Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A agência das causas sociais

Os hospitais italianos conviviam com uma praga: o mercado negro das transfusões de sangue. As doações correspondiam somente a 30% da demanda, e por isso organizações como a Cruz Vermelha e a Associação Italiana dos Centros de Transfusão acharam que era o momento de pedir ajuda aos cidadãos. Cartazes e volantes começaram circular pelos hospitais, as doações aumentaram imediatamente em 40% e, um ano depois, o mercado ilícito estava extinto.

Para esta campanha foi criada uma agência que recebeu o nome de Pubblicità Progresso (Publicidade Progresso). Para comemorar seus 35 anos haverá uma exposição na Trienal de Milão (21/10 a 19/11) e ela foi o personagem principal na Conferência Mundial sobre a Comunicação Social, da Universidade de Milão (17 e 18/10).

Em sua existência a agência Progresso criou 33 campanhas. Algumas das principais: contra o fumo, contra o racismo, pelo verde, contra a poluição causada pelos dejetos, por uma identidade aos portadores da Síndrome de Down, pelas minorias, pela adoção de avós, pela defesa da infância, pela prudência na direção de veículos, para aumentar o hábito de ler.

Uma das mais importantes foi sobre a Aids (1987). Num dos anúncios se vê um homem nu, de perfil, sentado no chão, a cabeça enfiada nos joelhos, nada em volta, com a mensagem: ‘As relações humanas não transmitem o vírus’.

Mundo melhor

Na agência trabalham gratuitamente vários profissionais e é financiada por entidades públicas e privadas. Lança iniciativas próprias, mas também desenvolve propostas de outros. Trata-se de um sistema de comunicação que não vende mercadorias, mas idéias; que não vende produtos, mas valores. Em resumo: dá consistência ao imaterial de uma idéia, e para tal se vale de uma linguagem que sabe usar as palavras e o progresso.

A Pubblicità Progresso inventou na Itália um gênero de comunicação: tornou-se sinônimo de propaganda com objetivos sociais, seja quem a faça ou quem a promova. Falar para dizer, não para vender. Solidariedade em vez de lucros.

Nos seus 35 anos, a agência se propôs e está conseguindo tornar o mundo melhor.

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Jornalista