Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Voluntários traduzem Economist para o mandarim

A tentativa de controle do governo chinês sobre a população local acabou por levar à criação de grupos que produzem traduções não autorizadas de produtos da cultura pop ocidental. Estas traduções, de legendas de seriados e filmes, são disponibilizadas na internet. Shi Yi, investidor de 39 anos que vive em Pequim, achou a idéia boa, e resolveu adaptá-la para o jornalismo. Assim surgiu o Eco Team, grupo que traduz para o mandarim as edições – inteiras – da revista britânica Economist.


A cada nova edição, o grupo de 30 a 40 pessoas se mobiliza para completar a pesada tradução. Elas se encontram em um fórum online liderado por Yi. São pessoas diferentes com histórias diferentes, o mesmo propósito e algo em comum: gostar do estilo da revista’, define o grupo. A tradução final, que se chama Eco Weekly, é disponibilizada em formato PDF a cada duas semanas, e pode ser impressa ou baixada na rede gratuitamente.


Tabus


Os tradutores sabem que correm um risco político. Páginas da Economist já foram arrancadas por autoridades chinesas, e, em 2002, uma edição inteira foi proibida no país. Por isso, diversos tópicos são tabus – até para o grupo, que opta por não traduzir artigos que falam da relação da China com Taiwan, o Tibete, o movimento de inspiração budista Falun Gong, os protestos da Praça da Paz Celestial, censura à mídia e à internet. ‘Não queremos ter problemas ou irritar o governo’, admite Yi.


Até agora, nem a revista ou autoridades chinesas tentaram impedir a iniciativa não comercial. Yi encontrou-se com integrantes da Economist, inclusive o editor John Micklethwait, que concederam aprovação para as traduções. Informações de Andrew Baio [The New York Times, 2/3/09].