Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Réplica ingênua, desatualizada e pífia

“Toda verdade passa por três estágios. Primeiro, ela é ridicularizada. Segundo, ela é violentamente resistida. Terceiro, ela é aceita como sendo autoevidente” (Arthur Schopenhauer, filósofo alemão [1788-1860])

Eu lamento muito, mas Menegídio e Rosseti perderam tempo tentando replicar meu artigo “O ouro de tolo“, edição 835, replicando o artigo “Transformando ignorância em sabedoria“, de Felipe A. P. L Costa. Razão? Meu artigo é “um exemplo de uma defesa vazia e total subversão de alguns fatos para se validar uma cosmovisão não científica”. Por que gastaram tempo precioso rebuscando infundadas críticas respondidas há quase duas décadas? Café Wikipédia super requentado, réplica ingênua, desatualizada e pífia contra o Design Inteligente (DI). Uma colcha de retalhos de argumentos não originais com os críticos: copy, cut and paste! Um samba do crioulo doido de falácia genética (atacar a origem de um argumento em vez da evidência do argumento)! Um smorgasbord literário!

Eu não ia responder a esses críticos intrometidos em disputa alheia, pois Felipe A. P. L. Costa tem capacidade acadêmica suficiente para se defender. Reitero – Costa demonizou o design inteligente utilizando “termos pejorativos e demonizantes” – como desenho inteligente ou projeto inteligente – e utilizou “termos não acolhidos na nomenclatura de artigos científicos para falar mal da TDI”. NOTA BENE 1: nomenclatura de artigos científicos, e não de livros básicos sobre o DI.

Diz um antigo texto de sabedoria oriental que, quem se intromete em questões alheias é como pegar um cão pelas orelhas! A réplica Defendendo o indefensável

http://www.teste.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed836_defendendo_o_indefensavelé um título pomposo e intimidante, e os autores imaginaram ficaria sem resposta. Quem disse ser o artigo deles indefensável ou que a TDI seja cientificamente injustificável? Ledo engano. Assim como Thomas Huxley foi o buldogue de Darwin na Inglaterra, este Autor, ex-ateu e ex-evolucionista de carteirinha, é o pitbull do movimento do DI (MDI) no Brasil. Não é assim que alguns me chamam no ciberespaço?

Por razões cronológicas das traduções brasileiras daqueles livros, destaco a fundação do movimento do Design Inteligente no Brasil – Agosto de 1998, na Unimep, em Piracicaba, SP, após leitura e discussões sobre o livro A Caixa Preta da Darwin, de Michael Behe. Nota bene 2: Agosto de 1998.

Ao contrário do afirmado, eu não desconheço a literatura básica sobre o design inteligente traduzida e publicada no Brasil, tais como o livro Como derrotar o evolucionismo com mentes abertas, de Phillip E. Johnson, professor emérito de Direito, da Universidade da Califórnia-Berkeley, com o termo Inteligente design mal traduzido por “Projeto Inteligente”. NOTA BENE 3: traduzido em 2000.

A evolução da vida na Terra

O então incipiente MDI – não enchia uma Kombi em 2000, não tinha controle sobre o que era traduzido e publicado, e nem tem hoje, apesar de sermos mais de 350 (professores, pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação de universidades públicas e privadas), pois são os autores que negociam a tradução e publicação de seus livros com os editores. Porventura somos nós agora responsáveis sobre tudo o que é dito, discutido, escrito sobre a TDI no Brasil?

Ignorância extrema, má fé, ou evidência pragmaticamente pinçada, é confundir “nomenclatura de artigos científicos sobre o Design Inteligente” com termos mal traduzidos nas edições brasileiras de livros – até o A caixa preta de Darwin como “Planejamento Inteligente” e “Objeções a um Planejamento Inteligente”, respectivamente. Meus jovens críticos confundiram alhos com bugalhos. Nota bene 4: traduzido em 1997.

Em nenhuma dessas traduções, ninguém do Núcleo Brasileiro de Design Inteligente (NBDI) participou. Má fé de Menegídio e Rosseti, pois como especialistas em literatura do DI deixaram de fora o único livro que alguém do NBDI traduziu: Darwin no banco dos réus, de Phillip Johnson (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2008) com o termo intelligent design corretamente traduzido por design inteligente. Por que essa evidência diferente na literatura básica sobre o DI não foi mencionada? Eu sei que meus críticos leram este livro!

Pior ainda, Menegídio e Rosseti, evolucionistas e ateus, não mencionam Richard Dawkins, in O relojoeiro cego, livro de cabeceira dos ateus, agnósticos, céticos e quejandos: “a biologia é o estudo das coisas complexas que dão a impressão de ter um design intencional”. (DAWKINS 2001:18). E isso um ano após o livro de Johnson, Como derrotar o evolucionismo com mentes abertas, ter sido traduzido! Não creio que esses evolucionistas ateus desconheçam o que Dawkins disse em inglês e português. Muito conveniente e pragmática omissão…

O MDI no Brasil agradeceu a Laura Teixeira Motta pela tradução da palavra ‘design’ no seu uso universal: manteve a grafia de ‘design’, apesar da nota às págs. 9-10. Não existe curso universitário de “Planejamento”, [a não ser em Economia e outras áreas] mas o curso de “Design” em Engenharia e Arquitetura, é “Design” com todas as letras. Dawkins, muito obrigado pelo seu design intencional em português – nós não poderíamos ser outra coisa: Design Inteligente!

Na defesa da existência de controvérsia cientifica, eu apresentei o documento “A Scientific Dissent from Darwinism, como um marco indicador de uma controvérsia. Realmente o documento não menciona a TDI, e quem assinou apenas concordou: “Nós somos céticos das afirmações da capacidade da mutação aleatória e da seleção natural explicarem a complexidade da vida. Um exame cuidadoso da evidência a favor da teoria darwinista deve ser encorajado.”, e que está explícito que: “[…] os cientistas estão simplesmente concordando com a afirmação como está escrito. A assinatura da declaração não indica concordância ou discordância com qualquer outra teoria científica”.

Eu deveria ter destacado que essa dissensão é positiva, pois além de ter contribuído para a produção de novos conhecimentos científicos – verificar ou não a capacidade da seleção natural qua mecanismo evolucionário, ele estabeleceu um marco histórico: existe uma controvérsia científica sobre a teoria da evolução de Darwin motivada por questões estritamente científicas. Aspecto esse que Menegídio e Rosseti não mencionaram, pois é inconveniente e academicamente perigoso para evolucionistas abordar o que está fora do Catecismo de Down. Darwin locuta causa finita! Pode isso em ciência, produção?

Eu mencionei o documento porque a maioria dos signatários (alguns ateus, agnósticos, céticos e teístas), se perguntados, responderá concordar com a TDI e discordar de alguns aspectos da teoria da evolução. Onde a falácia? Onde o negacionismo da teoria da Evolução (TE)? Menegídio e Rosseti, e muita gente não sabe, mas a TE e a TDI, devidamente compreendidas, não são excludentes! De que evolução estamos falando? Há pelo menos seis definições de evolução. Definam os termos, senhores!

Ficou patente na réplica deles, uma profunda ignorância sobre o status da atual teoria da evolução – a Síntese Evolutiva Moderna, no contexto de justificação teórica, de sua fragorosa falência epistêmica nos séculos 20 e 21, pois eles, intencionalmente evitaram responder o que está sendo debatido na literatura especializada, e entre evolucionistas, teóricos e defensores da TDI. Reproduzo para destacar a fuga pragmática da dupla evolucionista xiita para o que realmente interessa em ciência:

“… se a teoria da evolução de Darwin através da seleção natural e nmecanismos evolucionários (de A a Z, vai que um falhe…) é capaz de explicar a diversidade e complexidade das coisas vivas e a sua história evolucionária? Qual é a origem da informação genética? O design é uma ilusão ou pode ser empiricamente detectado na natureza? Mutações aleatórias podem gerar a informação genética requerida para estruturas irredutivelmente complexas? O surgimento abrupto de espécies no registro fóssil (explosão cambriana) apoia ou detona a evolução lenta e gradual preconizada por Darwin? A biologia moderna produziu uma “Árvore da Vida”? A evolução convergente apoia o darwinismo ou destrói a lógica por detrás da ancestralidade comum? As diferenças entre os embriões de vertebrados apoiam ou contradizem as predições de ancestralidade comum? O neodarwinismo explica satisfatoriamente a distribuição biogeográfica de muitas espécies? O neodarwinismo fez predições exatas sobre os órgãos vestigiais e o DNA “lixo”? Por que os humanos mostram muitos comportamentos e capacidades cognitivas que, aparentemente, não oferecem nenhuma vantagem de sobrevivência? Esses argumentos e contra-argumentos não foram até hoje respondidos satisfatoriamente pelos darwinistas. Não são cientificamente importantes para o estabelecimento de uma teoria que se propõe explicar a origem das espécies???”

