A discussão sobre o tema aquecimento global está tomando contornos que beiram o catastrofismo barato, ou seja, os temas e debates surgem na imprensa, sem qualquer amparo da ciência. É preocupante o papel que a mídia vem exercendo nesse ambiente – me perdoem o trocadilho –, a ponto de não exercer a sua principal característica – o direito ao contraditório. Vivemos um período no qual encontramos seriíssimas dificuldades para explicar a nossos filhos, com a isenção que a ciência exige, o que vem a ser o tema aquecimento global.
O Globo exibe manchete dizendo que a elevação do mar e o calor ameaçam o Rio de Janeiro. E no mesmo Globo de terça-feira (2/6), Dia Mundial do Meio Ambiente, no caderno especial ‘Rio 45 graus’ percebe-se que nenhum dos técnicos ali apontados, e que assinam os estudos apresentados no tal caderno especial, tem sequer um artigo ou pesquisa assinada ou depositada numa instituição ou publicação que trate o tema com a seriedade que a ciência requer. É preocupante, pois o próprio senhor Achim Steiner – Coordenador Executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, PNUMA – não tem qualquer artigo ou pesquisa sobre o tema aquecimento global escrito, depositado ou divulgado numa publicação séria, como, por exemplo, as revistas Nature ou Science. Os responsáveis pelo material do caderno especial do Globo observam a variação da temperatura do estado do Rio de Janeiro num intervalo de seis décadas (isso mesmo, apenas seis décadas).
Menos catastrofismo
Se, para a história, 60 anos é um pequeno apêndice dos fatos… imagine-se para a ciência. Não fazem a menor menção aos impactos do fenômeno natural El Niño, ao qual estamos expostos atualmente – e se alguns não acreditam que o fenômeno El Niño tenha influência sobre a elevação das marés e o nível de variação das temperaturas, recomendo, se me permitem, uma análise isenta, os estudos co-assinados pelo geólogo, geofísico e cientista-pesquisador Jeffrey P. Donnelly publicados pela revista Nature (nºs 447, 465 e 468, de 24 de maio de 2007), assim como outros estudos publicados pelo anti-nerds e não menos importante pesquisador Björn Lomborg, um dos criadores do Consenso de Copenhague e autor do sucesso editorial O Ecologista Cético (The Skeptical Environmentalist, em inglês), tido como polêmico e festivo, mas com vários e seriíssimos artigos publicados (mais de cinco apenas na Science, assim como na prestigiosa Nature) nas mais variadas publicações em todo mundo.
Portanto, com todo respeito para com os autores e redatores que vêm escrevendo sobre o tema, acredito que é chegada a hora de sermos mais cariocas e menos catastrofistas, quando o tema for aquecimento global. Ou seja: ‘Fala sério!’
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Empresário e consultor de comércio internacional, Rio de Janeiro, RJ