Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Vídeo emblemático acusado de fraude

Em 2000, imagens da morte do menino Mohammed al-Dura nos braços do pai, em meio a um confronto entre o exército de Israel e atiradores palestinos, chocou o mundo. A matéria, exibida pela emissora francesa France 2 e reproduzida imediatamente em diversos países, mostrava o menino e seu pai tomados por medo, enquanto eram, segundo narração do correspondente Charles Enderlin, ‘alvos de tiros de soldados israelenses’. O assassinato televisionado de uma criança palestina em Gaza provocou um grande impacto na opinião pública internacional quanto ao uso da força pelos israelenses. Esta versão da história foi recontada pela imprensa mundial, embora houvesse dúvidas quanto à autoria dos disparos. Em junho passado, uma mulher foi encontrada em Gaza com explosivos para matar jovens, com o objetivo de retaliar a morte de al-Dura, que foi transformado em mártir.


Neste mês, a escritora francesa Nidra Poller publicou um artigo na revista americana Commentary onde afirma que o vídeo de 55 segundos é uma fraude – ou ‘um crime de mídia quase perfeito’, como acusa o jornalista aposentado do Le Monde Luc Rosenzweig, que duvidou da veracidade da filmagem desde sua primeira exibição. Segundo o artigo de Nidra, as cenas são ambíguas e, por causa da poeira, só é possível entender o que se passa devido à narração do correspondente. Enderlin nunca afirmou que esteve perto da cena do tiroteio e a história foi contada a ele por seu cinegrafista palestino. A emissora francesa também teria admitido que não há mais material bruto que confirme a versão do cinegrafista. A narração em off relata que o menino está morto, mas o restante da filmagem – que não foi ao ar e foi visto por Nidra – mostra o garoto apoiando-se pelo cotovelo e cobrindo seus olhos com as mãos. Um menino com o nome de Mohammed Dura morreu em um hospital em Gaza naquele dia, mas seu rosto não se assemelha ao do menino no vídeo.


Diante destas revelações, representantes da France 2 afirmaram que irão ‘rever o caso’. O relatório da escritora afirma que as imagens teriam sido encenadas por palestinos. Uma análise aprofundada feita por alunos da Academia Militar Israelense teria descoberto ainda que os mesmos ‘atores’ interpretaram vários papéis: ‘o ferido e o morto se levantam, limpam-se e encenam um combate ofensivo.’ Informações de David Gelernter, do Los Angeles Times [9/9/05].