Em sua primeira entrevista depois do anúncio da compra do Washington Post, por US$ 250 milhões (em torno de R$ 590 milhões), o fundador da Amazon, Jeff Bezos, prometeu apoio financeiro ao jornal e disse que planeja implantar ideias inspiradas na experiência da gigante da internet no varejo. Bezos fundou a Amazon em 1994 e administrou seu crescimento – o que o deixou com uma fortuna de US$ 22 bilhões.
Antes de participar do primeiro encontro com a equipe do jornal, essa semana, Bezos disse em entrevista ao próprio diário que sua maior contribuição seria oferecer seu “ponto de vista” à administração do Post. Ele também afirmou que daria “apoio financeiro por um período longo de tempo no qual a administração pode experimentar encontrar uma fórmula rentável para distribuir as notícias”. “Se encontrarmos uma nova era de ouro no Post, será devido à engenhosidade, criatividade e experimentação da equipe. Eu estarei lá com conselhos à distância. Se resolvermos esse problema, eu não vou merecer crédito por isso”, disse. “Tivemos três grandes ideias na Amazon mantidas por nós há 18 anos e que são as razões do nosso sucesso: coloque o cliente em primeiro lugar. Invente. Seja paciente. Se substituirmos ‘cliente’ por ‘leitor’, esse ponto de vista pode ter sucesso no Post também”.
Estratégia de sobrevivência
A notícia da compra do jornal da família Graham, no mês passado, surpreendeu funcionários e analistas de mídia. David Graham, membro da família no conselho do jornal, contou à equipe que a venda era necessária para a sobrevivência do diário, especialmente devido ao declínio na receita publicitária impressa.
Bezos, que continuará no cargo de CEO da Amazon, disse estar ciente dos problemas enfrentados atualmente por jornais e outros veículos de comunicação e ressaltou que não cobrará por sucesso financeiro imediato. “Na minha experiência, a maneira como acontece invenção, inovação e mudança é por meio de esforço em equipe. Não há nenhum gênio solitário que descobre tudo e manda a fórmula mágica. Você estuda, você debate, você troca ideias e as respostas começam a surgir. Isso leva tempo”, argumentou.
Ele destacou ainda o fato de o Post ser famoso por seu jornalismo investigativo, o que demanda energia e investimentos – para depois sites reproduzirem esse trabalho e oferecerem de graça na web. “Uma pergunta é: como sobreviver nesse tipo de ambiente? Do ponto de vista do leitor, ele deve perguntar: ‘por que eu devo pagar por todo esse esforço jornalístico quando eu posso encontrar de graça em outro site’?”, indagou.