Menegídio e Rosseti são evolucionistas jovens sob o tacape da Velha Guarda Darwinista e tacão da Nomenklatura científica, escolheram ignorar a seriedade do questionamento científico sobre o poder explicativo da TE. Em epistemologia, questões evitadas indicam, pelo menos duas coisas: elas indicam a inadequação teórica e/ou varrer as dificuldades para debaixo do tapete. As duas se aplicam aqui… Eles saberiam dizer então quais são os fatores que permitiram a evolução da vida na Terra? Alguém aí se habilita? Felipe A. P. L Costa? Alguém mais? Síndrome da avestruz? Desistam, hoje, somos todos profundamente ignorantes desses fatores…

Uma espécie inusitada de dissidentes de Darwin – cientistas evolucionistas

Vários cientistas foram mencionados por eles – Motoo Kimura, Lynn Margulis, Stephen Jay Gould e Eva Jablonka como exemplos de cientistas buscando novos mecanismos para explicar eventos específicos da Evolução Biológica, mas que não se tornaram negacionistas. Só faltaram pedir aplausos para esses críticos responsáveis! O que não mencionaram de suma importância, é que as proposições teóricas desses cientistas deixaram de ser estritamente evolucionistas qua Darwin. Eles são evolucionistas dissidentes de Darwin! QED: Negacionistas! Eis aqui alguns exemplos desses negacionistas de Darwin

Kimura escreveu o livro The Neutral Theory of Molecular Evolution (1983), consolidando as ideias desenvolvidas no fim dos anos 1960s: a nível molecular, a evolução é completamente estocástica e, se de algum modo proceder, procede por deriva juntamente com modelos evolucionários antigos e atuais. Suas proposições deixaram o surgimento de estruturas biológicas complexas um enigma, e demonstraram, para grande desconforto dos evolucionistas, que os modelos matemáticos sob os quais a “síntese moderna” fora fundada, estavam fundamental e fatalmente errados!

Margulis, uma ferrenha crítica dos neodarwinistas, disse em uma entrevista: “É esta a pendenga que eu tenho com os neodarwinistas: Eles ensinam que o que está gerando novidade [evolucionária] é a acumulação de mutações aleatórias no DNA, em uma direção estabelecida [sic] pela seleção natural. Se você quiser ovos maiores, você continua selecionando as galinhas que colocam os maiores ovos de todos, e você vai ter ovos cada vez maiores. Mas, você também obtém galinhas com penas defeituosas e pernas trôpegas. A seleção natural elimina, e talvez mantenha, mas não cria… Os neodarwinistas afirmam que novas espécies surgem quando as mutações ocorrem e modificam um organismo. Eu fui ensinada diversas vezes que o acúmulo de mutações aleatórias resultava em mudança evolucionária – resultava em novas espécies. Eu acreditava nisso, até que eu procurei pelas evidências.” Lynn Margulis Says She’s Not Controversial, She’s Right, Discover Magazine, p. 68, Abril de 2011 – http://discovermagazine.com/2011/apr/16-interview-lynn-margulis-not-controversial-right.

Ciência se faz com teorias e evidências

Gould (juntamente com Niles Eldredge propuseram, contra Darwin, uma teoria evolucionária saltacionista nos anos 1970s) afirmou em 1980:

“Eu me lembro muito bem como a teoria sintética me iludiu com seu poder unificador quando eu era um aluno de pós-graduação na metade dos anos 1960s. Desde então eu a tenho observado revelar lentamente como sendo uma descrição universal da evolução. Primeiro veio o assalto molecular, seguido rapidamente por atenção renovada de teorias de especiação não ortodoxas e por desafios no próprio nível de macroevolução. Eu tenho sido relutante em admitir isso – pois a ilusão é, frequentemente para sempre – mas, se a caracterização de Mayr da teoria sintética estiver exata, então aquela teoria, como uma proposição geral, está efetivamente morta, apesar de sua persistência como ortodoxia de livro didático” (GOULD 1980:120).

A caracterização de Ernst Mayr questionada por Gould é a dos proponentes da teoria sintética da evolução – toda evolução resulta do acúmulo de pequenas mudanças genéticas, guiadas (sic) pela seleção natural, e a evolução trans-específica nada mais é do que a extrapolação e ampliação dos eventos que ocorrem dentro das populações e espécies.

Jablonka e Lamb no Evolução em quatro dimensões e artigos trabalharam com alguns aspectos biológicos e moleculares relacionados à dirigibilidade (contra o processo cego e aleatório de Darwin) que devem ser reconsiderados na Síntese Evolutiva Ampliada/Estendida. Todavia, eu não apresentei o trabalho delas como “algo negativo à Teoria Sintética da Evolução”: mencionei apenas que a proposta de incorporar aspectos teóricos neolamarckistas parece mais uma tentativa teórica ad hoc para livrar a cara de Darwin de redundante fracasso na explicação da origem das espécies. Vide “Evolução em quatro dimensões: por que se faz necessária uma reforma teórica em Biologia evolutiva?”.

No artigo Soft inheritance: Challenging the Modern Synthesis, Genetics and Molecular Biology, 31, 2, 389-395, 2008

http://www.scielo.br/pdf/gmb/v31n2/a01v31n2.pdfJablonka e Lamb apresentaram alguns dos mais recentes desafios à Síntese Evolutiva Moderna – especialmente a herança soft (variação que se origina no desenvolvimento e pode ser herdada – efeitos do ambiente, do uso e desuso etc.), podendo em algumas situações resultar em mudanças saltacionais reorganizando o epigenoma.

Menegídio e Rosseti, evolucionistas ortodoxos, devem saber – essas proposições são completamente incompatíveis com a Síntese Evolutiva Moderna – ela nega quaisquer papeis significantes para os processos saltacionais de Gould e Eldredge, e os neolamarckianos propostos por Jablonka e Lamb. O neutralismo de Kimura nem se fala…

Além disso, é importante destacar que Jablonka faz parte de um novo grupo de cientistas evolucionistas propondo a Terceira Via http://www.thethirdwayofevolution.com. Conforme o site, esse grupo de dissidentes científicos do neodarwinismo surgiu porque a atual teoria evolucionária ignora muita evidência molecular contemporânea, e invoca uma série de pressuposições não substanciadas sobre a natureza acidental da variação hereditária, especialmente os processos evolucionários não darwinistas como a simbiogênese, transferência horizontal de DNA, ação do DNA móvel, e as modificações epigenéticas.

A reação desses dissidentes é mais do que cientificamente justa, pois a maioria dos evolucionistas elevou a seleção natural como a força criadora exclusiva que resolve todos os problemas evolucionários difíceis sem nenhuma base empírica. São muitos os cientistas que no século 20 apontaram a necessidade de profunda e mais completa revisão de todos os aspectos da atual teoria da evolução. Muita retórica, e quase nada de evidência corroborando a teoria da evolução de Darwin no contexto de justificação teórica.

Meus críticos afirmaram que eu não noto a Síntese Ampliada/Estendida ser uma atualização da Teoria Sintética da Evolução, com maior peso experimental, empírico e acadêmico, e que ela se firma respeitando os limites epistemológicos do método científico. Indago – como eu posso notar algo que ainda está sendo elaborado e será apresentado, se for, somente em 2020? Eu esperava para 2010… Será que eles têm alguma informação privilegiada que nós, meros mortais, não temos? Bola de cristal? Cartas de Tarô? Búzios? Entranhas de animais? Que eu saiba, ciência se faz com teorias e evidências.

Façam o dever de casa!

O que eu posso falar hoje sobre a Síntese Evolutiva Ampliada/Estendida ser incorporada ao corpus teórico evolucionário atual, é que isso é uma patente demonstração da incapacidade epistêmica da Síntese Evolucionária Moderna resolver as anomalias surgidas em biologia do desenvolvimento, e mais o que se descobriu nas recentes pesquisas empíricas e teóricas de questões como a capacidade de evoluir, modularidade e auto-organização.

Ora, se não responde as anomalias, a Síntese Evolutiva Ampliada/Estendida será mais uma teoria ad hoc livrando Darwin do vexame de quem disse explicar a origem das espécies em 1859 e até hoje não demonstrou. Sendo a biologia do século 21 uma ciência de informação, se a Síntese Evolutiva Ampliada/Estendida não incorporar a origem da informação genética, ela será uma teoria científica natimorta… Pobre ciência.

Quanto às demarcações, não são apenas os proponentes do Design Inteligente que deploram e consideram o demarcacionismo limitante, mas entendemos que:

“Não existe uma linha de demarcação entre a ciência e a não ciência, ou entre a ciência e a pseudociência, que ganhe o assentimento da maioria dos filósofos [de ciência].” (LAUDAN 1996:210).

Ao contrário do afirmado por Menegídio e Rosseti, por razões científicas, eu considero a atualização, a descoberta e a inserção de diversos novos mecanismos evolutivos, não somente uma melhoria do paradigma científico vigente, mas a demonstração patente de que a verdade científica evolucionária de Darwin de ontem está sendo demonstrada falsa hoje. Eu considero a epigenética um fenômeno contrariando a visão de mecanismo evolucionário qua Darwin. E aqui a pergunta: afinal de contas, a evolução é darwinista ou lamarckista??? Darwin kaput e Lamarck redivivus??? Pereça tal pensamento científico infame… Só em 2020 saberemos. Será?

