Um dos veículos mais dedicados à discussão do tema das drogas, a revista Superinteressante recebeu duas das três premiações do Prêmio Gilberto Velho Mídia e Drogas, primeiro dedicado ao tema no Brasil. O anúncio dos vencedores foi feito na segunda-feira (24/11), no seminário “Drogas: Legalização + Controle”, no Rio de Janeiro. “O Prêmio tem o objetivo de estimular a imprensa a realizar matérias sobre políticas e legislação relacionadas às drogas, um dos temas mais importantes da sociedade brasileira hoje”, disse Julita Lengruber.
O primeiro colocado foi o jornalista Tarso Araujo, pelas reportagens “O Começo do Fim” e “Tarja Verde”, publicadas pela revista Superinteressante na edição de fevereiro de 2014, e por seu trabalho dedicado a promover a discussão sobre políticas de drogas no Brasil. Tarso recebeu um premio no valor de R$ 7 mil. Diretor do longa “Ilegal”, Tarso trouxe para o debate público a discussão sobre o uso medicinal da maconha. “Tarso Araújo puxou o fio da meada e mostrou que havia uma discussão necessária que precisava ser feita sobre o uso da maconha como remédio”, disse a coordenadora do Prêmio, Julita Lengruber. “Agradeço principalmente aos pacientes, que se expuseram e aceitaram dar sua cara e seus nomes para garantir esse direito que eles têm. Felizmente, depois dessa reportagem, mais pessoas começam a reconhecer que eles têm esse direito”, Tarso, emocionado.
O segundo lugar ficou com Emiliano Urbim, pela reportagem “Médicos sem Fronteiras”, publicada pela revista O Globo no dia 12 de outubro de 2014; ele recebeu um premio de R$ 3 mil. A reportagem revela a existência de uma rede secreta que fornece extrato de maconha para pacientes. O jornalista registrou um agradecimento aos editores, que deram capa ao assunto polêmico. “É bom observar que a mídia está abrindo espaço para tratar desse assunto”.
Editor da Superinteressante, Denis Burgierman foi escolhido como menção honrosa, pela reportagem “Crack – Tudo o que sabíamos sobre ele estava errado”, publicada pela revista na edição de julho de 2014.
O prêmio homenageia o cientista social Gilberto Velho, um dos primeiros a estudar o uso de drogas, em seu livro Nobres e anjos – Um estudo de tóxicos e hierarquia, de 1998. é uma realização do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), da Universidade Candido Mendes (RJ). O júri, formado por jornalistas e especialistas no tema, avaliou 48 reportagens, produzidas em 11 estados do país, publicadas entre 1 de janeiro e 22 de outubro de 2014.
O seminário “Drogas: Legalização + Controle” foi promovido pelo ramo brasileiro da Law Enforcement Against Prohibition (LEAP) – a Associação dos Agentes da Lei contra a Proibição (LEAP BRASIL) –, em parceria com o Fórum Permanente de Direitos Humanos da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ).
Júri e critérios do prêmio
O Prêmio Gilberto Velho Mídia e Drogas pretende estimular o debate público sobre políticas e legislação relacionadas às drogas através do reconhecimento a reportagens publicadas por veículos impressos e de internet que demonstrem apuro, abrangência, capacidade investigativa e originalidade na abordagem destes temas e dos seus impactos sobre a sociedade.
Primeira premiação jornalística dedicada ao tema no Brasil, a iniciativa homenageia o antropólogo Gilberto Velho (1945-2012), pioneiro da Antropologia Social, decano da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um dos primeiros a propor a discussão sobre a regulação das drogas no Brasil.
Na seleção dos premiados para primeiro, segundo lugar e menção honrosa, o júri levará em conta:
** o ineditismo das informações divulgadas;
** a compilação de fatos, exemplos e dados que contribuam para desafiar ideias pré-concebidas em relação ao tema das drogas;
** abordagens que demonstrem a relação entre direitos humanos e políticas de drogas;
** a diversidade de fontes e ângulos na interpretação dos dados e na análise dos temas tratados;
** a qualidade do texto e sua capacidade de comunicar ao leitor reflexões críticas e visões inovadoras sobre as políticas públicas e legislação na área de drogas no Brasil.
O Prêmio é uma realização do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), da Universidade Candido Mendes, e integra um projeto amplo, desenvolvido com o apoio da Open Society Foundations, dedicado a estimular a discussão sobre o tema das drogas no país.
Criado em 2010, o CESeC se dedica à produção de análises e dados relacionados à criminalidade e segurança pública. O Centro desenvolve pesquisas aplicadas, consultorias, monitoramento de projetos de intervenção, fóruns, seminários, e atividades de ensino, capacitação e difusão de informações nas áreas de segurança, justiça, sistema penitenciário e prevenção da violência.
