Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Um ano de protestos, um ano de repressão

Há um ano, em 12/6, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad era reeleito com 63% dos votos. Há um ano o Irã viu uma das maiores manifestações populares de sua história – comparada à 1979, ano da Revolução Islâmica. Rapidamente, as ruas das principais cidades do país foram se enchendo com cidadãos insatisfeitos com o resultado do pleito e certos da existência de fraude na contagem dos votos.

Juntas, em passeatas, milhares de pessoas gritavam frases como ‘Onde está o meu voto?’ e chamavam o presidente de mentiroso. As autoridades foram rápidas na ação para silenciar os manifestantes. Além da violência usada pelos policiais nas ruas, o governo fez questão de controlar as informações, impedindo a disseminação de fotos e vídeos dos protestos. Correspondentes estrangeiros perderam seus vistos, jornalistas foram proibidos de cobrir as manifestações. Jornais foram fechados e repórteres, presos. Os líderes da oposição não tinham, de um dia para o outro, veículos de comunicação para se expressar. A divulgação dos eventos iranianos acabou nas mãos dos internautas, munidos de telefones celulares com câmeras. E assim foi feita a cobertura.

Números

A onda de repressão durou por meses. Vinte e três jornais foram fechados e milhares de sites foram bloqueados. Mais de 100 jornalistas foram obrigados a sair do país. Pelo menos 170 jornalistas e blogueiros – entre eles 32 mulheres – foram detidos em 2009. Destes, 22 já foram condenados a penas de prisão e outros 85 ainda aguardam julgamento. Hoje, 37 continuam presos, o que torna o Irã uma das quatro maiores prisões do mundo para profissionais de mídia, junto com Eritréia, Cuba e Coréia do Norte. As informações são da organização Repórteres Sem Fronteiras [8/6/10].