresentação de propostas que possam entusiasmar o eleitor.


Diante dessa avaliação, a equipe de campanha está preparando agendas e material para que Dilma desenvolva temas relacionados a mulheres, crianças e juventude, com propostas que seriam implementadas em um eventual governo seu.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Força, vigor


‘Ontem no topo das buscas de Brasil pelo Yahoo News, o presidente do Banco Central adiantou que a ‘alta na taxa de juros é o próximo passo’. Por aqui, na manchete da Reuters Brasil, ‘BC agirá forte’ ou ‘vai adotar medidas fortes’, diz Henrique Meirelles. Um dia antes, já prometia ser ‘absolutamente rigoroso’, tomando ‘ação vigorosa’ etc.


Ao fundo, o americano Pimco, que gerencia US$ 1 trilhão e é o maior fundo de investimentos do mundo, voltou a anunciar via Bloomberg que agora prioriza os títulos de dívida dos emergentes. Mais precisamente, do Brasil, por suas ‘políticas ortodoxas’ e por uma ‘compensação muito atraente’. Melhor dizendo, pela ‘expectativa de retorno atraente’.


BRASIL E O YUAN


Primeiro o ‘New York Times’ saudou em editorial a crítica do ministro Guido Mantega à desvalorizada moeda chinesa. Depois ‘Wall Street Journal’ e ‘Financial Times’ elogiaram Henrique Meirelles por cobrar valorização. Os três buscam alinhar Brasil e outros Brics aos EUA na pressão contra o câmbio chinês.


Mas no final da semana o mesmo Guido Mantega falou ao site do ‘WSJ’ que ‘o maior problema’, na verdade, é a moeda americana. ‘Um dólar fraco leva o câmbio chinês a afetar outros países.’ A solução que ele e seu colega chinês estudam é ‘um mecanismo diferenciado’ que livre o comércio bilateral das flutuações do dólar.


NA FEIRA


O Huffington Post escolheu ontem os melhores pavilhões da Expo Mundial de Xangai, que abre no sábado, 1º de maio, e incluiu o brasileiro


CHINA E OS OUTROS BRICS


O ‘China Daily’ deu no sábado a análise ‘Emergentes tomam o palco com recuperação da indústria automobilística’. E dias antes um pesquisador do Instituto de Relações Internacionais da China avaliou no jornal que a ‘cooperação dos Brics segue importante’, pois ‘a ordem internacional ainda não foi redesenhada’.


Já um editorial da revista ‘Caing’ afirma que o grupo é ‘oportunidade de ouro da China’, mas o país ‘não deve ignorar nem exagerar cegamente seu potencial’. Detalha ‘diferenças’ entre os quatro e avisa que ‘a China deve evitar ser arrastada pela instituição’. O texto foi reproduzido por outras publicações estatais.


O PRÓXIMO IMPÉRIO


O colunista de política externa do ‘FT’, Gideon Rachman, resenhou o livro ‘O Consenso de Pequim: Como o modelo autoritário da China vai dominar o século 21’. O foco da obra é ‘o crescente poder da China’ em diversos pequenos países. Mas Rachman questiona os exemplos e vê como mais preocupante ‘para os EUA’ o crescente alinhamento a Pequim de ‘grandes democracias como Brasil, Índia, Indonésia e África do Sul’.


Já a nova ‘Atlantic’ traz o relato ‘O próximo império’, mostrando como a China e os Brics substituíram os investimentos de EUA e Europa na África.


A PRESSÃO CONTINUA


Na última terça, artigo no ‘FT’ e editorial no ‘NYT’ questionaram o Brasil por resistir às sanções. O primeiro atacou a atitude ‘carinhosa’ de Lula com o Irã, que ‘até agora custou pouco’, mas ameaçaria sua ‘cadeira na mesa principal’. No ‘NYT’, ‘Obama precisa deixar claro que o Brasil, que busca cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, tem de fazer mais’.


Por outro lado, fechando a semana, o site do ‘WSJ’ noticiou que, segundo diplomatas, ‘Irã concorda com maior supervisão’ da ONU. E a Agência Brasil destacou que ‘o Irã ratificou o apoio aos esforços do Brasil e da Turquia em favor de um acordo negociado’.


MONTE ESSENCIAL


A ‘Economist’ da semana lista as críticas de ambientalistas, mas defende Belo Monte. ‘Com a economia pronta para crescer 7% e com dezenas de milhões de brasileiros consumindo mais após sair da pobreza, é essencial investir em maior geração de energia -de preferência renovável.’ Avisa que a alternativa é usina nuclear ou carvão.