Na verdade, na atual teoria da evolução, são n mecanismos evolucionários de A a Z, (vai que um falhe…), pois a TE é uma teoria científica absurdamente elástica em termos de mecanismos onde até a falta de evolução comprova o fato, Fato, FATO da evolução, mesmo que sejam 2 bilhões de anos de “extrema estase evolucionária”… Vide Sulfur-cycling fossil bacteria from the 1.8-Ga Duck Creek Formation provide promising evidence of evolution’s null hypothesis, J. William Schopf et al, PNAS Early Edition.

http://www.pnas.org/content/early/2015/01/27/1419241112

Meus críticos jovens ficaram pasmos sobre eu ter mencionado que a controvérsia entre o design inteligente e a darwinismo/evolução tem quase 25 anos, e de que Costa está em descompasso com a verdade da literatura científica especializada quando afirmou a inexistência dessa controvérsia científica. Destacaram que eu não apresentei “sequer uma literatura como referência, mesmo citando que existem várias publicações e conferências científicas”.

Pergunta insolente deste Autor – em quais universidades/escolas eles estudaram/lecionam/pesquisam? Em tempos de Google Scholar, busquei por the intelligent design vs darwinism controversy e tive um retorno de mais de 25.000 citações… Meninos, não se esqueçam, façam o dever de casa!

A Estratégia da Cunha – E daí? Tu quoque, Darwin?

Menegídio e Rosseti me imputaram ignorância histórica total do MDI ao tentar separá-lo do seu suposto ancestral, o criacionismo científico, mencionando vários livros básicos de Phillip Johnson – Darwin on TrialReason in the Balance: The Case Against Naturalism in ScienceLaw and Education e The Wedge of Truth: Splitting the Foundations of Naturalism, especialmente o Como derrotar o evolucionismo com mentes abertas, em que Johnson teria deixado nítida a semelhança dos dois movimentos.

Convém mencionar que Johnson é cristão evangélico, presbiteriano, e como tal escreveu para uma audiência leiga e cristã, expôs seu posicionamento ideológico contra o materialismo filosófico que posa como ciência, mas em nenhum momento afirmou ser a TDI semelhante ao criacionismo científico. Um momento de contraposição – Richard Dawkins, além de zoólogo evolucionista, é ateu militante, autor de vários livros defendendo o Darwinismo, declarou no seu livro O relojoeiro cego: “penso igualmente que, antes de Darwin, o ateísmo até poderia ser logicamente sustentável, mas que só depois de Darwin é possível ser um ateu intelectualmente satisfeito” (DAWKINS 2001:24-25).

Menegídio e Rosseti, ateus militantes, destacaram a subjetividade religiosa de Johnson representando a TDI como filhote do criacionismo, mas nada mencionaram sobre a subjetividade ideológica de Dawkins mencionada em um livro para leigos como sendo representativa de uma teoria científica. Uma subjetividade ateísta escancarada dessas pode? A de Johnson, não? Dois pesos, duas medidas?

Quanto a Johnson ser negacionista (eita palavrinha besta que está em moda!) da ancestralidade comum, meus críticos evolucionistas fundamentalistas deveriam saber melhor – dentro da comunidade científica, muitos cientistas também têm dificuldades com esta hipótese científica, e hipótese em ciência é diferente de fato científico, e como tal deve ser escrutinizada e testada rigorosamente. A literatura científica demonstra que Johnson está certo em ser “negacionista” da ancestralidade comum:

PATTERSON, C. et al., Congruence Between Molecular and Morphological Phylogenies, Annual Review of Ecology and Systematics, Vol. 24: 153-188 (1993). “Como morfologistas com grandes esperanças da sistemática molecular, nós terminamos esta busca com as nossas esperanças diminuídas. A congruência entre as filogenias moleculares é tão elusiva quanto é na morfologia e quanto é entre as moléculas e a morfologia.”

WOESE, C., The universal ancestor, Proceedings of the National Academy of Sciences USA, Vol. 95: 6854-6859 (June, 1998). “As incongruências filogenéticas podem ser vistas em toda a parte na árvore universal, desde a sua raiz até as principais ramificações dentro e entre os vários taxa até ao arranjo dos próprios grupos primários.”

CAO, Y. et al., Conflict Among Individual Mitochondrial Proteins in Resolving the Phylogeny of Eutherian Orders, Journal of Molecular Evolution, Vol. 47:307-322 (1998). Nesta pesquisa, o DNA mitocondrial foi usado para construir uma árvore filogenética para muitas ordens de mamíferos, mas os resultados entraram em choque com as expectativas do que a árvore filogenética deveria parecer. Tais conflitos entre árvores filogenéticas baseadas em moléculas são comuns e representam um desafio para a expectativa darwinista de que a vida se encaixaria em árvores hierárquicas nítidas.

MUSHEGIAN, A. R. et al., Large-Scale Taxonomic Profiling of Eukaryotic Model Organisms: A Comparison of Orthologous Proteins Encoded by the Human, Fly, Nematode, and Yeast Genomes, Genome Research, Vol. 8:590-598 (1998). MUSHEGIAN et al explicam: “proteínas diferentes geram árvores filogenéticas diferentes” quando alguém considera várias árvores evolucionárias hipotetizadas para as principais relações de grupos de animais.

LEIPE, D. D. et al., Did DNA replication evolve twice independently?, Nucleic Acids Research, Vol. 27(17): 3389-3401 (1999). Sendo o DNA importante para a vida, é surpreendente o fato de vários tipos de organismos diferentes usarem enzimas muito diferentes para replicar o DNA. A maquinaria que permite a replicação do DNA evoluiu duas vezes? Por causa da pressuposição de ancestralidade comum de todos os organismos vivos foi que os autores chamaram esta descoberta de surpreendente.

LEE, M. S. Y., Molecular phylogenies become functional, Trends in Ecology and Evolution, Vol. 14(5): 177-178 (May, 1999). “A perfeição mecânica dos organismos representa evidência convincente de evolução por seleção natural, mas pode confundir simultaneamente as tentativas de inferir relações evolucionárias”.

DOOLITTLE, W. F., Phylogenetic Classification and the Universal Tree, Science, Vol. 284:2124-2128 (June 25, 1999). “Os filogenistas moleculares terão fracassado em descobrir a ‘árvore verdadeira’, não porque seus métodos sejam inadequados ou porque eles escolheram os genes errados, mas porque a história da vida não pode ser representada apropriadamente como uma árvore”.

DOOLITTLE, W. F., Uprooting the Tree of Life, Scientific American (February, 2000). A base da “Árvore da Vida” não pode ser representada como uma árvore porque a distribuição dos genes não se dá em forma de árvore: “não teria existido uma única célula que pudesse ser chamada de último ancestral comum universal”.

DOOLITTLE, W. F.; BAPTESTE, E., Pattern pluralism and the Tree of Life hypothesis, Proceedings of the Biological Society of Washington USA, Vol. 104 (7):2043–2049 (February 13, 2007). “Darwin afirmou que um padrão único e inclusivamente hierárquico de relações entre todos os organismos baseado em suas semelhanças e diferenças [a Árvore da Vida ] era um fato da natureza, pelo qual a evolução, e em particular um processo de ramificação de descendência com modificação, era a explicação. Todavia, não existe nenhuma evidência independente que a ordem natural seja uma hierarquia inclusiva, e a incorporação de procariotas na Árvore da Vida é especialmente problemático. As únicas séries de dados dos quais nós podemos construir uma hierarquia universal incluindo os procariotas, as sequências de genes, frequentemente discordam e dificilmente podem ser provadas como concordantes. A estrutura hierárquica sempre pode ser imposta ou extraída de tais séries de dados por algoritmos planejados para realizar isso, mas na sua base, a Árvore da Vida repousa em uma pressuposição não comprovada sobre padrão que, considerando-se o que nós conhecemos sobre processo, é improvavelmente que seja amplamente verdadeira”.

LOPEZ, P.; BAPTESTE, E., Molecular phylogeny: reconstructing the forest, Comptes Rendus Biologies, doi:10.1016/j.crvi.2008.07.003 (2008). Eles abandonam a caracterização da vida como uma “árvore” darwiniana por uma metáfora de “floresta”: “em vez de focalizar em uma árvore universal elusiva, os biólogos agora estão considerando toda a floresta correspondente aos múltiplos processos de herança, tanto vertical e horizontal. Isso se constitui o principal desafio à biologia evolucionária para os próximos anos”.

BENTON, M. J., Finding the tree of life: matching phylogenetic trees to the fossil record through the 20th century, Proceedings of the Royal Society of London B., Vol. 268:2123-2130 (2001).

SALZBERG, S. L. et al., Microbial Genes in the Human Genome: Lateral Transfer or Gene Loss?, Science, Vol. 292:1903-1906 (June 8, 2001).

WILLS, M. A., The tree of life and the rock of ages: are we getting better at estimating phylogeny, Bioessays, Vol. 24:203-207 (2002).

GRAUR, D.; MARTIN, W., Reading the entrails of chickens: molecular timescales of evolution and the illusion of precision, Trends in Genetics, Vol. 20(2):80-86 (February 2004).

GLAZKO, G. et al., Eighty percent of proteins are different between humans and chimpanzees, Gene, Vol. 346:215-219 (2005).

DAVISON, J. A., A Prescribed Evolutionary Hypothesis, Rivista di Biologia/Biology Forum, Vol. 98: 155-166 (2005).

NEWMAN, S. A., The Developmental Genetic Toolkit and the Molecular Homology-Analogy Paradox, Biological Theory, Vol. 1(1):12-16 (2006).

