Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Site divulga nova leva de documentos militares

O Pentágono bem que tentou impedir, mas o site WikiLeaks acabou divulgando uma nova leva de aquivos militares confidenciais – desta vez sobre a guerra do Iraque. Em julho, a organização que irrita governos e grandes corporações ao levar ao conhecimento do público dados sigilosos fez o que então o maior vazamento de sua história, expondo mais de 90 mil documentos militares americanos sobre a guerra do Afeganistão.

Na semana passada, o WikiLeaks divulgou mais de 400 mil relatórios escritos por soldados americanos no Iraque entre 2004 e 2009. Os documentos mostram que as forças de segurança iraquianas espancavam, queimavam e realizavam outros tipos de tortura com prisioneiros entregues a elas pelo Exército dos EUA. Segundo Joe Stork, diretor da organização Human Rights Watch no Oriente Médio, autoridades americanas e iraquianas têm que assumir a responsabilidade pelos abusos. ‘Fica claro que as autoridades dos EUA sabiam do abuso sistemático feito pelos soldados iraquianos, mas continuavam a entregar milhares de presos a eles’, disse, ressaltando que o Exército americano e outras organizações internacionais no país não intervinham nos maus tratos porque não estavam envolvidos diretamente neles.

 

Pentágono pede que mídia não coopere com vazamentos

Na semana passada, antes da divulgação dos documentos, o Pentágono chegou a pedir a organizações de mídia que não publicassem os arquivos secretos sobre o Iraque obtidos pelo WikiLeaks. ‘A imprensa deve se preocupar em não facilitar o vazamento de informações confidenciais com esta organização de reputação questionável’, disparou o porta-voz do Pentágono, Dave Lapan. ‘Ajudar o site a publicar os arquivos confidenciais dá mais legitimidade a ele’.

Interesse público

Diante do pedido do Pentágono, jornais americanos argumentaram que não estão sob obrigação legal para obedecer a regras de confidencialidade que são destinadas a funcionários do governo e que a divulgação passada de documentos secretos serviu ao interesse público. Nos últimos meses, funcionários do Departamento de Justiça dos EUA anunciaram que poderiam condenar o WikiLeaks sob o ato de espionagem de 1917.

O WikiLeaks não identificou a fonte dos documentos obtidos, mas suspeita-se que seja Bradley Manning, analista de inteligência do Exército atualmente sob custódia militar. Ele foi preso em maio, após a divulgação de um vídeo de um helicóptero americano disparando contra civis. Manning foi acusado de entregar informação de defesa a uma fonte não autorizada. Informações de Dan de Luce [AFP, 18/10/10].