‘OUTRO SILVA’


A ‘Economist’ também faz um breve perfil de Marina Silva, desde o Acre, destacando os conflitos como ministra em várias frentes, ‘algumas mais bem fundamentadas do que outras’. Em suma, ‘de vez em quando surge um político que parece ter princípios demais para ser jogado na briga de cão eleitoral de uma democracia gigante’.’


 


 


PUBLICIDADE


Mariana Barbosa


Agência McCann Erickson anuncia hoje união com a W/


‘As agências de publicidade W/, de Washington Olivetto, e a multinacional McCann Erickson anunciam hoje a união de suas operações, após mais de seis meses de negociações. A nova agência se chamará WMcCann e será a oitava maior do país, com uma receita de R$ 1,327 bilhão, considerando a soma das duas no ranking 2009 do Ibope Monitor.


O anúncio será feito pela manhã, por meio de um comunicado. Os sócios consideram que não se trata de fusão e preferem chamar a operação de ‘união’.


A preservação da marca W foi uma exigência de Olivetto, um dos publicitários mais premiados do país. Ele permanecerá como presidente do conselho da WMcCann. A equipe da W/, que funcionava na rua Novo Horizonte, em Higienópolis (SP), está se mudando para a sede da McCann.


Paulo Gregoraci, atual presidente-executivo e sócio da W/, com 20% de participação, será o vice-presidente de operações de mídia da nova agência. Da parte da McCann, as negociações foram conduzidas por Luca Lindner, diretor regional da McCann World Group para América Latina e Caribe.


Empresa do grupo Interpublic, a McCann Erickson está no Brasil há mais de 70 anos e liderou por muito tempo o ranking das maiores agências do país. Mas a multinacional perdeu terreno na última década para a Young & Rubicam, que lidera desde 2002.


Nos últimos dois anos, sob o comando de Fernando Mazzarolo, ex-vice presidente de marketing da Coca-Cola, a McCann Erickson vem reagindo. Em 2009, ficou em 11º, com receita bruta de R$ 1 bilhão. A agência vem conquistando contas importantes, como a da Intelig, comprada pela TIM.


Uma das agências mais famosas do Brasil, eternizada na canção ‘W Brasil’, de Jorge Ben Jor, a W/ também já foi maior. No ano passado, ocupou a 43ª posição no ranking do Ibope, com R$ 237 milhões em receita. Entre os principais clientes estão a Rede Globo, a Braskem e a Grendene.


No Brasil, o grupo Interpublic é dono também das agências BorghiErh/Lowe e Giovanni DraftFCB, respectivamente a quinta e a décima maiores agências do país.


O ranking do Ibope Monitor leva em conta o gasto dos anunciantes na compra de mídia, sem considerar os descontos habituais concedidos pelos veículos de comunicação.’


 


 


INTERNET


Ronaldo Lemos


O lado negro do ativismo na internet


‘As eleições no Irã mostraram que a internet é uma força importante para fazer oposição política. O Twitter ajudou na organização de protestos contra o presidente Ahmadinejad e, sobretudo, mostrou ao mundo que algo importante acontecia por lá.


No Brasil, a campanha conhecida como ‘Fora, Sarney’ foi nosso pequeno ensaio de política na rede, clamando a derrubada do presidente do Senado.


Por conta disso, muita gente afirma que a internet ajuda na consolidação da democracia em todo o mundo. Mas será que é tudo automático assim? Há pouco tempo vazou a notícia de que o governo da China estava pagando R$ 0,12 por cada comentário postado por ‘ativistas’ anônimos favoráveis ao regime. Isso manipula sutilmente a informação na rede, de forma descentralizada.


E não é só. Países como a Bielorrússia monitoram redes sociais para descobrir se protestos estão sendo organizados. Daí mandam a polícia para os lugares antes mesmo de os manifestantes aparecerem, debelando o ‘flashmob’. Comum também se tornou vasculhar as fotos de protestos postadas no Flickr, em busca de identificar e prender quem aparece nelas.


E o Irã não fica atrás. Além de bisbilhotar o perfil do Facebook de visitantes que chegam por lá, anunciou que vai suspender o Gmail no país, que será substituído por um serviço de e-mail estatal, monitorado.


Em síntese, governos autoritários aprenderam rápido a usar a internet a seu favor. Se os custos de fazer a ‘revolução’ baixaram com a rede, os custos da ‘contrarrevolução’ também. Isso é bom para lembrar que a internet ajuda, sim, na luta política. Mas não basta. Ficar atrás do computador tuitando nem sempre garante resultados. Os métodos mais tradicionais (que, infelizmente, ainda envolvem greves de fome, gente presa e espancada) ainda são necessários.


