Uma sociedade justa e democrática no acesso aos meios de comunicação é a meta dos participantes de mais um encontro anual da OURMedia, uma rede internacional formada por mais de 270 ativistas de todo o mundo. Em sua quarta edição, o evento será realizado no campus da Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Porto Alegre (RS), de 22 a 25 de julho, com o tema ‘Construindo Sociedades da Comunicação’. O encontro será preparatório para a Conferência da Associação Internacional de Estudos de Comunicação Social (IAMCR), que acontece em seguida, de 25 a 30 de julho, também na PUC.
O OURMedia IV vai reunir gente de toda parte, envolvida – profissionalmente ou não – em comunicação, mídia comunitária e tecnologias de informação, com o objetivo de promover a colaboração, o aprendizado e a troca de experiências. Será também um espaço para estabelecer estratégias e gerar idéias para estimular o desenvolvimento global da mídia comunitária e das tecnologias de informação e comunicação (TICs), influenciando na elaboração de políticas públicas. ‘Teremos atividades, tecnologia e apresentação de experiências. Haverá discussões importantes e oficinas criativas. Se você tem interesse em mídia comunitária, em saber como as tecnologias de informação e comunicação podem ajudar a construir um mundo melhor, certamente haverá alguma coisa na conferência para você’, convoca Aliza Dichter, diretora de Programas do CIMA (Centro Internacional de Ações em Mídia), responsável pela organização do evento.
O comitê organizador solicitou que as propostas enviadas para discussão durante a conferência abordassem tópicos como a defesa de meios cidadãos, melhores práticas e fracassos notáveis, políticas públicas e a evolução da própria rede OURMedia. O objetivo é que seja possível estimular a colaboração em torno de iniciativas como, por exemplo, um guia de auto-avaliação para meios de comunicação comunitários, a construção de uma bibliografia sobre questões-chave para a defesa e a promoção das TICs, materiais pedagógicos de educação popular, a elaboração de planos de ação e a formação de grupos de trabalho voltados para foros de discussão política como a Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, a Organização Mundial do Comércio e o Fórum Social Mundial, entre outros.
Como se trata de um evento sobre comunicação cidadã, a expectativa é que a OURMedia IV seja documentada de diferentes formas. Relatos em áudio, vídeo e weblogs deverão ser compilados ao final do encontro. ‘Cada sessão da conferência tem questões específicas com o propósito de documentar idéias, linhas de ação e sugestões dos participantes’, explica Aliza. ‘Vamos coletar esse material e distribuí-lo para toda a nossa rede, bem como para outros interessados ao redor do mundo’.
Laboratório de mídia
As edições anteriores da conferência foram realizadas em Washington (EUA), Barranquilla (Colômbia) e Barcelona (Espanha). Ao se decidir pela capital gaúcha como sede deste ano, a OURMedia pretende aprender com as experiências brasileiras. Para Aliza, o Brasil é visto como um exemplo das potencialidades de uma mídia voltada para os direitos humanos e a justiça social. ‘Com uma mídia comercial forte e um intenso universo de projetos de comunicação comunitária e uso de TICs, as lições brasileiras serão muito proveitosas’, imagina. ‘Esperamos aprender bastante com essas experiências que estão sendo desenvolvidas, com novos projetos de educação popular, rádios livres, TVs comunitárias em favelas, centros de mídia independente e políticas de direitos autorais. Estamos ansiosos para conhecer os esforços do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, assim como o trabalho da Campanha CRIS no Brasil’.
O encontro da OURMedia terá visitas de campo a projetos brasileiros, além de apresentação de painéis, mesas redondas e grupos de discussão e trabalho. Um Laboratório de Mídia (Polymedia Lab) estará funcionando durante os quatro dias de evento, como um espaço para quem desejar criar, compartilhar experiências e exibir projetos multimídia inovadores. ‘Será como um telecentro da conferência, um local com computadores, acesso à Internet, tecnologia de rádio e vídeo, onde as pessoas poderão se reunir para demonstrar o que estão fazendo, realizar oficinas, experimentar e colaborar mutuamente’, explica Aliza. O acesso ao laboratório será aberto a todas as pessoas interessadas.
Embora a conferência não seja voltada para a grande mídia, ela será discutida em alguns momentos. ‘As sessões com foco em políticas públicas e a oficina sobre educação popular vão lidar mais diretamente com esse tema sob o aspecto do apoio à mídia comunitária e cidadã e da conscientização sobre o papel da mídia de massa. Essas são as chaves para a transformação dos meios de comunicação’, afirma Aliza. Segundo ela, a grande mídia é bem-vinda se desejar fazer uma cobertura do encontro. ‘Os jornalistas certamente encontrarão muitas histórias interessantes aqui’, garante.
Quem quiser acompanhar a conferência pode fazer sua inscrição pela página (http://www.ourmedianet.org/om2004/om2004.registration_portu.html). Participantes que queiram aproveitar o espaço do laboratório para desenvolver ou demonstrar projetos durante a conferência devem visitar a página (http://docs.indymedia.org/view/Global/NossoMidiaChamada).
Mais informações em (http://www.ourmedianet.org/om2004) ou pelo correio eletrônico (omiv@ourmedianet.org).
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Da equipe da Revista do Terceiro Setor (http://rets.rits.org.br)