Monday, 16 de September de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1305

Um site em homenagem ao jornalista

Está disponível o site que registra a trajetória do jornalista Danton Jobim, ex-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Clique aqui para conhecer.

Danton Jobim ingressou no jornalismo em 1923, como redator do jornal “O Trabalho”, órgão vinculado ao recém fundado Partido Comunista do Brasil (PCB). Esse jornal subsistiu apenas alguns meses. Com o seu fechamento, transferiu-se para o diário “A Noite”, onde fez seu aprendizado jornalístico, sob a tutela do seu fundador Irineu Marinho, também responsável pela criação de “O Globo”, embrião do império que seria construído pelo seu herdeiro Roberto Marinho.

Em 1925, transfere-se para o jornal “A Manhã”, fundado por Mário Rodrigues (pai do inesquecível dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues) onde exercitou a sua criatividade como editor gráfico, introduzindo novos modelos de paginação.

Passou a atuar, em 1929, no jornal “A Crítica”, também fundado e dirigido por Mário Rodrigues. Nele permanece durante pouco tempo, aceitando o convite de Assis Chateaubriand, timoneiro dos Diários e Emissoras Associados, para secretariar o jornal “Diário de São Paulo”. Entretanto, sua trajetória na capital paulista foi muito breve.

Retornou à imprensa carioca em 1930, trabalhando em jornais de menor porte como “A Batalha” e “A Esquerda”, como também no poderoso “Diário de Notícias”. Em 1931 incorporou-se aos quadros da Agência Meridional, pertencente ao conglomerado dos Diários e Emissoras Associados.

Transfere-se no ano seguinte (1932 ) para o “Diário Carioca,. onde trabalhou durante 33 anos. Atuou inicialmente como redator político, assumindo no ano posterior o cargo de secretário de redação. Foi corresponsável pela renovação da imprensa brasileira, ajudando a implantar o lide, o copidesque e outras inovações no processo de narração jornalística.

Em 1963 tornou-se diretor proprietário do” Diário carioca “, mas teve fôlego muito curto. No ano imediato vendeu suas ações à Horácio de Carvalho.

Logo a seguir, assumiu o cargo de diretor-presidente do jornal “Última Hora”, substituindo o fundador Samuel Wainer, perseguido pelo governo militar. Os governantes de 1964 desmantelaram a cadeia jornalística, solidamente instalada em várias regiões brasileiras. Nesse jornal, Danton Jobim fez ecoar o seu “canto de cisne” no jornalismo brasileiro, enveredando pela seara política, nas fileiras do partido oposicionista MDB. Mas ele somente se desvinculou da empresa em 1971, quando assumiu seu primeiro mandato de Senador.

Ao fazer uma avaliação da sua performance jornalística, LINS e SILVA (1992) disse enfaticamente:

“A contribuição de Danton Jobim ao jornalismo brasileiro é incalculável. Sua passagem pela direção do “Diário Carioca” transformou a face da imprensa brasileira, introduziu-a na modernidade. Foi lá que o estilo de texto contemporâneo se impôs e que um manual de redação foi, pela primeira vez, feito para ser levado a sério. Mas Jobim sofreu por isso.”

E conclui de modo provocativo:

“Ou Jobim foi muito avançado para o seu tempo ou os jornalistas brasileiros atuais estão muito atrasados para o deles. Talvez as duas coisas ocorram, mas o fato é que ainda em 1990, a resistência das redações aos sistemas e o elogio dentro delas ao improviso e à inspiração, continuam quase tão fortes quanto o eram nos tempos do “Diário Carioca” “ Basta efetuar um retrospecto dos argumentos expostos, pelos que se opõem atualmente à institucionalização profissional do jornalismo, e em face da tramitação do projeto de lei que cria o Conselho Federal de Jornalistas, para percebermos que Danton Jobim efetivamente estava adiante do seu tempo no cenário brasileiro, embora seja possível afirmar que em plano mundial, ele estivesse sintonizado com as tendências contemporâneas do campo jornalístico.

>> [Fonte: ‘O Pioneirismo de Danton Jobim na Pesquisa Jornalística Brasileira’, José Marques de Melo]