Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Arquivo disponibiliza nova leva de documentos da ditadura

O Arquivo Público do Estado de São Paulo acaba de disponibilizar em seu site temático “Memória Política e Resistência” uma nova leva de documentos de órgãos da repressão, no período da ditadura. Trata-se dos Boletins Informativos e dos Sumários do Comunismo Internacional produzidos pelo SNI (Serviço Nacional de Informações), e enviados ao Departamento de Ordem Política e Social (DEOPS-SP).

Os boletins do SNI representavam um meio de distribuir e circular informações internas ao aparato repressivo brasileiro da época. Eles tratavam da conjuntura nacional, com notícias do governo federal, informações sobre movimentos de esquerda e sobre novas ofensivas contra a “subversão”. Os boletins também noticiavam a rotina burocrática do órgão. De acordo com informações do Centro de Difusão e Apoio à Pesquisa, um dos aspectos curiosos desse material é que ele mostra o SNI monitorando não apenas grupos contrários à repressão, mas também pessoas que apoiavam o regime.

A documentação do SNI remetida aos órgãos locais de repressão tinha a finalidade de buscar e difundir informações que visavam o controle sobre o “inimigo interno” (grupos organizados que lutavam contra a ditadura militar), e também entender a atuação desses grupos. A partir desses objetivos nasceram os Sumários do Comunismo Internacional – apanhado de notícias e informações sobre o “avanço do comunismo no mundo”, que era pesquisado e organizado pelo SNI e depois remetido aos órgãos de repressão locais para acompanhamento.
 
O SNI, que era federal, foi o principal órgão de informações do regime militar brasileiro. Além de coletar informações sobre a sociedade civil, o órgão tinha outras funções: vigiar setores da sociedade que pudessem ameaçar o regime de segurança nacional e fazer um monitoramento interno do Estado, informando sobre as ações de dirigentes e funcionários públicos em geral. O objetivo era manter a ordem imposta pela ditadura.

Essa documentação fornece uma visão privilegiada sobre o funcionamento dos órgãos repressivos, mostrando sua análise em relação à população que resistia à ditadura. O servidor Ricardo Santos, do Núcleo de Acervo Textual Público, conta que entre pesquisa, separação dos documentos, análise e digitalização, o trabalho durou quatro meses. O que torna esse material ainda mais peculiar é o fato de se tratar de uma documentação oficial interna. “É um material raro e difícil de ser encontrado”, afirma Santos.

Outro fator interessante é que esta documentação está disponível desde 1995 para consulta ao público, tornando o Arquivo pioneiro na disponibilização de acervos da repressão.

Os documentos estão disponíveis na segunda edição do site, através do link http://www.arquivoestado.sp.gov.br/memoriapolitica/index.php

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