 

E eu poderia listar outras pesquisas científicas apoiando o “negacionismo” de Johnson, professor emérito de Direito da Universidade da Califórnia-Berkeley que, há duas décadas, percebeu – as noções hipotéticas tradicionais da árvore da vida darwiniana estavam sendo abandonadas por falta de substanciação evidencial. A ignorância nesta área de Menegídio e Rosseti, dois biólogos evolucionistas, e dos evolucionistas em geral, é inadmissível, abominável, execrável. Ou é uma ignorância pragmática? Esses artigos podem ser lidos gratuitamente por professores, pesquisadores e alunos de universidades públicas e privadas com acesso ao CAPES/Periódicos.

http://www.periodicos.capes.gov.br/

Antes de falecer, Carl Woese lamentou não ter derrubado a hegemonia cultural de Darwin… (MAZUR 2015, cap. 15). Será que Woese era um cripto signatário da Estratégia da Cunha? Outro negacionista de Darwin?

Na leitura dos livros básicos de Johnson que este Autor fez, ele somente encontrou um tema – sua rejeição à hipótese da ancestralidade comum e nenhum posicionamento expresso sobre a idade da Terra. Embora Menegídio e Rosseti desconheçam, mas Johnson e outros teóricos e defensores da TDI (este Autor inclusive), consideram que o universo e a Terra têm bilhões de anos. Behe crê na hipótese da ancestralidade comum. Está lá no seu livro A Caixa preta de Darwin... E isso não causa arrepio nenhum no MDI.

No livro The Wedge of Truth: Splitting the Foundations of Naturalism, Johnson detalhou como rachar os fundamentos do naturalismo/materialismo filosófico, mas a “Estratégia da Cunha” (1998), não foi escrita por ele. O Center for the Renewal of Science and Culture (hoje Center for Science and Culture…), fundado em 1996 tem os seguintes objetivos:

“A missão do CRSC é o de avançar o entendimento de que os seres humanos e a natureza são o resultado de design inteligente em vez de um processo cego e não dirigido. Nós buscamos uma mudança científico-cultural de longo termo através de pesquisa científica de ponta e de erudição acadêmica; educação e treinamento de jovens líderes; comunicação ao público em geral; a defesa da liberdade acadêmica e liberdade de expressão para os cientistas, professores e estudantes”.

O documento “Estratégia da Cunha” tem que ser lido tendo por pano de fundo o levantamento de recursos financeiros para (1) apoiar as pesquisas de cientistas e outros acadêmicos críticos do neodarwinismo e por aqueles que estavam desenvolvendo a emergente teoria do Design Inteligente; e (2) explorar, de diversas maneiras, as múltiplas conexões entre a ciência e a cultura. Vide resposta detalhada: The Wedge Document – So what?

http://www.discovery.org/scripts/viewDB/filesDB-download.php?id=349

Menegídio e Rosseti, ignoram completamente os reais motivos que levaram Darwin elaborar sua teoria da evolução – a maioria dos biólogos evolucionistas também desconhece. Ronald Numbers, ex-criacionista e ex-adventista, historiador de ciência, da Universidade da Califórnia-Berkeley, cita que um dos principais objetivos de Darwin era “derrubar o dogma das criações separadas” e “por mais que nós queiramos isso, nós dificilmente podemos acompanhar o Professor Asa Gray nas suas crenças em ‘evolução divinamente guiada’”. (NUMBERS 1992:4).

Convoquemos Darwin para dizer suas reais intenções em elaborar sua teoria da evolução: “Eu tive dois objetivos distintos em vista; primeiramente, demonstrar que as espécies não tinham sido criadas separadamente, e em segundo lugar, que a seleção natural tinha sido o principal agente de mudança [evolucionária]… Se eu errei… em ter exagerado seu poder [da seleção natural]… eu, pelo menos, como espero, fiz um bom serviço em ajudar a derrubar o dogma das criações separadas”. (DARWIN 1871). The descent of man, and selection in relation to sex.

Fica patentemente claro que Darwin tinha objetivos em mente: o primeiro, religioso, o segundo, científico. Tu quoque, Darwin?

E o que dizer do X-Club, um clube secreto criado por materialistas ingleses para ajudar na propagação da teoria da evolução de Darwin e da ciência naturalista emergente? Vide The X Club and the Secret Ring: Lessons on How Behavior Analysis Can Take Over Psychology, Bruce A. Thyer.

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2733669/pdf/behavan00021-0025.pdf

“Huxley, Lubbock, and Half a Dozen Others”: Professionals and Gentlemen in the Formation of the X Club, 1851-1864; ‘An Influential Set of Chaps’: The X-Club and Royal Society Politics 1864–85, ambos de Ruth Barton.

Barton afirma que o X-Club tinha por objetivos comuns não somente o avanço da ciência, mas também a infiltração e o controle das instituições e sociedades científicas importantes como a Royal Society, e a proposta de minar a autoridade cultural do clero anglicano. Objetivos nobres para o avanço da ciência ou do materialismo filosófico?

E o que fazer do uso da teologia por Darwin no Origem das Espécies? Vide Charles Darwin’s use of theology in the Origin of Species, de Stephen Dilley.
Darwin fez amplo uso de argumentação teológica em quase todo seu livro Origem das Espécies: Caps. 2, 4, 5, 6, 8, 9, 11, 12, 13, 14 e 15. Nada mal para um livro que se propunha explicar cientificamente a origem das espécies.

E o que fazer do papel da teologia na argumentação evolucionária contemporânea? Vide The role of theology in current evolutionary reasoning, de Paul A. Nelson.

E o que fazer e dizer da “Estratégia da Cunha Materialista” de Richard Lewontin? Ele fez a seguinte confissão:

“A nossa inclinação em aceitar as afirmações científicas que vão contra o senso comum é a chave para o entendimento da verdadeira luta entre a ciência e o sobrenatural. Nós ficamos do lado da ciência apesar do absurdo patente de alguns de seus construtos, apesar de seu fracasso em cumprir muitas de suas promessas extravagantes de saúde e vida, apesar da tolerância da comunidade científica para infundadas estórias da carochinha, porque nós temos um compromisso anterior, um compromisso ao materialismo. Não é que os métodos e as instituições da ciência de algum modo nos obriguem a aceitar a explicação material do mundo dos fenômenos, mas, ao contrário, que nós somos forçados pela nossa adesão a priori a causas materiais para criar um aparato de investigação e uma série de conceitos que produzem explicações materiais, não importa quão contraintuitivo, não importa quão mistificador para o não iniciado. Além disso, aquele materialismo é absoluto, pois nós não podemos permitir um pontapé divino na porta.” – http://www.nybooks.com/articles/archives/1997/jan/09/billions-and-billions-of-demons/

E o que dizer de Francis Crick, Richard Dawkins, Ilia Prigogine, Eugene Scott, Edward O. Wilson que assinaram o III Humanist Manifesto???

https://aha-files.s3.amazonaws.com/63/238/HumanismandItsAspirations.pdf

Menegídio e Rosseti, ateus materialistas, desde quando o materialismo é igual a ciência? Questionar motivos em vez de evidências a favor ou contra uma teoria científica tem disso: os evolucionistas também têm seus rabos ideológicos presos! Mas desavergonhadamente à mostra…

As complexidades irredutível e especificada: Darwin kaput!

Menegídio e Rosseti mencionaram ipsis litteris apenas pontos que identificam o criacionismo, mas intencionalmente deixaram de fora pontos distintos do Design Inteligente, e escolheram dois expoentes proponentes da TDI no Brasil – Marcos Eberlin (o segundo cientista brasileiro mais citado em publicações científicas e membro da Academia Brasileira de Ciências) [12] e Adauto Lourenço [12] que, baseados nas suas subjetividades religiosas e interpretações das evidências científicas apresentam o dilúvio bíblico global como fato científico, negam a ancestralidade comum e o tempo geológico em bilhões de anos. Criacionistas da Terra jovem.

Menegídio e Rosseti estão procurando chifre em cavalos, pois a TDI não aborda essas questões no seu arcabouço teórico, e nem patrulha a subjetividade religiosa e ideológica de seus membros. Isso nem faz parte do referencial heurístico da TDI. Eles ignoram que no guarda-chuva epistemológico da TDI nós temos ateus (Bradley Monton), agnósticos (David Berlinski), céticos, teístas (judeus, muçulmanos, cristãos e outras religiões) e até evolucionistas (Richard Sternberg). Para arrepiar a dupla – pelo menos dois cientistas agraciados com prêmio Nobel foram, em vida, simpatizantes da TDI: Richard Smalley (Nobel em Química, 1996) e Charles Townes (Nobel em Física, 1964).

Este fenômeno de subjetividades religiosas e ideológicas também ocorre entre os evolucionistas. Por exemplo, Kenneth Miller e Francis Collins, um católico e o outro protestante, são teístas evolucionistas. Se Michael Behe é chamado de criacionista pelos evolucionistas, como deveriam ser chamados Miller e Collins? Criacionistas teístas evolucionistas da Terra antiga???

O que me leva apresentar uma defesa apaixonada dos principais conceitos que validam a existência de design inteligente é, entre outras, a afirmação de Dawkins: o design na natureza é uma ilusão. Ora, se a declaração negativa de Dawkins é considerada científica, por que a afirmação de que o design é real na natureza não é científica?

Quem fugiu da parada – Dembski, Elsberry ou Shallit?

