Organizações de imprensa espanholas denunciaram, na semana passada, episódios de violência policial contra jornalistas que cobriam manifestações contra a visita do papa Bento 16 a Madri e protestos do movimento anti-corrupção 15M.
Pelo menos seis casos de abuso físico ou ameaças verbais a jornalistas foram relatados entre os dias 17 e 18 de agosto. Uma jornalista postou um vídeo na internet em que um policial arranca sua credencial de imprensa do pescoço, exigindo mais dados pessoais, e em seguida a empurra para o chão e a algema.
A Associação de Imprensa de Madri divulgou declaração pedindo uma investigação sobre os excessos policiais e a violência contra cidadãos e jornalistas fazendo seu trabalho. A relação entre repórteres e policiais já era tensa desde o início de agosto, quando o jornalista Gorka Ramos, do site de notícias La Información, foi agredido e preso enquanto cobria protestos do M15 em frente ao Ministério do Interior. Ramos passou uma noite na cadeia e foi acusado de desobediência a autoridades – mas imagens mostram que ele foi cercado e chutado por pelo menos sete policiais.
Casos isolados
“A prisão de Gorka e as imagens que vimos nos preocuparam muito”, afirmou Fernando González Urbaneja, presidente da Associação de Imprensa de Madri. “Mas nós não temos, na Espanha, qualquer conflito grave nas relações entre a polícia e a mídia. Quando há um incidente, buscamos e recebemos informações, como foi neste caso. Não há obstáculos à liberdade de apuração. O que vimos agora são episódios intoleráveis de policiais específicos excedendo sua autoridade”, minimizou.
A Federação Espanhola de Associações de Imprensa corroborou a declaração da organização de Madri. “Não podemos tolerar este tipo de comportamento”, afirmou Elsa Gonzáles, presidente da Federação. “Quando você veste um uniforme, deve respeitar a dignidade de todos os cidadãos. Portanto, expressamos nossa preocupação ao governo. Mas é verdade que estes são incidentes isolados, onde a força policial foi ampliada demais por um clima de protestos no país. Não vejo uma deterioração sistemática do comportamento policial”, completou. Informações de Borja Bergareche [Comitê para a Proteção dos Jornalistas, 28/8/11].