Thursday, 09 de January de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 25 - nº 1320

A ação cidadã

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Durante séculos esperava-se que o Todo Poderoso resolvesse todos os problemas da humanidade. Com o fortalecimento do Estado, os governantes tornaram-se semi-deuses prometendo a felicidade para os governados. E o que fazem os homens por seus semelhantes? Quem se candidata a amigo do homem?

Filantropia significa exatamente isso. Filos, amizade, antropos, homem. Mas até recentemente filantropia confundia-se com caridade, esmola, piedade, misericórdia. Hoje, o filântropo é um misto de estadista, militante, visionário, missionário. Ele não doa apenas dinheiro, ele se doa, entrega-se a uma causa. O filântropo é um operador social que goza de mais liberdade e tem mais autoridade do que uma autoridade. Sua obrigação é atender a sua consciência como ser humano.

A filantropia já foi reservada aos ricos, aos famosos. Aos vaidosos e aos arrogantes. Milionários sossegavam suas culpas oferecendo doações, astros do show business e dos esportes mostravam que tinham alma comprando simpatias das multidões de fãs.

A filantropia começa a ser encarada como responsabilidade social, como ação cidadã e deixou a esfera dos privilegiados pela fortuna. Qualquer ser humano é um filântropo em potencial, basta que seja motivado para a generosidade. Se não tem recursos financeiros para partilhar pode compartilhar o seu tempo e aqui a mídia desempenha uma papel crucial. O Grupo Globo destaca-se não apenas como doador mas, sobretudo, como estimulador. Mas falta muito. Sem a mobilização dos meios de comunicação, o Brasil não conseguirá sair do septuagésimo sexto lugar abaixo da média mundial. O brasileiro doa menos do que o guatemalteco, menos do que o guianense, o colombiano e o boliviano.

Alguma coisa está errada quando uma sociedade mantém-se fechada, insensível, incapaz de abrir-se para a humanidade. Cordialidade apenas não resolve.