Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Os Anos Dourados produziram Brasília ou foi o contrário – Brasília criou os Anos Dourados?
Foram dourados mesmo ou a nostalgia pintou-os de dourado?
O binômio energia-transporte era apenas um plano de metas, mas a transferência da capital para o interior do país continha a matéria-prima necessária para produzir vibração e destravar o espírito de mutirão, adormecido desde a entrada do país na 2ª Guerra Mundial.
A imprensa carioca renovava-se.
A cidade do Rio de Janeiro crescia, cada vez mais maravilhosa e também cada vez mais aguerrida: a manchete de um vespertino impresso no centro levava imediatamente multidões às portas do Palácio do Catete ou da Câmara dos Deputados.
Brasília é filha de muitas razões, uma delas, talvez a mais premente, foi a necessidade de aliviar a pressão das ruas.
JK conseguiu: para isso usou a sua incrível capacidade de somar atraindo parte da imprensa para o seu projeto.
Desta verdadeira distensão nasceu um dos momentos mais férteis da cultura e da arte brasileira.
Aquela cidade em forma de ave ou avião, suspensa em cima de arrojados pilotis, despertou nos brasileiros a vontade de sonhar, levantar vôo, criar.
Meio século depois, esta nova série do Observatório da Imprensa traz de volta a vibração que construiu Brasília para compará-la com os frutos que produziu.