Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Zero Hora

‘A Câmara Municipal de Porto Alegre promoveu ontem à tarde uma homenagem pelo 40º aniversário de Zero Hora, completado em 4 de maio. Em Grande Expediente proposto pelos vereadores Haroldo de Souza e Sebastião Melo, ambos do PMDB, representantes de 10 partidos pronunciaram-se sobre o papel de Zero Hora na sociedade gaúcha.

ZH foi representada na solenidade por Geraldo Corrêa, vice-presidente da unidade de Rádios, Jornais e Online, Marcelo Rech, diretor de Redação, e pelos jornalistas Rosane de Oliveira, Paulo Sant’ana e Marco Aurélio. Em seu discurso, Haroldo de Souza justificou a homenagem afirmando que o jornal se converteu em um instrumento de utilidade pública.

– Zero Hora chega a 2004 celebrando uma conquista maior do que manter a população bem informada. Ela interfere no cotidiano dos leitores. Esse jornal tornou-se um vício para os gaúchos – disse Haroldo.

Em seus pronunciamentos, vereadores revelaram sua admiração pelo trabalho dos jornalistas presentes. Carlos Alberto Garcia (PSB) destacou a capacidade do chargista Marco Aurélio de traduzir o momento atual em imagens. A imparcialidade da colunista Rosane de Oliveira ao tratar do cenário político foi elogiada por Valdir Caetano (PL). A sensibilidade do cronista Paulo Sant’ana comoveu o vereador Elias Vidal (PTB):

– Esse homem escreve como um sacerdote. Consegue colocar a razão no meio das lágrimas, levando o leitor à reflexão.

Geraldo Corrêa agradeceu a homenagem dos vereadores em nome dos 4,3 mil colaboradores da RBS e reafirmou a intenção de ZH de dar voz aos leitores, lembrando que foi por causa deles que o jornal alcançou sua posição de destaque.

Os pronunciamentos

Integrantes de diferentes partidos falaram da tribuna sobre os 40 anos de ZH:

Carlos Alberto Garcia (PSB):

‘Zero Hora é um jornal preocupado com a informação, com a política, com a economia e com a cultura. Consegue perpassar todos os segmentos de nossa sociedade e, muitas vezes, pauta os temas discutidos nesta Casa.’

Elói Guimarães (PTB):

‘ZH é testemunha e ator da História, porque em 40 anos não apenas registrou os fatos da cidade, do Estado, do país e do mundo, mas interagiu com eles, opinando e formando a opinião pública.’

Isaac Ainhorn (PDT):

‘As relações do trabalhismo e do PDT com Zero Hora formam uma história complexa de amores e desamores, mas acredito que mais de amores do que de desamores, porque só briga quem se ama. Zero Hora nunca deixou de registrar e de reconhecer o papel histórico dos grandes líderes trabalhistas.’

Elias Vidal (PTB):

‘Zero Hora é um facilitador da vida humana, hoje tão complicada e cheia de transtornos. Basta abrir o jornal para encontrar tudo de que se precisa. ZH ajuda a organizar nossa vida. Milhares de pessoas não conseguem dar o pontapé inicial em seu dia sem dar uma olhada no jornal.’

Luiz Braz (PSDB):

‘Se coletarmos os discursos que são feitos na Câmara, veremos que boa parte está lastreada no que sai na ZH. Acho que isso é um erro político, mas faz parte da ascensão do jornal. O jornalismo cresceu, e os políticos ficaram para trás.’

João Carlos Nedel (PP):

‘Em 40 anos, Zero Hora tornou-se o principal diário de informação do Rio Grande do Sul e um dos maiores e mais respeitados do Brasil. Essa posição não foi galgada por acaso, mas pelo talento de seus colaboradores. O grande diferencial de Zero Hora é a qualificação de seus recursos humanos.’

Clênia Maranhão (PPS):

‘O compromisso de ZH se comprova pelo enfoque das notícias, pelo inovador Guia de Ética e de Responsabilidade Social da RBS, pela ação da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho e pela campanha O Amor é a Melhor Herança, Cuide das Crianças, por meio da qual os monstros nos ensinam a ser mais humanos.’

Ervino Besson (PDT):

‘Durante as 24 horas do dia, Zero Hora não pára na busca por fatos e notícias para bem informar o público. Portanto, é glorioso e gratificante poder prestar esta homenagem na casa do povo.’

Valdir Caetano (PL):

‘Quero parabenizar Zero Hora pelo trabalho voltado para o crescimento do nosso Estado, do qual podem se orgulhar os responsáveis por cada página do jornal.’

Cassiá Carpes (PTB):

‘ZH é fundamental para que saibamos sobre o mundo da bola e o da política. Tenho certeza de que continuará entrosada à nossa vida, elevando o nome dos gaúchos.’

