Um vídeo de 37 segundos que mostra a violenta morte de uma jovem iraniana durante os protestos após as eleições presidenciais do ano passado no Irã recebeu o prêmio George Polk de Jornalismo, concedido pela Universidade de Long Island – uma das mais prestigiosas premiações do jornalismo americano. A mulher que aparece nas breves e fortes imagens, atingida por um tiro, chamava-se Neda Agha-Soltan e tornou-se símbolo de como a repressão do governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad afeta os movimentos de oposição no país.
A pessoa que filmou a morte de Neda com um telefone celular permanece anônima, assim como o médico que enviou o clipe por e-mail com a mensagem ‘por favor, deixem que o mundo saiba’. O primeiro homem a divulgar o vídeo na rede é um iraniano de 36 anos que vive na Holanda. Depois de saber do prêmio ao ler um artigo na internet, ele afirmou ter ficado orgulhoso das imagens terem conseguido chamar a atenção do mundo para ‘o Irã e os iranianos, seus protestos e meios de expressão’.
Anônimo
Os juizes do George Polk, concedido pela Universidade de Long Island a profissionais de imprensa que enfrentam riscos na apuração jornalística, afirmaram que seu objetivo era reconhecer o papel de cidadãos comuns na disseminação de imagens e notícias, especialmente em momentos turbulentos em que jornalistas profissionais enfrentam restrições, como ocorre no Irã. Esta foi a primeira vez que um trabalho anônimo ganhou o prêmio.
O clipe foi premiado em uma nova categoria, videografia. Os juizes disseram reconhecer ‘os esforços das pessoas responsáveis’ pela gravação das imagens da morte de Neda, em junho do ano passado. Diversas pessoas ajudaram na chegada do vídeo à internet – o médico o enviou por e-mail para cinco pessoas fora do país na esperança de que fosse divulgado. O iraniano que primeiro o postou na rede faz questão de se manter anônimo para proteger família e amigos no Irã. Uma britânica que também não quer ter o nome revelado compartilhou as imagens com seus contatos da rede social Facebook, que por sua vez as repassaram para novos contatos. Um outro vídeo da morte de Neda, mais curto, foi gravado por uma segunda pessoa e postado no YouTube por um canadense. Em poucas horas, cópias dos dois clipes já haviam sido vistas por milhões de internautas. Informações de Brian Stelter [The New York Times, 22/2/10].
Veja aqui vídeo da Current TV com imagens da morte de Neda. [Alerta: as imagens são fortes]