Coordenação
Julita Lemgruber e Anabela Paiva
Comissão de Jurados
>> Bruno Torturra – Jornalista e fotógrafo, foi repórter especial, correspondente internacional e diretor de música e redação na revista Trip. É apresentador da Pós TV (postv.org) e um dos idealizadores da Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação). Articulador de coletivos e redes de ativismo em torno do movimento Existe Amor em SP e participante da Rede Pense Livre, grupo que trabalha em nome de uma política de drogas que funcione no Brasil. Atualmente colabora como roteirista para o programa Esquenta, da Rede Globo. É idealizador do site de entrevistas Fluxo.
>> Cristiane Costa – Formou-se em Jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF), atualmente é professora e coordenadora do curso de Jornalismo da Eco-UFRJ. É Doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora do pós-doutorado do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC). Foi editora do caderno Ideias, suplemento literário do Jornal do Brasil, da revista Nossa História e doPortal Literal (www.literal.com.br), além de editora de não-ficção da Nova Fronteira. É autora de Pena de aluguel: escritores jornalistas no Brasil, pesquisa premiada com a Bolsa Vitae de Literatura em 2001 e publicada pela Companhia das Letras, e de Eu compro essa mulher: romance e consumo nas telenovelas brasileiras e mexicanas, publicada pela Jorge Zahar Editor.
>> Dartiu Xavier da Silveira – Graduado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/1978), possui mestrado (1991) e doutorado (1997) em Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente é professor livre-docente da UNIFESP, consultor do Ministério da Saúde, professor-orientador do grupo Cochrane do Brasil. Foi membro da American Psychiatric Association, da International Association for Analytical Psychology e pesquisador-colaborador da University of California (UCLA). Foi presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica e da Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Álcool e Drogas (ABRAMD).
>> Luiz Eduardo Soares – Mestre em Antropologia e doutor em Ciência Política com pós-doutorado em Filosofia Política, foi Secretário Nacional de Segurança Pública (2003) e coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado do RJ (1999/março 2000). Colaborou com o governo municipal de Porto Alegre, de março a dezembro de 2001, como consultor responsável pela formulação de uma política municipal de segurança. De 2007 a 2009, foi Secretário Municipal de Valorização da Vida e Prevenção da Violência de Nova Iguaçu (RJ). Em 2000, foi pesquisador visitante do Vera Institute of Justice de Nova York e da Columbia University. Tem 20 livros publicados, entre eles o romance Experimento de Avelar, premiado pela Associação de Críticos Brasileiros em 1996, e Meu Casaco de General, finalista do Prêmio Jabuti em 2000. Foi professor da UNICAMP e do IUPERJ, além de visiting scholar em Harvard, University of Virginia, University of Pittsburgh e Columbia University. É professor da UERJ e coordena o curso à distância de Gestão e Políticas em Segurança Pública, na Universidade Estácio de Sá.
>> Marcelo Moreira – É editor-chefe do RJ TV, da TV Globo, e ex-presidente e atual conselheiro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Foi repórter dos jornais O Dia, A Notícia e Jornal do Brasil. Especializou-se na cobertura de Cidades. Pelo Jornal do Brasil, fez várias reportagens investigativas de destaque, como a série “Cartel dos Ônibus”, de 1996, que mostrou as irregularidades na atuação dos empresários de ônibus no Rio de Janeiro. Em 1997, com a reportagem “O Metrô Mais Caro do Mundo”, venceu na categoria principal do prêmio de jornalismo da Confederação Nacional de Transporte. Já na TV Globo, coordenou a equipe que ganhou o primeiro prêmio Esso de Telejornalismo com a reportagem “Feirão das Drogas”. Em 2003, produziu a série “O Rio Engarrafado”, que ganhou o prêmio de televisão da Confederação Nacional de Transportes.
>> Mauricio Fiore – Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), atualmente é doutorando em Ciências Sociais na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e coordenador de promoção e disseminação do conhecimento científico da Plataforma Brasileira de Política de Drogas. É mestre em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), publicou diversos trabalhos sobre psicoativos, entre os quais se destaca sua dissertação de mestrado, publicada no livro Uso de “drogas”: controvérsias médicas e debate público (Mercado de Letras/Fapesp, 2006).
>> Sílvia Ramos – Coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) no Rio de Janeiro, é doutora em Ciências pela Fundação Oswaldo Cruz na área temática Violência e Saúde. Tem experiência em pesquisas sobre violência urbana e segurança pública, atuando principalmente nos seguintes temas: juventude, polícia, mídia e movimentos sociais. Publicou Elemento suspeito: abordagem policial e discriminação na cidade do Rio de Janeiro, com Leonarda Musumeci (2005), Mídia e violência: tendências na cobertura de criminalidade e segurança pública no Brasil, com Anabela Paiva (2007) e Política, direitos, violência e homossexualidade, com Sergio Carrara e outros autores em 2006.
Informações sobre o Prêmio Gilberto Velho Mídia e Drogas
Daniella Vianna – daniella@ucamcesec.com.br
(21) 2531 2033/ 2232 0007
Anabela Paiva – anabelap@me.com
(21) 98158 6851
Acesse: www.premiogilbertovelho.com.br