Gerson Almeida (PT):

‘O processo de construção da democracia nunca está completo, e a democracia necessita de uma imprensa cada vez melhor e mais forte, que não seja servil. Tenho certeza de que ZH tem uma equipe capaz de enfrentar esse desafio.’

Reginaldo Pujol (PFL):

‘Participei, 30 anos atrás, de homenagem pelo aniversário de ZH e disse na ocasião que se tratava de uma escola de jornalismo. Hoje eu poderia dizer que é uma universidade do jornalismo.’

Claudio Sebenelo (PSDB):

‘ZH não cresceu apenas na tiragem. Cresceu também na qualidade. Queria neste momento fazer homenagem à emergência de uma classe, a dos fotógrafos. A foto vale por milhões de palavras.’’



US MUDA LAYOUT
Último Segundo

‘Último Segundo estréia novo layout nesta segunda’, copyright Último Segundo (www.ultimosegundo.com.br), 30/05/04

‘O Último Segundo apresenta, nesta segunda-feira, seu novo layout. O formato atual vinha sendo usado desde fevereiro de 2002. Agora, todo o site de notícias foi reformulado com base em pesquisas de campo. O objetivo é melhorar a interface para os usuários.

Segundo a diretora de jornalismo do iG, Andrea Fornes, ‘a mudança foi feita para tornar a navegação mais fácil e mais rápida, para dar mais relevância ao conteúdo multimídia e para apresentar novos parceiros, como a ‘Harvard Business Review’, uma das mais importantes revistas de negócios e administração’.

Uma das principais alterações é a utilização de um destaque com foto maior. Além disso, o novo US padronizou seus canais. Agora, Esportes e Economia, que traziam layouts bastante diferentes, ficam com a mesma cara dos outros canais, dando mais identidade ao conteúdo jornalístico do iG.

Em Economia, no entanto, ainda haverá algumas diferenças expressivas. A principal delas é que, em vez de foto, haverá um gráfico com o painel do mercado. Só aos finais de semana, quando o mercado está parado, o destaque volta a ser uma foto.

O US passa também a ter uma lista com as notícias mais lidas do dia, atualizada em tempo real. Esta ficará ao lado da lista de todas as notícias, abaixo dos destaques. Foram criados mais dois destaques para conteúdo multimídia, que podem ser vídeos, áudios e galerias de fotos.

Quem navegar pelo US perceberá que todos os canais foram acomodados na barra da esquerda. No canto direito, haverá destaques fixos para a cotação do dólar, previsão do tempo, diferenças horárias com as principais capitais do mundo, além de hotsites especiais.

Do ponto de vista estético, a principal renovação é uma significativa redução do uso da cor vermelha, o que dá uma sensação mais ‘clean’.

Junto com as mudanças no site, o US passa a adotar uma nova logomarca, de presença mais marcante do que a anterior. A fonte da letra mudou e está escrita em caixa alta. E a novidade mais curiosa é o ‘reloginho’, que marca a hora certa nos ponteiros.’



MÍDIA & RACISMO
Fernanda Sucupira

‘Mídia insiste em estereotipar negro, dizem especialistas’, copyright Agência Carta Maior (www.agenciacartamaior.com.br), 26/05/04

‘Cena de ‘Cidade de Deus’, dirigido por Fernando Meirelles. Além deste filme, a novela ‘Da cor do pecado’ e a cobertura jornalística do seqüestro de um ônibus da linha 174, no Rio de Janeiro, seriam exemplos de estereotipagem da imagem do negro no Brasil, dizem especialistas

São Paulo – É verdade que o telejornal mais assistido do país, o Jornal Nacional, da Rede Globo, estreou recentemente um apresentador negro. Também é verdade que atrizes e modelos negros e negras participam cada dia mais de novelas, filmes e propagandas. Mas não importa. Para boa parte dos especialistas no assunto, a imagem do negro veiculada na mídia brasileira ainda é estereotipada.

Há exemplos dessa deturpação em produtos conhecidos pelo grande público. Seria o caso, por exemplo, da cobertura jornalística do seqüestro de um ônibus da linha 174, no Rio de Janeiro, quando um jovem negro matou uma professora depois de uma ação desastrada da polícia.

‘A invisibilidade do negro no cinema, na literatura e no jornalismo só é quebrada em casos como este, em que o afrodescendente é mostrado como protagonista da criminalidade, como instrumento da violência urbana no país’, afirma Emanuelle Oliveira, pesquisadora da Vanderbility University, nos Estados Unidos. Ela foi uma das especialistas que participaram do Seminário Internacional Mídia e Etnia, promovido na última terça-feira (25) pelo grupo Mídia e Etnia da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

Filmes de sucesso como Cidade de Deus, do diretor Fernando Meirelles, também reforçam essa tese. Para Emanuelle, Meirelles mostra uma perspectiva estereotipada do crime e da população negra. Ao tentar uma abordagem de denúncia social, ele acaba, em sua opinião, marginalizando ainda mais o negro. Para a pesquisadora, o filme mostra que a única opção de ascensão é o êxito individual, como o do protagonista, e isso se reflete na nossa sociedade, em que os afrodescendentes se destacam por serem atores, cantores ou jogadores de futebol.

