A agência de notícias Associated Press foi enganada duas vezes em um curto espaço de tempo na semana passada. No sábado, 7/8, reportou que o americano Benjamin Vanderfold havia sido decapitado do Iraque. A notícia era baseada em um vídeo divulgado na internet e foi distribuída para a imprensa.
Horas depois, descobriu-se que o vídeo era falso – havia sido produzido por Vanderfold e dois amigos há alguns meses – e a AP fez uma retratação pública, dizendo que um repórter da agência havia encontrado a suposta vítima em seu apartamento em São Francisco, na Califórnia. O estrago, porém, já estava feito.
‘As coisas acontecem muito rápido, mas nós deveríamos ter colocado na primeira versão do texto que aquela informação ainda não havia sido completamente checada’, diz o editor da agência, Tom Kent.
Lição aprendida, na segunda-feira seguinte a AP noticiou outro caso de decapitação, mas desta vez tomou precauções. No texto sobre o vídeo do assassinato de um homem búlgaro havia um aviso claro no segundo parágrafo: ‘Não se sabe quando foi feita a filmagem, e sua autenticidade não pôde ser imediatamente verificada’. As informações são de Joe Strupp [Editor & Publisher, 9/8/04].
Fim de ano no vermelho
Em entrevista para o New York Post [13/8/04], o CEO da AP, Tom Curley, admitiu que a agência deve fechar o ano no vermelho, mas disse que em 2005 ela deverá apresentar lucro. O crescimento da concorrência tem impedido que a AP aumente seu preços, enquanto ela tem tido de se desdobrar para dar conta das grandes coberturas deste ano – do Iraque, das Olimpíadas e da eleição presidencial americana.
Curley disse que desde que assumiu seu cargo, em junho, ‘um par de centenas’ dos 4.300 funcionários que a companhia tinha foram demitidos. Os jornalistas que trabalham para a agência têm sido pressionados a dar mais furos e a fazer matérias mais aprofundadas, mas não têm tido compensação salarial por isso. Ao contrário, têm sido forçados a apertarem os cintos – a AP não paga mais as assinaturas dos jornais que seus funcionários querem ler, por exemplo.
Em 2003, a agência teve prejuízo de US$ 11,1 milhões, contra lucro de US$ 4,1 milhões no ano anterior.