Menegídio e Rosseti serviram um café super requentado na discussão entre Dembski, Elsberry e Shallit sobre o conceito de complexidade especificada de Dembski: se um objeto natural for intencionalmente planejado, ele conterá altos níveis de ICE que podem ser conhecidos contando-se os bits utilizados na criação de um objeto, e que no ano de 2003, os teóricos da informação Wesley Elsberry e Jeffrey Shallit apresentaram 8 desafios no site do National Center for Science Education (NCSE) com relação a Complexidade Especificada de Dembski.

Entre os desafios, o mais simples e transparente: apresentar o cálculo de ICE de um objeto conhecidamente criado – uma bola de baseball, e outro proposto por Shallit com 5 questões sobre teoria da informação, que vão de encontro às premissas de Dembski. Menegídio e Rosseti afirmaram que “nenhum dos dois desafios foram respondidos por Dembski ou qualquer outro teórico da complexidade especificada”. Será? Nada mais falso!

Dembski cansou de responder esses desafios de Elsberry e Shallit através de réplicas públicas e de comunicações pessoais. Vide especialmente:

2005 – Specification: The Pattern That Signifies Intelligence

http://www.designinference.com/documents/2005.06.Specification.pdf

2005 – Searching Large Spaces: Displacement and the No Free Lunch Regress

http://www.detectingdesign.com/PDF%20Files/Dembski%20-%20Searching_Large_Spaces.pdf

Outros defensores e proponentes da TDI que refutaram Shallit em várias ocasiões:

2005 Jeffrey Shallit

http://www.uncommondescent.com/evolution/jeffrey-shallit/

2005 Jeffrey Shallit, Part II

http://www.uncommondescent.com/intelligent-design/jeffrey-shallit-part-ii/

2005 Intelligent Design Proponents Toil More than the Critics: A Response to Wesley Elsberry and Jeffrey Shallit

http://www.discovery.org/a/14911

Notem o silêncio de Elsberry e Shallit – de 2003 a 2010. Estase epistemológica…

2011 Unsophisticated and Outdated Scientific Critiques of Intelligent Design in Synthese

http://www.evolutionnews.org/2011/01/unsophisticated_and_outdated_s042661.html

A ressurreição de Elsberry e Shallit contra Dembski se deu em 2011 com um café super requentado baseado no antigo artigo de 2003 que já tinha sido replicado por Dembski!

Menegídio e Rosseti, especialistas em literatura do DI, deixaram de mencionar o site com as pesquisas científicas de Dembski. Não mencionaram por falta de competência acadêmica em lidar com as proposições científicas de Dembski – matemática pura de alto nível. http://evoinfo.org/index/

O termo/conceito é meu, ninguém tasca, nem usa, eu vi primeiro!

Eles levantaram a questão da originalidade do termo “complexidade especificada” por Leslie Orgel, pesquisador da origem da vida, distinguindo as coisas vivas das não vivas, tentando demonstrar a apropriação indébita do termo pelos teóricos do DI. Nada mais em descompasso com a verdade – já tínhamos reconhecido isso: a complexidade especificada é um conceito derivado da literatura científica e não é uma invenção dos teóricos do DI. E adianto – nem a ideia de complexidade irredutível é original em Michael Behe – Fred Hoyle o antecipou na sua discussão do complexo de proteína histonas. Vide seu livro Mathematics of Evolution, de 1999.

Talvez Menegídio e Rosseti, e a maioria dos evolucionistas não saibam, mas o princípio e o termo “seleção natural” não foram descobertos por Darwin, mas por Patrick Matthew no seu livro On Naval and Timber Aboration, baseado no seu conhecimento de árvores em 1831 – ano em que Darwin partiu da Inglaterra no HMS Beagle. Após ler uma resenha do Origem das Espécies no Gardener’s Chronicle em 1860, ele enviou uma carta ao editor destacando que a teoria da seleção natural de Darwin não era novidade nenhuma, pois ele já tinha escrito quase que a mesma coisa em 1831. Darwin reconheceu o trabalho anterior e original de Matthew: ele “viu distintamente… a força total do princípio da seleção natural” na 3ª. ed. do Origem das Espécies (1861). Pelo critério de originalidade da dupla, Darwin se apropriou indevidamente do termo e conceito da seleção natural. Darwin, seu usurpador de termos e conceitos dos outros…

E agora o Prof. Dr. Mike Sutton, professor de Criminologia e Sociologia, da Escola de Ciências Sociais da Nottingham Trent University, publicou uma carta aberta à Royal Society de Londres para reconhecer a primazia de Matthew como o autor do termo e do princípio de seleção natural.

http://pos-darwinista.blogspot.com.br/2015/02/carta-aberta-para-royal-society.html

Gente, desde quando termos científicos não podem ser usados e seus conceitos estendidos? Existe agora um copyright exclusivo de termos e conceitos?

Um “design inteligente para ateus”. E daí?

Menegídio e Rosseti disseram que Orgel usou o termo complexidade especificada para as características biológicas que atualmente na ciência teriam surgidas através de um processo evolutivo, e estabelecido alguns “requisitos necessários e suficientes para qualificar uma estrutura como viva” (ORGEL 1973:164), e que ao tratar a complexidade especificada no seu livro, ele a demonstrou ser compatível e interligada com a Evolução Biológica.

Pergunta: se a complexidade especificada requer uma sequência improvável e um arranjo funcional específico, quais processos darwinistas deram origem à informação biológica? Orgel respondeu substanciando isso? Menegídio e Rosseti se habilitam? Alguém se habilita?

Quanto ao uso posterior por Paul Davies, um físico, diferentemente do afirmado por Menegídio e Rosseti, Davies falou sobre os organismos vivos serem misteriosos não somente por causa de sua complexidade, mas por sua “complexidade altamente especificada”. (DAVIES, 1999, p. 112). Bem próxima do uso consagrado por Dembski no seu livro The Design Inference, CambridgeUniversity Press, que os especialistas em literatura da TDI omitiram ser obra com revisão por pares! NOTA BENE 5: Revisão por pares! E pela Cambridge University, não foi pela Universidade de Itaquera, não!

Dembski não realizou total subversão das ideias de Orgel, antes transformou a análise qualitativa em análise quantitativa, pois Orgel e Davies usaram o conceito de complexidade especificada de modo flexível. Dembski, um matemático, a formalizou como um critério estatístico para identificar os efeitos da inteligência: complexidade especificada ou improbabilidade especificada. Matemática demais na TDI, matemática de menos na TE de Darwin.

http://www.uncommondescent.com/intelligent-design/on-specified-complexity-orgel-and-dembski/

Falando em matemática, a biologia evolucionária desde Darwin (1859) até hoje (2015) não é epistemologicamente matematizada:

“A honra da matemática requer que nós elaboremos uma teoria matemática da evolução, e assim provar que Darwin estava errado ou certo.” (CHAITIN 2013]

Vide Formalizing Darwinism and inclusive fitness theory, GRAFEN 2009.

http://rstb.royalsocietypublishing.org/content/royptb/364/1533/3135.full.pdf

Eis aqui, Menegídio e Rosseti, alguns detalhes importantes sobre termos e conceitos na defesa do design inteligente. Num delírio alucinante, eles atribuíram a Dembski a adoção do termo de Orgel, e somente mudou sua conclusão para adequar à sua cosmovisão. Alguém me belisque: desde quando complexidade/improbabilidade especificada tem a ver com cosmovisão?

Meus críticos afirmaram ser “extremamente comum no meio do movimento do design inteligente a ausência, ou o relaxamento de delimitações no que se refere à conceituação de termos como: complexidade, complexidade biológica, informação, informação genética, fluxo de informação, algoritmos; todos apresentados sem referências cientificas, ou cujas referências foram omitidas, por serem retiradas de modelos evolutivos anteriores”.

Nossos especialistas em literatura da TDI não apresentaram sequer um exemplo pontual onde isso ocorre. Puro delírio retórico de desesperados, e em descompasso com a verdade. Somente citando Dembski: no livro The Design Inference ele explora a natureza da complexidade especificada, e no No Free Lunch, ele definiu complexidade especificada: “A coincidência da informação conceitual e física, onde a informação conceitual é tanto identificável independentemente da informação física e também da informação complexa.” (p. 141).

Menegídio e Rosseti, especialistas em literatura do DI se queixam de que não há “delimitação de quem ou o que seria o designer inteligente”. Mas isso é ontologia, e nenhuma teoria científica aborda questões ontológicas. Ou aborda? E qual é a “amplitude conceitual” da TDI? Eles confundiram alhos com bugalhos: a TDI é uma teoria científica minimalista sobre sinais de inteligência serem detectados na natureza. A TDI não trata de aspectos ontológicos, mas de ação inteligente. Quer mais delimitação teórica do que isso? Além disso, a questão da identidade do designer permanece em aberto, assim como a causa do Big Bang permanece aberta há várias décadas. E ninguém questiona a cientificidade do modelo do Big Bang? Por que?

Se a TDI pode deixar, e tem deixado criacionistas plenamente satisfeitos, relembro aqui a Menegídio e Rosseti, ateus convictos, o que Dawkins falou sobre a teoria da evolução de Darwin:

“penso igualmente que, antes de Darwin, o ateísmo até poderia ser logicamente sustentável, mas que só depois de Darwin é possível ser um ateu intelectualmente satisfeito” (DAWKINS 2001:24-25).

A TE pode ter implicações ateístas? Pode! Depende disso para se estabelecer como teoria científica? Não! A TDI pode ter implicações teístas? Pode! Depende disso para se estabelecer como teoria científica? Também não!

