Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A notícia como base da comunicação na era digital

(Foto: Unsplash)

Até agora, notícia era o que chegava até nós através de jornais, revistas, emissoras de rádio ou TV. Mas a partir da virada do século XXI isto mudou e passamos a ter acesso às novidades também pela internet e redes sociais, o que acabou criando um novo sistema de produção e disseminação de notícias, algo que os especialistas acadêmicos¹ batizaram de Comunicação Baseada em Notícias (News-based Communication, no jargão inglês).

Em não mais de três décadas começamos a receber um volume de notícias centenas de vezes maior do que antes do início da era digital. Mas não foi só uma mudança de quantidade. Foi também uma drástica alteração no conteúdo e forma das notícias recebidas e transmitidas por quase metade dos sete bilhões de habitantes do planeta Terra. A notícia deixou de ser uma exclusividade dos jornalistas e tornou-se algo produzido, processado e distribuído por pessoas comuns, sem formação jornalística.

A incorporação de milhões de indivíduos no sistema digital de circulação de notícias adicionou um novo componente ao processo de produção jornalística. Se antes a totalidade das notícias eram formatadas e comercializadas como um produto para ser comprado e vendido, na era digital, a notícia passou a ser a matéria prima para a produção de conhecimentos e, por meio destes, inovações em nosso modo de vida e nossa visão de mundo.

O surgimento da ideia de Comunicação Baseada em Notícias é uma consequência desta alteração de prioridades na função da notícia, que deixa de ser tratada, principalmente, como um produto comercial para ganhar a condição de gatilho do conhecimento. A função comercial continua, só que não é mais hegemônica dentro da comunicação social.

A esmagadora maioria das mensagens que recebemos através de redes sociais como Facebook, Twitter, Whatsapp, Instagram e outras atraem nossa atenção porque contêm algo novo ou diferente. Algo que altera ou pode alterar a realidade que nos cerca. Isto ,em geral, provoca curiosidade ou insegurança nas pessoas que, normalmente, são levadas a tentar eliminar dúvidas e incertezas através da reflexão sobre dados, fatos ou eventos inéditos, para posteriormente incorporá-los ao seu conjunto de conhecimentos e informações.

A notícia como ímã de atenção pública

A notícia funciona, portanto, como o imã da atenção individual e como gatilho do processo de transformação de um dado bruto em conhecimento pessoal, capaz de ser transformado em ações. Este mecanismo mental não é novo, pois existe desde que surgiu a comunicação entre seres humanos. O novo é a intensidade, amplitude e diversidade que o processo adquiriu com a digitalização e a internet.

Foi um salto quantitativo que levou a uma mudança qualitativa na relação entre as pessoas, porque na era analógica o fluxo de notícias era basicamente unidirecional — do jornalista para o público. Agora ele se tornou também multidirecional porque além do público influenciar os jornalistas por meio das redes sociais, as tecnologias digitais de comunicação passaram também a interferir na forma como ocorre a comunicação contemporânea.

Até agora a tecnologia era um coadjuvante na comunicação social, mas a partir do crescimento exponencial do número de robôs e algoritmos eletrônicos, sua influência no processo da comunicação social passou a ser enorme. Tão grande que surgiu a expressão ‘midiatização’ para definir a onipresença das mídias, em sua esmagadora maioria eletrônicas, na forma como as notícias fluem no ambiente social, gerando conhecimento e, a partir dele, inovações sociais e econômicas.

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Notas

¹ Ver mais detalhes no artigo Innovation Through Practice.

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Carlos Castilho é jornalista, graduado em mídias eletrônicas, com mestrado e doutorado em Jornalismo Digital e pós-doutorado em Jornalismo Local.