1.
O TSE foi claro: as fotos NÃO estavam protegidas pelo sigilo. Portanto poderiam ser publicadas.
2.
A mídia agiu corretamente ao divulgar uma informação (no caso, fotografias), obtidas a partir de um vazamento?O CD com as fotografias foi distribuído por um alto funcionário da PF aos principais veículos do país (impressos e eletrônicos). Não havia dúvidas quanto à sua autenticidade. Se algum deles considerasse ilegítimo o vazamento e decidisse não publicá-las pouco adiantaria, os concorrentes não teriam o mesmo escrúpulo.
3.
Não seria este o caso de recusar o ‘estouro da manada’, guardar as fotos e avisar aos leitores (ou telespectadores) que o veículo é contrário aos vazamentos?Sim, seria. Na Europa e América do Norte já houve casos de imagens de crimes hediondos que os veículos recusaram divulgar enquanto davam satisfações ao seu público. Não se conhecem precedentes na cobertura política. Convém lembrar que em 2002, no caso Lunus (Maranhão), o PT não reclamou contra a publicação das fotos do dinheiro apreendidos em poder da filha e genro do senador José Sarney.
4.
A mídia agiu corretamente omitindo o nome do funcionário do alto escalão da Polícia Federal que distribuiu o CD com as fotografias da dinheirama?NÃO agiu corretamente. Aqui não se tratava de preservar a fonte de uma investigação. A imprensa não chegou ao delegado, o delegado é que foi à imprensa. Por isso, a fonte deveria ter sido identificada imediatamente porque seu nome e qualificação faziam parte da notícia. Eram a notícia. E uma notícia não se esconde. Tanto assim que no sábado (30/9) à noite e domingo pela manhã toda a mídia foi obrigada a revelar o nome do policial que assumiu a distribuição do CD e as razões que o levaram a desobedecer às ordens da direção da PF.
5.
O presidente-candidato Lula estava correto ao criticar (no sábado) a mídia por ter publicado as fotos do dinheiro apreendido?No dia anterior (sexta, 29), o presidente-candidato Lula foi categórico ao declarar em São Bernardo do Campo que não havia motivos para queixar-se da imprensa. Considerando as opiniões erráticas do candidato Lula em relação à imprensa (sobretudo nas duas semanas finais da campanha), tanto a aprovação num dia como a desaprovação no dia seguinte são irrelevantes. No entanto, na boca do presidente Lula, as críticas à imprensa soam como ameaças.