Exatamente uma semana depois da divulgação das fitas grampeadas no BNDES, o assunto esfriou. Bom para o denunciado e ruim para o denunciador porque o que sobrou foi a discussão sobre os procedimentos jornalísticos. É isso que interessa a este Observatório.
É pacífico: um jornal deve publicar tudo aquilo que serve ao interesse público. Essa é a sua função. Mas as denúncias que andam sozinhas são duplamente suspeitas e por isso precisam ser duplamente investigadas. Se o fossem, o assunto das fitas ainda poderia estar fervendo.
Uma reportagem pressupõe a busca de informações. Aqui deu-se o contrário: as informações foram buscar o jornal. Uma coisa é o jornalista movimentar-se para buscar a verdade. Outra é a fonte que se movimenta para trazer ao jornalista a sua versão da verdade.
Fazer barulho não é propriamente a função da imprensa mas quando faz, deve dispor de evidências ou pelo menos indícios concretos e comprometedores.
O logotipo da matéria Os Segredos do Poder continha a foto de FHC, esperava-se que além das conversas gravadas clandestinamente houvesse uma investigação para comprovar ou pelo menos indicar comportamento impróprio do Presidente. Isso não foi feito. A reputação da imprensa saiu arranhada porque preferiu apostar na presunção da culpa sem ter as provas para isso.
Nunca é demais repetir: o objetivo deste Observatório é examinar o desempenho da mídia. Queremos estabelecer a controvérsia em torno da imprensa. Se ela é um poder, o debate sobre sua conduta deve funcionar como contrapoder. Se ela se enfraquece como poder, é a democracia que sai perdendo.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm