Os executivos da News Corporation não admitem, mas fontes da Economist [20/1/05] garantem que Rupert Murdoch não está nada contente com a dura concorrência que o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, está lhe impondo naquele país. Quando a Mediaset, companhia de TV do líder italiano, anunciou a compra dos direitos do campeonato local de futebol para transmissão por TV digital terrestre, o magnata americano se enfureceu, porque nem sabia que eles estavam à venda.
Graças à ação coordenada do governo, controlado por Berlusconi, e de sua companhia de televisão, os italianos poderão assistir a partidas de futebol por apenas três euros, comprando um cartão pré-pago. Através do sistema por satélite Sky Italia, de Murdoch, o telespectador tem de pagar 15 euros por jogo ou 47 euros de assinatura mensal. O governo italiano subsidia a venda de decodificadores de sinal digital terrestre sob o pretexto de modernizar o sistema televisivo. No entanto, o maior beneficiado é a Mediaset, cujos cartões pré-pagos já estão até em falta no mercado, em detrimento da Sky Italia.
A turma de Murdoch tenta agora aprender a lição para ver se recupera espaço no mercado. Especialistas de mercado dizem que os atuais três milhões de assinantes da Sky Italia são o máximo a que a companhia pode aspirar. No entanto, a empresa acredita que há mais espaço para crescer. O presidente da empresa de TV por satélite, Tom Mockridge, até resolveu aprender italiano para se inteirar melhor da situação. O fato é que, diferentemente de outros países, na Itália, Murdoch não é um gigante que detém as rédeas do mercado. Naquele país, ele tem o desafio de vencer Berlusconi, que tem o mercado e a lei a seu lado. Para todos os efeitos, os dois empresários seguem sendo amigos. O italiano até comprou de Murdoch o iate em que este celebrara seu terceiro casamento. Mas, como ensina a sabedoria popular, nestes casos, amigos são amigos, mas os negócios estão à parte.