Friday, 10 de January de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 25 - nº 1320

A cobertura da corrupção no esporte

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

A impunidade está em vantagem no mundo esportivo brasileiro porque os ilícitos são denunciados nas páginas de esporte. Com o mesmo destaque, porém nas páginas frequentadas por políticos e empresários, este noticiário já teria incriminado muita gente e os escândalos não se repetiriam com tanta frequência.

A importância de uma notícia depende basicamente da repercussão que provoca. Os leitores dos cadernos esportivos são, em sua maioria, torcedores apaixonados e torcedores apaixonados estão preocupados com o que se passa ou vai passar nos gramados e quadras. As malfeitorias no futebol ficam geralmente impunes, embora denunciadas com veemência e galhardia por alguns ases do nosso jornalismo esportivo, porque aqueles que decidem não dão a devida atenção ao noticiário esportivo e talvez nem cheguem até eles ao folhear o jornal.

Os últimos escândalos envolvendo a FIFA, seu presidente Joseph Blatter e a compra de sedes para as próximas Copas do Mundo, ganharam uma surpreendente reverberação porque foram denunciados em páginas ditas "nobres" de prestigiosos veículos como o Economist, a BBC, o Wall Street Journal e o El País.

No Brasil, as denúncias foram parar na primeira página do Valor Econômico e, em seguida, na emérita página 2 da Folha de S. Paulo porque o seu principal colunista, Clóvis Rossi, considerou-a tão importante quanto as denúncias contra o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palloci.

A eleição para a presidência da FIFA não foi adiada e o seu eterno presidente, Joseph Blatter, foi mantido no cargo. Em parte porque seu principal opositor, a Inglaterra, também estava sob suspeição.

No caso da próxima Copa e da Olimpíada de 2016 convém não esquecer que as obras interessam a toda a sociedade, já não se trata de convocar este ou aquele técnico ou atleta, está em jogo o placar nacional contra a corrupção. De qualquer forma, está desvendada a arma secreta capaz de enquadrar cartolas nacionais e internacionais. Basta derrubar o muro que impede os escândalos esportivos de chegarem às páginas "nobres" como fez Clóvis Rossi com muita coragem.