Afinal, só para constar, Ahmadinejad continua presidente do Irã e Sarney continua presidente do Senado.’


 


 


 


 


************


O Estado de S. Paulo


(Estadão.com.br)


Segunda-feira, 26 de abril de 2010 


 


EM PAUTA


Sílvio Guedes Crespo


Imprensa estrangeira destaca Brasil como ator internacional


‘A exposição do Brasil na grande imprensa estrangeira aumentou 65% no primeiro trimestre deste ano, com a maior parte das reportagens chamando atenção para o fato de o País estar despontando como um jogador importante na comunidade internacional, segundo pesquisa da agência de comunicação Imagem Corporativa.


O número de reportagens sobre o Brasil em grandes jornais, revistas e agências de notícias do exterior aumentou de 671 no primeiro trimestre do ano passado para 1.111 em período equivalente de 2010, das quais 82% são positivas.


O jornal estrangeiro que mais citou o Brasil no primeiro trimestre foi o britânico Financial Times, com 257 reportagens (veja gráfico – clique). Por sinal, o correspondente do diário no País, Jonathan Wheatley, adiantou ao Radar Econômico que publicará no dia 6 de maio mais um caderno especial sobre o Brasil – o terceiro em cerca de seis meses – desta vez sobre infraestrutura.


Depois do Financial Times, os que mais citaram o Brasil foram o argentino Clarín (com 127 menções), o norte-americano The Wall Street Journal (116) e o chileno El Mercurio (103).


A maior parte do conteúdo sobre o Brasil nesses jornais se refere à economia, dividida pela pesquisa em temas como: o País como ‘player interncaional’ (28,7% das menções), empresas ou executivos brasileiros (20,3%), o País como local de investimento (16,6%); comércio exterior (9,4%) e negócios (5,5%) – como mostra o gráfico abaixo.


A pesquisa abrange veículos de comunicação de 11 países: Asahi Shimbun (Japão), China Daily (China), Clarín (Argentina), El Mercurio (Chile), El País (Espanha), Financial Times (Reino Unido), The New York Times (EUA), Le Monde (França), RIA Novosti (Rússia), The Economic Times of India (Índia), The Economist (Reino Unido), The Times of India (Índia), The Globe and Mail (Canadá), Wall Street Journal (EUA) e Washington Post (EUA).’


 


 


TELEVISÃO


Cristina Padiglione


Markun conta que foi surpreendido por mudança na TV Cultura


‘Presidente da Fundação Padre Anchieta até junho, quando vence seu mandato, Paulo Markun reuniu-se com os funcionários e colaboradores da TV Cultura para falar sobre sua saída do cargo. Deixa claro que foi surpreendido pela candidatura de João Sayad ao posto, conta que recusou oferta para presidir o Conselho da FPA, cadeira que terá de ser desocupada por Jorge da Cunha Lima na eleição a seguir, e enumera os feitos acumulados em sua gestão.


Abaixo, a íntegra da carta que norteou a conversa de Markun com o pessoal da casa.


Fato novo, transição tranquila


No início de 2010, o incentivo explícito de funcionários, de parte do Conselho Curador e do governador José Serra fizeram com que eu resolvesse encarar um novo mandato, desde que contasse com o indispensável consenso para o bom funcionamento da instituição. Preparei um plano de ação para os próximos três anos, mas durante semanas em que a mídia publicou as mais diversas especulações sobre as eleições, mantive-me calado, pois creio que cabe ao Conselho Curador deliberar sobre o assunto. O nosso estatuto determina que qualquer candidato precisa ter, antes de mais nada, o respaldo de pelo menos oito conselheiros eletivos. Em minha eleição fui indicado por 18 integrantes e obtive mais 20 votos, entre os quais o do representante dos funcionários.


Na última terça-feira, 19 de abril, deparei-me com um fato novo: a candidatura do secretário João Sayad ao cargo. Como fora ele quem me convidara para o posto, em nome do governador, respondi a meu interlocutor que nada tinha a opinar sobre a decisão inesperada. Recusei a oferta de tornar-me presidente do Conselho Curador e informei que retornaria com alegria ao universo profissional a que sempre pertenci.


Antes de seguir adiante, gostaria de agradecer – e muito – a todos os funcionários e colaboradores pela compreensão e pelo esforço, sem os quais não teríamos realizado qualquer avanço. Sou grato ainda a todo o Conselho Curador, de quem recebi o necessário respaldo nos momentos mais importantes. Estendo gratidão e cumprimentos ao governador José Serra, que me ofereceu algumas condições básicas – todas cumpridas – sem as quais não teria sequer aceitado a tarefa.


