Bem-vindos ao Observatório da Imprensa. Hoje foi dia de trégua no mercado financeiro internacional. Trégua não significa reversão, o desfecho do turbilhão ainda não é visível mas perfeitamente previsível: nada será como antes. Está claro, porém, que o crash de ontem começou como bolha. A bolha hipotecária não foi a primeira. Antes dela, no fim dos anos 90, tivemos a bolha da internet, antes ainda a bolha da globalização. Mas como se fabrica uma bolha? Como é que um modismo se transforma em tendência e esta numa bola de neve incontrolável? A mídia não inventa as bolhas, a mídia apenas sopra e apenas as agiganta. Uma boa notícia pode rapidamente converter-se em euforia e da euforia passar ao delírio quando é noticiada de forma acrítica, sem pontos de interrogação e sem dúvidas. Quando a mídia americana lembrou-se de questionar a febre hipotecária, já era tarde. Quando alguns analistas começaram a reclamar contra os altos bônus pagos aos executivos das instituições financeiras, o mal era irreversível. Quando os grandes veículos começaram a admitir que o mercado financeiro precisava ser regulado, já não havia mais retorno. Isto vale, inclusive, para a grande imprensa brasileira que tem urticária só de ouvir a palavra regulação e controle público. A imprensa nunca tem culpa, a não ser quando esquece que a função da imprensa é fiscalizar. Assista ao compacto desse programa em:
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