Papa Francisco está empenhado em combater as fake news e fomentar um jornalismo de paz. É o que demonstra a mensagem do Santo Padre para o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que será celebrado em 13 de maio de 2018, divulgada no dia 24 de janeiro, data em que a igreja celebra São Francisco de Sales, patrono dos jornalistas.
Tema atual e recorrente nos debates sobre os processos de comunicação da atualidade, tanto por parte dos veículos de imprensa como nos espaços acadêmicos.
Francisco explica de maneira clara que a expressão fake news – notícias falsas em português – se refere a informações infundadas, baseadas em fatos inexistentes ou distorcidos, com o objetivo de enganar ou até manipular os destinatários.
Muitas vezes estas falas notícias são disseminadas de maneira online, através da internet, e envolvem pessoas públicas, como políticos, artistas e formadores de opinião. Gente que rende curiosidade e cliques. Popular nas redes sociais em todo o mundo, o próprio papa Francisco já foi vítima dessas inverdades. Atuando em uma emissora de inspiração cristã, fui abordada mais de uma vez com a surpresa do telespectador com a notícia de que o Santo Padre seria submetido a uma cirurgia de risco.
Em outro caso, Francisco teria dito que a bíblia estaria antiquada e teria feito referências duvidosas as passagens de Adão e Eva e o inferno. Tudo falso, mas até esta constatação, debates e provocações circularam com expressiva velocidade pelas redes sociais, obrigando a equipe de comunicação do Vaticano a se mobilizar para conter as inverdades.
Mentiras repetidas várias vezes viram verdades, diz o teor da expressão disseminada por pelo político Joseph Goebbls no comando da propaganda nazista no período de 1933 a 1945, quando ainda a comunicação se restringia as ondas do rádio e folhetins. Na atual era de curtidas, compartilhamentos e transferência de dados com o avanço da internet, este é um risco eminente.
Vídeos, fotos, expressões e depoimentos surgem sem critérios e circulam de forma incontrolável. Fatos ocorridos em um determinado local, são repassados como se ocorressem em outros, datas e pessoas envolvidas são ignoradas e veracidade depende do discernimento profundo e cuidadoso, principalmente neste imenso mundo digital. Saber o que é falso não é fácil, pessoas de bem colaboram para a circulação de mensagens mesmo na desconfiança dos fatos e possíveis reações, mas o melhor meio de sanar a dúvida é buscando a verdade.
Buscar a verdade é o que Francisco pede aos meios de comunicação, manifestando seu esforço em contribuir para a prevenção da difusão de notícias falsas e o redescobrimento do valor da expressão jornalística e responsabilidade pessoal na comunicação da verdade. Neste cenário, o Santo Padre define o jornalista como o guardião das notícias, ensinando que informar é formar, é lidar com a vida das pessoas, por isso as fontes e veracidade dos fatos são processos de desenvolvimento do bem.
Papa Francisco não está apresentando uma pregação religiosa com sua mensagem pelo Dia Mundial das Comunicações Sociais. O conteúdo não está direcionado apenas aos católicos e veículos de comunicação ligados à igreja. O mundo digital tem sido tema de muitas manifestações do Santo Padre como um alerta para um problema real, que coloca a vida acima de crenças e convicções. Um alerta importante todos que almejam a paz real e verdadeira.
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Giovana Leonardi é jornalista na REDEVIDA de Televisão.