Tenho várias razões para estar orgulhoso do que foi feito. O balanço de 2009, auditado pela empresa Boucinhas, Campos & Conti – e aprovado unanimemente pelo Conselho Curador – é a demonstração mais objetiva do nosso trabalho. Acima disso, tenho a alegria de ter consolidado a ideia de que a Fundação é maior que o conjunto de nossas respeitadas emissoras e que sua missão deve utilizar as mídias mais avançadas, como foram o rádio e a TV há quatro décadas. Algumas outras razões para festejar:


1 – Os 41 milhões de paulistas que nos sustentam têm agora uma instituição com controles mais rigorosos de seu orçamento e com todas as contas em dia;


2 – Depois de 18 meses de negociação, firmamos um contrato de parceria que norteia as relações entre a instituição e o governo do Estado. Em 2009, primeiro ano de vigência desse acordo inédito, cumprimos a nossa parte, pagando as dívidas, aumentando a receita própria e incrementando a produção independente na programação;


3 – A Fundação Padre Anchieta opera agora três emissoras digitais abertas. Depois de um embate duro, em que assumimos uma posição ousada, nos tornamos a única emissora pública de sinal aberto a utilizar a multiprogramação, peça chave do modelo brasileiro de digitalização. Nosso segundo canal, a Univesp TV, dá suporte ao mais ambicioso projeto de ampliação da educação superior pública de qualidade – uma parceria do governo de São Paulo com as três grandes universidades estaduais paulistas;


4 – O decreto da ditadura que limitava nossa ação às tele aulas e restringia nosso financiamento aos recursos orçamentários foi superado. Iniciativa nossa, com respaldo do advogado geral da União e do presidente da República, que nos permite veicular dentro da lei qualquer tipo de programação com sentido educacional: programas infantis, jornalismo, música, filmes, entretenimento. A mesma decisão nos dá direito a ter publicidade institucional;


5 – Com o surgimento da TV Brasil, a TV Cultura assumiu nova posição no plano nacional, equidistante da concorrência e da submissão, oferecendo seus conteúdos sob várias formas, todas com contrapartidas financeiras;


6 – A rádio Cultura Brasil, que morria lentamente, ressurge na forma do mais importante portal de música brasileira, no ar em 28 de abril. O RadarCultura, seu programa interativo, acaba de ser contemplado com o Prêmio Especial do Júri da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) como o melhor programa de rádio de 2009;


7 – A rádio Cultura FM, que não veicula comerciais e dedica-se totalmente à música clássica, como era seu projeto original, registrou um aumento de audiência de 20%, de segunda a sexta, na faixa das 7h às 19h, entre janeiro de 2008 e janeiro de 2010. Houve ainda significativo avanço na faixa das 21h às 23h, com a veiculação de obras de grande duração pelo programa Sala de Concerto, que encerrou 2009 com 10 mil ouvintes por minuto, excelente marca para o horário;


8 – A TV Rá Tim Bum está em quase todas as operadoras e ultrapassa a casa dos 2,5 milhões de assinantes. Seu conteúdo está sendo distribuído pela principal operadora de Portugal e contrato semelhante está em negociação para atender às colônias brasileiras no Japão e em Israel. O único canal infantil a cabo com produção nacional exibiu 11 novas atrações no ano passado. Em 2010, serão 12;


9 – Nas quase 12 horas diárias dedicadas às crianças, não há, também, qualquer tipo de publicidade. Em 2009, nosso maior sucesso, Cocoricó, teve 39 episódios e 24 clipes musicais gravados em HD. A nova temporada, em que Júlio e seus amigos vão para a cidade, estreou no cinema primeiro, com bom resultado;


10 – Passamos a utilizar regularmente o cenário virtual e suas possibilidades criativas. O primeiro projeto, Lygia por Lygia, inaugurou a série Autor por Autor, na qual estão sendo produzidos mais 12 programas em parceria com a SescTV. Planeta Terra, Vitrine e Clássicos (agora em horário nobre) também estão sendo gravados com esse recurso;


11 – O Jornal da Cultura, reformulado com base em pesquisas quantitativas e qualitativas, retoma o viés do jornalismo público;


12 – Toda a identidade visual da emissora foi renovada. Viola minha Viola, Roda Viva, Metrópolis, Provocações e Cartão Verde, entre outros programas, têm novos cenários;


13 – A TV Cultura tornou-se a principal parceira da produção independente, que em 2009 alcançou 30% de toda nossa produção. As séries A´Uwe, Ecoprático e Tudo o que é sólido pode derreter estão entre os destaques desse projeto. Somos a emissora aberta de TV que mais incentivou a animação brasileira;