Quanto ao movimento raeliano ser apresentado como um tipo de “design inteligente para ateus”, meus críticos podem espernear à vontade – se ateus conseguem enxergar sinais de inteligência, quem somos nós para impedi-los? Se ateus como Dawkins afirmam que esses sinais de inteligência são ilusão, por que outros ateus não podem discordar de ateus como Dawkins, Menegídio e Rosseti?

Há outros ateus materialistas mais importantes que simpatizam com ideia de design inteligente, mas Menegídio e Rosseti, fugiram deles como o Diabo foge da Cruz: Thomas Nagel, professor de Filosofia da Universidade New York, autor do livro Mind and Cosmos: Why the Materialist Neo-Darwinian Conception of Nature Is Almost Certainly False,

http://www.amazon.com/Mind-Cosmos-Materialist-Neo-Darwinian-Conception/dp/0199919755/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1349047401&sr=8-1&keywords=Mind+and+Cosmos

assim falou sobre a evolução neodarwinista e o design inteligente:

“Como eu já disse, dúvidas sobre o relato reducionista da vida vai contra o consenso científico dominante, mas aquele consenso enfrenta problemas de probabilidade que eu creio não são considerados seriamente o suficiente, tanto no que diz respeito à evolução das formas de vida através da mutação acidental e da seleção natural e a que diz respeito à formação a partir de matéria morta de sistemas físicos capazes de tal evolução. Quanto mais nós aprendemos sobre a complexidade do código genético e do seu controle desses processos químicos da vida, por mais difíceis que esses problemas pareçam…

Pensando sobre essas questões, eu tenho sido estimulado pelas críticas ao quadro científico mundial predominante de um endereço muito diferente: o ataque ao Darwinismo montado em anos recentes a partir de uma perspectiva religiosa [sic] pelos defensores do design inteligente. Muito embora escritores como Michael Behe e Stephen Meyer sejam motivados, pelo menos em parte, por suas crenças religiosas, os argumentos empíricos que eles oferecem contra a possibilidade de que a origem da vida e sua história evolucionária possam ser totalmente explicadas pela Física e Química são, em si, de grande interesse. Outro cético, David Berlinski, tem apresentado esses problemas vividamente sem referência à inferência de design. Mesmo que alguém não seja atraído para a alternativa de uma explicação pelas ações de um designer, os problemas que esses iconoclastas colocam para o consenso científico ortodoxo devem ser considerados seriamente.”

A quem interessa saber quem pariu Mateus?

A questão de originalidade e pertencimento de conceitos e termos abordados por Menegídio e Rosseti é linguisticamente interessante, mas a quem interessa saber quem pariu Mateus? Já vimos que Darwin não foi original com o termo e o conceito de seleção natural. Mas o termo ganhou projeção e destaque com Darwin. Tanto o conceito e o termo de complexidade irredutível não pertencem a Michael Behe, e embora eles não saibam, isso sempre foi reconhecido por Behe e os demais teóricos e defensores da TDI. O que importa não é tanto a originalidade de nomear, mas o que o conceito de complexidade irredutível trás de dificuldades para a evolução darwinista – não explica a origem de um “simples” flagelo bacteriano, e tem capacidade de explicar toda a diversidade e complexidade das formas biológicas? Tem? Há controvérsia!

A ideia de complexidade irredutível de Behe não é cópia do conceito apresentado por Hermann J. Muller, geneticista estadunidense, Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1946. Segundo H. Allen Orr, Muller não usou o termo complexidade irredutível de Behe, mas irreversibilidade: você pode adicionar algo extra porque é meramente vantajoso, e uma vez que se torna essencial, você não pode removê-lo.

Na réplica de Behe à resenha de Orr, ele nem se incomodou com essa “semelhança” de conceitos. Por que? Porque a diferença entre os conceitos de Muller e Behe, é que o conceito de complexidade irredutível de Behe é para sistemas que “desde o início” exigem múltiplas partes. Se uma das partes exigidas estiver faltando, o sistema não teria funcionado “de jeito nenhum” desde o início. Não é o caso do conceito de Muller onde uma “parte A” funciona um pouquinho no início e depois alguma parte é adicionada, conforme descrito no artigo Genetic Variablity, Twin Hybrids and Constant Hybrids, in a Case of Balanced Lethal Factors, Genetics, Vol 3, Nº 5, Sept 1918.

Foi melhor para Orr não ter reivindicado a primazia desse conceito de complexidade irredutível de Muller, mesmo não conflitando com o processo evolutivo da Teoria Sintética da Evolução, pois ele é completamente diferente do conceito apresentado por Behe em 1996. Ele teria pago o maior mico de ter lido e não entendido o conceito de complexidade irredutível de Behe.

A falácia genética de criacionismo = TDI e otras cositas mais da Wikipedia

Na apologética darwinista, especialmente a amplamente divulgada na internet pela Galera dos meninos e meninas de Darwin, é comum irem à WIKIPÉDIA para copy, cut, and paste, como foi o caso desta seção do artigo de Menegídio e Rosseti. https://pt.wikipedia.org/wiki/Complexidade_irredut%C3%ADvel

Eles associam escritos de criacionistas, especialmente os da Terra jovem como Henry M. Morris, por terem usados conceitos similares aos da TDI com alguma variação: “Este espectro pode ser atacado quantitativamente, usando princípios simples da probabilidade matemática. O problema é simplesmente se pode um sistema complexo, no qual muitos componentes funcionam unidos, e no qual cada componente é individualmente necessário para o funcionamento eficiente do todo, ter surgido por processos aleatórios” (MORRIS 1974).

E que em 1981, Ariel Roth, defendendo a posição da ”ciência da criação”no caso de McLean vs. Arkansas, falou de “estruturas complexas integradas” não poderiam “ser funcionais a menos que todas as partes estejam ali… Como estas partes sobreviveram durante a evolução…?” (KEOUGH and GEISLER 1982:146). E daí? Criacionistas não podem fazer ciência? Newton, entre muitos cientistas de ontem e hoje, era criacionista…

Eles destacaram o que Cairns-Smith escreveu em 1986 sobre a interconexão: “Como pode uma colaboração complexa entre componentes evoluir em pequenos passos?” Sua analogia da estrutura – centralização foi usada para construir um arco, sendo removida depois: “Com certeza houve ‘centralização’. Antes que os múltiplos componentes da bioquímica atual possam curvar-se sozinhos ela deve primeiro curvar-se sobre outra coisa” (CAIRNS-SMITH 1986:39, 59-64).

O argumento de Cairns-Smith é válido até certo ponto – que a evolução gradual pode remover partes além de adicioná-las. Os teóricos do DI perguntam – vocês podem nos dar um exemplo biológico análogo de “arco” ou andaime? Estamos esperando desde 1986 Cairns-Smith fornecer este exemplo. Quem sabe Menegídio e Rosseti fornecem um exemplo real e relevante disso…

Para complicar mais ainda, é preciso considerar a definição de complexidade irredutível de Behe: ela não somente requer apenas uma parte, mas “diversas partes bem combinadas que interagem”. Mesmo que a remoção de partes do andaime/apoio resulte em um sistema de complexidade irredutível, seria necessário construir o andaime. Behe pergunta: como a evolução não guiada constrói o andaime adicionando partes? Se Cairns-Smith não respondeu, quem sabe Menegídio e Rosseti respondem…

Mencionarm também uma dissertação apoiando o criacionismo publicada em 1994 onde os flagelos bacterianos foram apresentados como “componentes múltiplos e integrados”, onde “nada neles funciona a menos que todos seus complexos componentes estejam juntos” e pediu ao leitor que “imagine os efeitos da seleção natural nestes organismos que tenham fortuitamente evoluído o flagelo… sem os mecanismos de controle concomitantes [sic]” LUMSDEN 1994:13-22.

O que há de errado cientificamente com a observação do pesquisador? E o fazer perguntas? Agora está proibido fazer perguntas em ciência? Síndrome do soldadinho de chumbo – todo mundo pensando igual e ninguém pensando em nada???

Continuando com a prática nefanda de copy, cut and paste da WIKIPÉDIA, Menegídio e Rosseti, não satisfeitos, trouxeram à baila um conceito anterior de sistemas irredutivelmente complexos de Ludwig von Bertalanffy, um biólogo austríaco do século 20: sistemas complexos deveriam ser examinados como sistemas completos e irredutíveis para se compreender seu funcionamento, e que estendeu seu trabalho sobre complexidade biológica em uma Teoria Geral de Sistemas (TGS) no livro General System Theory (Teoria Geral de Sistemas), mas após James Watson e Francis Crick terem publicado a estrutura do DNA no início da década de 1950, a TGS perdeu muitos seguidores nas ciências físicas e biológicas, mas permaneceu popular nas ciências sociais mesmo tendo sido abandonada nas ciências físicas e biológicas. (VON BERTALANFY 1952:148).

Sinal que a complexidade irredutível já era visível para alguns cientistas evolucionistas. O que poderia ter impedido o avanço científico nesta área? A turma nefasta do DI que impede o avanço da ciência ou dos darwinistas???