Preferência nacional, as novelas influenciam a formação de conceitos e de valores da população brasileira. Pautam os debates sociais e são responsáveis por posições políticas. Por isso, também exercem papel importante na cristalização do racismo. Nelas, os negros sempre têm papéis secundários, à serviço dos brancos. Muitos celebram a atual novela das 19h da Rede Globo, ‘Da Cor do Pecado’, como uma conquista nesse sentido. A novela tem uma protagonista negra e vem obtendo grande audiência, atribuída à abordagem da questão racial.

Entretanto, esse pretenso aumento da participação negra nos meios de comunicação também é criticado. A novela é considerada racista e preconceituosa. ‘O próprio nome se refere à mulher negra como amante, perturbadora das relações familiares estáveis. Além disso, há uma pequena participação de negros na novela e eles estão ‘embranquecidos’. A Globo não deixou de mostrar seu preconceito’, acusa Dennis de Oliveira, professor de Jornalismo da ECA-USP, que está realizando uma pesquisa sobre a novela.

Segundo ele, o programa mostra diversas formas de racismo e de enfrentamento do racismo. O personagem que assume sua identidade negra e sai para o confronto é considerado um vilão e acaba sendo punido. A protagonista e heroína adota uma postura de passividade e vitimização, características ligadas à sua bondade.

Vale lembrar o velho chavão: os meios de comunicação são reflexo do que existe na sociedade. ‘A estética da mídia é a estética das elites, branca e higienizada. É preciso forjar uma abertura para que se incluam outras estéticas, como a dos negros e a dos índios. Para reverter esse quadro, essas camadas precisam ter acesso à produção cultural, o que depende de uma luta no campo político, econômico e ideológico. Só assim será possível superar o preconceito’, acredita Emanuelle.

Despreparo no jornalismo

Foi só a partir de 1988, com todas as atividades reflexivas e críticas que marcaram o centenário da Abolição da Escravatura, que a mídia brasileira começou a tratar da questão étnica. O país se viu cara a cara com a questão do racismo, que até então fazia questão de negar, afirmando ser uma democracia racial. ‘Antes, os afrodescendentes só apareciam nos jornais e revistas brasileiros em determinados temas, como o futebol e o samba, e na seção policial. Não havia nenhuma preocupação com o segmento’, afirma Ricardo Alexino, pesquisador da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) sobre conflitos étnicos na mídia.

A Constituição brasileira, elaborada no mesmo ano, tornou imprescritível e inafiançável o crime de racismo. Isso fez com que a imprensa tomasse mais cuidado com a abordagem das questões étnicas, por medo da perda econômica e moral que os possíveis processos trariam. Além disso, Alexino diz que a imprensa, recém saída do regime ditatorial, passou a assumir o papel de Ministério Público. As matérias de denúncia começaram a ser a principal fonte do jornalismo, que passou a defender os indefesos, inclusive os negros.

‘Mas isso não quer dizer que a imprensa tem agido bem. Há avanços e retrocessos nos discursos que nos fazem pensar se os erros são intencionais ou devido à falta de preparo dos editores’, pondera. Segundo Alexino, a temática dos grupos minorizados – que são maioria quantitativamente, mas têm pouca representação social e política – não é abordada nos cursos de jornalismo.

Assim, os jornalistas não aprendem a lidar com ela nem em relação ao conteúdo nem à linguagem adequada, e acabam reforçando estereótipos. ‘Quando falam sobre os conflitos na região da ex-Iugoslávia, dizem que são conflitos étnicos; quando eles ocorrem na África, são conflitos tribais’, exemplifica o pesquisador.

Semana da África

A discussão sobre mídia e racismo ocorre no mesmo período em que se celebra a Semana de Solidariedade aos Povos Africanos. Uma série de eventos tem sido realizada, como debates com embaixadores africanos e apresentações artísticas em reconhecimento aos povos africanos pela contribuição na formação étnica, cultural e histórica da sociedade brasileira.

Nesta terça-feira (25), Dia da Libertação da África, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), um ato comemorativo aconteceu na Assembléia Legislativa de São Paulo e contou com a presença da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e de diversas entidades de luta contra o racismo. Segundo a ministra, com a posse do presidente Lula, as relações entre o país e o continente africano ganharam nova direção, a do fortalecimento. Já estão em andamento 40 acordos firmados entre o Brasil e cinco países africanos: Namíbia, Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe e África do Sul.’