Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Eliane Brum envia SOS de Altamira: a matança continua

(Foto: Agência Brasil – Ueslei Marcelino)


Publicado originalmente no site Balaio do Kotscho
Recebi agora (14 de dezembro) e transcrevo abaixo o pedido de socorro enviado ao blog pela amiga Eliane Brum, repórter do jornal espanhol El País, baseada em Altamira, no Pará, no coração da Amazônia:
“Kotscho, meu amigo tão querido (e valente)!
Não sei mais, meu amigo, o que fazer para que as pessoas acordem para a ação. Acho que esses gritos intermitentes nas redes sociais servem para aplacar a angústia – que não pode ser aplacada, porque temos mesmo que entrar em pânico – e não movem nada.
Aqui dormimos com uma morte – ou melhor, não dormimos, às vezes a gente passa a noite com insônia pensando no que fazer – e, aí, quando acordamos, já tem outra morte. Ou outra ameaça, ou outro recuo. Falo em “nós” porque somos poucos, mas há gente boa lutando aqui.
Não suporto mais escutar pessoas avisando: “vão me matar”. E eu sei que vão mesmo. E não consigo fazer nada para impedir.
Mas é isso. Seguimos. Estou com muito medo desse recesso de Natal, quando as poucas instituições que ainda funcionam parcialmente fecham as portas e também as ONGs entram em férias coletivas.
Os brancos vão descansar e os coloridos levam tiro.
Desculpa o desabafo. Eu ando assim, furiosa. A fúria me impede de adoecer de Brasil.
Abraço forte, estamos juntos.
Eliane”
Depois de ler tanta angústia expressa em tão poucas linhas, que mais eu poderia dizer?
Força, Eliane, aguenta firme aí porque o mundo precisa conhecer esse massacre de gente, bichos e matas que está acontecendo na Amazônia.
Te cuida, mas não desanime.
Abração,
Ricardo Kotscho
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Ricardo Kotscho é jornalista.