Para pôr um ponto final nessa pendenga de quem pariu Mateus, oops quem cunhou a expressão/conceito de complexidade irredutível foi Michael J. Katz, biólogo teórico, no seu livro Templets and the explanation of complex patterns, pela Cambridge University Press, de 1986:

“No mundo natural existem muitos sistemas de montagens padrões para os quais não há uma simples explicação. Existem explicações científica úteis para esses sistemas complexos, mas os padrões finais que eles produzem são tão heterogêneos que eles não podem efetivamente ser reduzidos a componentes predecessores cada vez menores ou menos intricados. Como eu argumentarei nos caps. 7 e 8, esses padrões são, em um sentido fundamental, irredutivelmente complexos…” (p. 26-27)

Um sistema “irredutivelmente complexo”: uma pedra no sapato de Darwin

Menegídio e Rosseti afirmaram, via WIKIPÉDIA, que o argumento da complexidade irredutível de Behe foi apresentado pela primeira vez em junho de 1993, na reunião do “grupo de professores Johnson-Behe”, em Pajaro Dunes, Califórnia, nos primeiros dias do “movimento da cunha”, sendo seu argumento publicado no livro criacionista Of Pandas and People, na seção “Excursion Chapter 6: Biochemical Similarities”. E daí? Ninguém pode contribuir com um capítulo para um livro?

Muller e Cairns-Smith nunca alegaram que suas ideias eram evidências de algo sobrenatural ou a atuação de um designer, muito menos os teóricos da TDI falam de sobrenatural e designer, mas de sinais de inteligência.

Menegídio e Rosseti mencionaram o sistema de coagulação sanguíneo, mas não atribuíram o autor. Eu presumo que eles se basearam em Kenneth Miller, pois é muito semelhante a argumentação – o maquinário molecular responsável pelo sistema de coagulação sanguíneo pode ser entendido como resultado da evolução do sistema imunológico rastreado desde os invertebrados, como acúmulo de genes homólogos com vertebrados, e por não ser irredutivelmente complexo já que seu mau funcionamento não implica necessariamente na morte do indivíduo, e que a melhor evidência são os tipos relativamente comuns de Hemofilia, tipo A e B, que correspondem a deficiências em fatores bioquímicos chaves da coagulação, e que podem ser explicados por genética básica mendeliana.

Behe argumenta que vertebrados terrestres têm dois caminhos diferentes pelos quais a cascata de coagulação sanguínea pode ser iniciada – a via “intrínseca” e a via “extrínseca”. (Pode have alguma passagem entre as duas vias) Os estágios finais da cascata de coagulação sanguínea podem ocorrer após uma ou outra via alcançar o fator X, também chamado de fator de Stuart. Esses estágios finais da cascata são os que Behe chama de “além da bifurcação” ou “após a bifurcação”.

No livro A Caixa Preta de Darwin, Behe especificamente declarou que seu argumento de complexidade irredutível dizia respeito somente “após a bifurcação” onde as cascatas intrínseca e extrínseca convergem:

“Deixando de lado o sistema antes da bifurcação na via antes da bifurcação na via, etapa em que alguns detalhes são menos conhecidos, o sistema de coagulação ajusta-se à definição de complexidade irredutível. … Os componentes do sistema (depois da bifurcação) são o fibrinogênio, a protrombina, o fator de Stuart, e a proacelerina. … na ausência de qualquer um dos componentes, o sangue não coagula e o sistema entra em pane”. (BEHE 1997:92-93)

Assim sendo, Miller não refutou o argumento de Behe, pois Miller somente apresentou evidências de alguns vertebrados (como golfinhos e peixes com mandíbulas) que não têm certos componentes envolvidos na via intrínseca (fatores XI, XII, e XIIA) encontrados em vertebrados terrestres.

Menegídio e Rosseti estão em descompasso com a verdade (uma forma elegante de chamá-los de mentirosos) sobre Behe, ao ser questionado pelo advogado Eric Rostchild no julgamento de Dover – sobre a leitura de livros técnicos (sic) sobre a origem e evolução do sistema imunológico, assume que não havia consultado tal literatura. Como mentira tem pernas curtas, reproduzo o diálogo real entre Rotschild e Behe:

Rotschild: É esta a sua posição hoje de que esses artigos (sic, não livros técnicos) não são bons o suficiente, que você precisa de uma descrição passo a passo?

Behe: Esses artigos são artigos excelentes eu presumo. Todavia, eles não abordam a questão que eu estou colocando. Então não é que eles não sejam bons o suficiente. É simplesmente que eles são direcionados para um assunto diferente.

A nova definição de Behe de complexidade irredutível, Menegídio e Rosseti, os verdadeiros cientistas, sabem que em ciência isso é normal, tem nada a ver com livrar-se das críticas apontadas por Cavalier-Smith, mas devido à ambiguidade destacada por H. Allen Orr em resenha citada na réplica deles. Antes, e para o arrepio dos darwinistas, a nova definição é uma definição “evolucionária” a ser confirmada:um processo evolucionário de complexidade é aquele que contém uma ou mais etapas não selecionadas (isto é, uma ou mais mutações necessárias, mas não selecionadas). Com isso, o grau de complexidade irredutível é o número de etapas não selecionadas no processo.

Esta nova definição, e Menegídio e Rosseti ficaram sabendo aqui, tem a vantagem de promover pesquisas; de declarar nitidamente processos evolucionários detalhados; medir os recursos probabilísticos; calcular as taxas de mutação; determinar se uma determinada etapa é selecionada ou não. Além disso, ela permite a proposição de qualquer cenário evolucionário que um darwinista (ou outros) queira submeter, pedindo apenas que seja detalhado o bastante de modo que parâmetros relevantes possam ser calculados.

Se a improbabilidade do processo exceder os recursos probabilísticos disponíveis (aproximadamente o número de organismos ao longo do tempo relevante no ramo filogenético relevante) então o Darwinismo será considerado uma explicação improvável e o design inteligente uma explicação provável. Simples assim, mas os especialistas em literatura do design inteligente desconheciam completamente…

In Defense of the Irreducibility of the Blood Clotting Cascade: Response to Russell Doolittle, Ken Miller and Keith Robison

http://www.discovery.org/a/442

Eles dizem que me esqueci das novas críticas em diversos artigos peer-reviewed, mas Menegídio e Rosseti e nenhum evolucionista podem sequer mencionar apenas um artigo na literatura científica apresentando um cenário darwinista detalhado ou de experimentos que demonstrem como que a seleção natural ou quaisquer mecanismos evolucionários puderam ter construído um sistema de complexidade irredutível.

Jame A. Shapiro, um microbiologista evolucionista, da Universidade de Chicago declarou: “Não existem relatos darwinistas detalhados para a evolução de qualquer sistema fundamental bioquímico ou celular, somente uma variedade de especulações fantasiosas.” (SHAPIRO 1996). Jerry Coyne, biólogo evolucionista, também da Universidade de Chicago, afirmou: “Não há dúvida de que os processos descritos por Behe são impressionantemente complexos, e a sua evolução vai ser difícil de se desvendar… Nós podemos ser para sempre incapazes de imaginar os primeiros protoprocessos.” (COYNE 1996).

Estamos em 2015, e o desafio de Behe para os darwinistas é este: Escolha uma espécie de bactéria apropriada, silencie os genes do seu flagelo, coloque a bactéria sobre pressão seletiva (de mobilidade, digamos), e experimentalmente produza um flagelo – ou qualquer sistema complexo idêntico – no laboratório. Afinal de contas, um flagelo bacteriano tem em média 30-40 genes, e seria muito fácil para a seleção natural reprojetar rapidamente. Menegídio e Rosseti aceitem o desafio e assim derrubem de vez a complexidade irredutível de Behe!

Apesar da crítica deDouglas Theobald (The Mullerian Two-Step: Add a part, make it necessary or, Why Behe’s ‘Irreducible Complexity’ is silly, publicada em um site em 18 de julho de 2007), baseada em Muller, ser bastante conhecida, a solução dele com apenas “dois passos básicos” para evoluir um sistema irredutivelmente complexo a la Darwin, de adicionar uma parte, depois torne-a necessária, e que depois das duas etapas, a remoção da parte vai destruir a função, e o sistema seria produzido direta e gradualmente de um simples precursor funcional. Behe alega ser impossível isso.

Razões por que a crítica de Theobald é irrelevante. Por várias razões. O exemplo dele é teleologia pura – adicionar uma parte que antes não era necessária e depois se torna necessária. Isso não é Darwinismo, isso é Design Inteligente. Vamos detalhar as duas etapas mullerianas – um processo que aleatoriamente remove tijolos de uma parede vai focar agora em uma ponte na mesma base que focou nos outros tijolos. À medida em que o tempo passa, a probabilidade de a ponte ser destruída aumenta.

Lembre-se, o processo evolucionário darwinista supostamente resulta em mais e mais sistemas serem criados com o passar do tempo. É como se mais paredes surgissem plenamente formadas prontas para terem seus tijolos removidos. Quanto mais complexidade irredutivel for empilhada na parede, é grande a probabilidade de que toda a estrutura irá desmoronar. Desde 2007 esperamos algum evolucionista apresentar esse sistema. O que parece uma grande crítica, é na verdade, irrelevante. Menegídio e Rosseti conhecem algum sistema biológico que corresponda à analogia da ponte de tijolos?

É improcedente a análise de que os dois principais argumentos favor do DI tenham sido cooptados de conceitos existentes na literatura científica e mudados nas suas conclusões adicionando-se um designer inteligente. Esses especialistas na literatura do DI, estão adulterando o corpus teórico da TDI que não fala em designer, mas em sinais de design inteligente. Menegídio e Rosseti deliraram em afirmar que historicamente os conceitos tinham total ligação com a evolução biológica, perdida com a apropriação por criacionistas e posteriormente por proponentes do design inteligente. Nada mais falso!