14 – A educação foi alçada à condição de objetivo estratégico da FPA. Produzimos centenas de vídeos, milhares de pen drives e mais de três milhões de exemplares de livros: 104 títulos feitos sob encomenda de parceiros e clientes, como organismos de governo nos planos municipal, estadual e federal, além de organizações internacionais, como Unesco e Unicef. Os contratos já assinados nessa área para 2010 ultrapassam a casa dos R$ 60 milhões;


15 – A área de prestação de serviços reavaliou todos os contratos a partir de um denominador comum: só realizamos projetos rentáveis e compatíveis com a grande missão da FPA, que é a de contribuir para o exercício da cidadania. A campanha publicitária do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2009, Vota Brasil, foi desenvolvida graciosamente pela agência W/Brasil e esteve entre os finalistas da etapa nacional do prêmio Profissionais do Ano de 2009;


16 – Nosso portal recebe mais de um milhão de internautas por mês; o Conexão Cultura oferece conteúdos relevantes para milhões de usuários de lan houses e telecentros. Há outras iniciativas inovadoras como o Portal Roda Viva, o programa Login (sucessor de Pé na Rua e Programa Novo) e o RadarCultura. A atuação em multiplataforma inclui ainda exposições virtuais, como Olheiro da Arte, com mais de três mil obras inscritas virtualmente antes da exposição física e a Galeria dos presidentes da República. Essa operação transversal se expressa ainda na revista Mbaraka, dedicada à música clássica e a dança, cuja segunda edição (também superavitária) está sendo impressa;


17 – O parque tecnológico foi completamente renovado. Novas câmeras, ilhas de edição e controles mestres garantem mais qualidade e economia. Concluímos assim um processo de modernização que demandou muitos milhões de reais de investimento público e de recursos próprios;


18 – Nossas instalações estão sendo melhoradas gradualmente, como bem sabem todos que trabalham no chamado ‘prédio das Tecas.’ O Teatro Franco Zampari foi totalmente recuperado e pode ser utilizado para programas e eventos, com transmissão ao vivo pela TV ou pela web;


19 – Mordomias incompatíveis com nosso tipo de instituição e com o trabalho em equipe (carro de diretores, portão de acesso exclusivo, restaurante executivo, passagens em classe executiva) foram suprimidas;


20 – Parcerias com emissoras do Brasil e do exterior permitiram aumentar a produção e o alcance de nossos programas. Da Arirang TV da Coréia à Deusteche Welle da Alemanha, passando pela TV Encuentro da Argentina. Com a TV Brasil, desenvolvemos o Almanaque Brasil, levando para a telinha o conteúdo da revista criada por Elifas Andreatto. Com a Imprensa Oficial está sendo desenvolvida a série Aplauso, baseada na coleção de biografias de personalidades do teatro e da TV. Um acordo longamente costurado com a RTP2 resultou em Brasil e Portugal, Lá e Cá, série que manterá meu vínculo com a TV Cultura, na condição de apresentador, pelas próximas 12 semanas.


Em conversa cordial neste domingo, 25 de abril, ouvi do candidato a presidente João Sayad, que não existe, da parte dele, a intenção de transformações radicais na equipe ou grandes mudanças no que está sendo desenvolvido na Fundação Padre Anchieta.


A alegria do dever cumprido em 39 anos de profissão me remeteram a esta reflexão do escritor Alejo Carpentier, que busco relembrar volta e meia:


‘…o homem nunca sabe para quem padece e espera. Padece e espera e trabalha para gentes que nunca conhecerá e que por sua vez padecerão e esperarão e trabalharão para outras que tampouco serão felizes, pois o homem anseia sempre uma felicidade situada além da porção que lhe é outorgada. Mas a grandeza do homem está precisamente em querer melhorar o que é. É impor-se tarefas. No Reino dos Céus não há grandeza a conquistar, pois ali tudo é hierarquia estabelecida, incógnita derramada, existir sem fim, impossibilidade de sacrifício, repouso e deleite. Por isso, atormentado por penas e tarefas, formoso dentro de sua miséria, capaz de amar em meio às pragas, o homem só pode alcançar sua grandeza, sua máxima medida, no reino deste mundo.’


Creio que no reino deste mundo, cabe agora a vocês, que há 43 anos trabalham para erguer (e melhorar) a Fundação Padre Anchieta, uma bela tarefa, digna da grandeza dos homens.


Paulo Markun


26 de abril de 2010′


 


 


 


 


************