A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), entidade sem fins lucrativos em defesa da liberdade de expressão nas Américas, alertou no domingo (9/10) sobre a ‘preocupante situação’ dos assassinatos de jornalistas no México, durante uma assembléia geral em Indianápolis, nos EUA.
Nos últimos 18 meses, oito jornalistas mexicanos foram assassinados e um está desaparecido desde abril. ‘Trata-se do período mais grave do qual temos registro. E o pior inimigo é o silêncio’, lamentou Juan Francisco Ealy Ortiz, vice-presidente da SIP no México. Dos nove casos registrados, cinco têm características de crime organizado, em particular com o narcotráfico. No continente americano, o México é o país com mais jornalistas mortos no último ano, recorde antes detido pela Colômbia.
Em editorial na segunda-feira (10/10), o diário mexicano El Universal afirmou que a insegurança em que trabalham os jornalistas do país se agravou nos últimos seis meses e destacou que em nenhum dos casos os criminosos foram punidos. Segundo o jornal, a principal fonte que os investigadores devem observar para esclarecer os crimes são as informações contidas nos artigos escritos pelos jornalistas mortos.
O porta-voz da presidência da República, Rubén Aguilar, admitiu ‘total preocupação’ pela onda de agressões contra os jornalistas e afirmou que o governo está atuando para interromper a violência que ameaça a liberdade de expressão, com iniciativas como a criação de um número de telefone especial para denunciar os casos de violência contra jornalistas e de uma comissão especial que investigará os crimes. ‘Estamos muito preocupados e compartilhamos a preocupação dos jornalistas e das instituições. Estamos abertos para colaborar com eles para que possamos encontrar uma maneira de garantir o livre exercício do jornalismo sem arriscar a vida dos profissionais’, declarou Aguilar.
Em agosto, a SIP iniciou uma campanha internacional destinada a acabar com a impunidade de crimes cometidos contra jornalistas mexicanos e entregou um documento assinado por 40 editores de jornais locais, intitulado Declaração de Hermosillo, ao presidente Vicente Fox, para que os crimes que atentam contra a liberdade de expressão passem à jurisdição federal, não prescrevam e que sejam aumentadas as penas para seus autores. Em setembro, Fox anunciou ao Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), em um encontro em Nova York, que iria pedir ao procurador da república que escolhesse um promotor para investigar os crimes contra a liberdade de expressão.