Menegídio e Rosseti disseram que na minha sede de apresentar “pelo menos uma evidencia favorável a seu movimento”, cometi gafes e demonstrei desconhecimento das publicações mais recentes na área científica que tentei apresentar. Vamos verificar essa imputação espúria.

As pesquisas experimentais identificando mais de 30 proteínas necessárias para o funcionamento pleno de um flagelo é MINNICH, Scott. Transcript of Testimony of Scott Minnich, pp. 103-112, Kitzmiller et al. v. Dover Area School Board, No. 4:04-CV-2688 (M.D. Pa., Nov. 3, 2005). O motor flagelar não é o tipo de estrutura que alguém possa absolutamente vislumbrar possa ser produzido de modo lento e gradual darwinista:

“Uma mutação, uma parte removida, ele não pode nadar. Ponha de volta aquele gene e nós restauramos a mobilidade. A mesma coisa aqui. Nós colocamos, removemos uma parte, colocamos de volta uma boa cópia do gene, e eles podem nadar. Por definição, o sistema é irredutivelmente complexo. Nós fizemos isso com todos os 35 componentes do flagelo, e nós obtivemos o mesmo efeito” (MINNICH, 2005). Experiências feitas no flagelo bacteriano em E. coli S. typhimurium.] e o artigo de Robert M. Macnab, “Flagella,” in Escheria Coli and Salmonella Typhimurium: Cellular and Molecular Biology vol. 1, pp. 73-74, Frederick C. Neidhart, John L. Ingraham, K. Brooks Low, Boris Magasanik, Moselio Schaechter, and H. Edwin Umbarger, eds., Washington D.C.: American Society for Microbiology, 1987, dá suporte a isso.

Eu citei PALLEN e MATZKE 2006: “… a comunidade de pesquisa do flagelo mal começou a considerar como que esses sistemas evoluíram”, porque li, entendi o artigo deles, e sua extensa tabela, e foram eles que disseram ser o atual status da comunidade científica em relação à evolução do flagelo bacteriano. Sem dúvida que na extensa tabela23 proteínas foram classificadas como indispensáveis para o funcionamento de um flagelo “moderno”, (55%) de um total de 42 proteínas, e 15 proteínas são únicas, sem homólogos conhecidos, e teríamos apenas 2 proteínas tidas como indispensáveis e únicas no funcionamento do flagelo – 5% das 42 proteínas, e que isso seria um quadro muito diferente do exibido pelos teóricos da TDI.

No meu artigo eu ignorei de propósito o abstract de Pallen e Matzke (2006). “From The Origin of Species to the origin of bacterial flagella” Nature Reviews Microbiology, 4(10), 784-790. October 2006 [Link] porque queria que ele fosse percebido e mencionado na réplica de Costa, que não veio, para destacar duas coisas:

“No recente julgamento de Dover, e em outros lugares, o movimento do ‘Design Inteligente’ tem defendido o flagelo bacteriano como um sistema de complexidade irredutível que, é reivindicado, não poderia ter evoluído através da seleção natural. Aqui nós exploramos os argumentos em favor da opinião de considerar o flagelo bacteriano como evoluído, em vez de entidades intencionalmente planejadas. Nós descartamos (sic) a necessidade de quaisquer grandes saltos conceituais em criar um modelo de evolução flagelar e especulamos (sic) como que um programa experimental focalizado neste tópico possa parecer.” (Ênfases deste Autor). NOTA BENE 6: Descartamos a necessidade de saltos conceituais e especulamos como que um programa experimental possa parecer.

Que tipo de artigo Pallen e Matzke escreveram? Foi um review article (fonte secundária, escrito sobre outros artigos e não reporta pesquisa original do autor) em vez de um research study (fonte primária reportando o método e os resultados de um estudo original realizado pelos autores). Eles responderam ao desafio de Behe em 1996?

Behe afirmou – não existe nenhum artigo com revisão por pares em quaisquer publicações científicas relevante sobre uma explicação gradual darwinista explicando a evolução do flagelo bacteriano. Pallen e Matzke mencionaram algum artigo no review article deles? Nenhum. Nil. Zero! E depois de quase 10 anos os darwinistas conseguiram apenas escrever um review article? Eles apenas propuseram como que um pesquisador deve conduzir uma pesquisa sobre como a evolução poderia ter produzido a complexidade irredutível de um flagelo bacteriano.

Enfim, o artigo de Pallen e Matzke nada mais é do que a patente admissão de que Behe estava certo o tempo todo. Quase uma década após o artigo deles, tempo suficiente para pesquisas serem realizadas, e não existe nenhuma. Quem sabe esperar mais uma década, daqui a cem anos, ou um milênio depois…

E para refutar a complexidade irredutível basta que um cientista demonstre experimentalmente que um flagelo bacteriano, ou quaisquer outros sistemas comparavelmente complexos possa surgir pela seleção natural. Simples assim, mais complexo demais para Darwin e discípulos. Menegídio e Rosseti, topam esse desafio? Antes, leiam este artigo:

Architecture of a flagellar apparatus in the fast-swimming magnetotactic bacterium MO-1, Juanfang Ruan et al (2012)

http://www.pnas.org/content/109/50/20643.full.pdf

http://www.pnas.org/content/suppl/2012/11/22/1215274109.DCSupplemental/pnas.201215274SI.pdf

http://www.pnas.org/content/suppl/2012/11/22/1215274109.DCSupplemental/pnas.201215274SI.pdf

A inegável e indefensável existência da controvérsia entre evolução-design inteligente

Menegídio e Rosseti estão desatualizados na literatura científica sobre a controvérsia evolução-design inteligente: ela não é “baseada em reinterpretações de resultados de artigos científicos, textos interpretados ao bel-prazer e apropriações de termos científicos muito bem definidos que foram subvertidos para se adequar a uma resposta a priori”, mas nos diversos artigos escritos por darwinistas, teóricos e defensores do design inteligente.

A controvérsia evolução-design inteligente não se resumiu mencionar o documento A Scientific Dissent from Darwinism e extrapolar seu foco: deveria ter mencionado que ele estabeleceu um marco da existência de uma controvérsia sobre a teoria da evolução de Darwin motivada por questões estritamente científicas que é amplamente negada pelos darwinistas.

Menegídio e Rosseti, especialistas na literatura do Design Inteligente, deveriam saber mais sobre esta controvérsia que ganhou as páginas de renomadas publicações científicas comoThe American Biology Teacher, BIOS, BioScience, Biosystems, Evolution, Genetics, Integrative and Comparative Biology, Integrative Physiological and Behavioral Science, Journal of Statistical Physics, Nature, Palaios, Philosophy of Science, Physics in Perspective, Quarterly Review of Biology, Science, Trends in Ecology and Evolution entre outras, inclusive as citadas por eles. Disfunção cognitiva ou retórica vazia? Essas publicações não estão a soldo do Discovery Institute. E estão ao alcance de quaisquer pesquisadores com acesso ao CAPES/Periódicos: mais de 37 mil periódicos.

http://www.periodicos.capes.gov.br/

As evidências para o design inteligente não são simples apropriações e subversão de conceitos já usados por criacionistas e evolucionistas, muito menos o repaginamento do relógio de Paley, pois quem motivou Behe na busca pela complexidade irredutível de sistemas biológicos foi Darwin:

“Se pudesse ser demonstrada a existência de qualquer órgão complexo que não poderia ter sido formado por numerosas, sucessivas e ligeiras modificações, minha teoria desmoronaria por completo.” (DARWIN 1872).

Não tentei nublar diversas evidências sobre a evolução biológica – Darwin acertou no varejo, e errou no atacado! E as evidências concretas a favor do design inteligente foram claramente apresentadas: sinais de inteligência são empiricamente detectadas na natureza quando encontrarmos complexidade especificada e complexidade irredutível. Exemplificar o livro Como derrotar o evolucionismo com mentes abertas, de Phillip E. Johnson, como ligação histórica do design inteligente com o criacionismo é cometer falácia genética.

Concluo com três citações, uma de David Berlinski, um agnóstico, matemático, simpatizante da TDI, sobre os poderes transmutacionistas da teoria da evolução de Darwin:

“Não é impossível transformar uma barra de metal em ouro – é apenas muito difícil. Da alquimia para a teoria atômica há uma progressão governada em parte por um parâmetro deslizante, um medindo a dificuldade da transmutação atômica. Os antigos achavam fácil, os modernos acham difícil. Na biologia evolucionária, é ao contrário.”

Outra de Thomas Huxley sobre Richard Owen, parodiando o texto de Dryden em que Alexandre, o Grande, embriagado, luta novamente suas batalhas durante um monólogo:

“E três vezes ele derrotou todos os seus inimigos, e três vezes ele matou o morto” – a vida é muito curta para alguém se ocupar em matar o morto mais do que duas vezes.

E finalmente, três linhas de um poema de Robert Frost (1874-1963), The Road Not Taken (A estrada que não foi viajada):

Duas estradas divergiam em uma floresta, e eu

Eu peguei a estrada menos viajada,

E isso fez toda a diferença.

Carpe diem!

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Enézio E. de Almeida Filho é professor e pesquisador em História da Ciência, mestre em História da Ciência, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2008