Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
A mídia está discutindo intensamente o escândalo Cachoeira e, desta vez, excepcionalmente, incluiu na pauta o desempenho da própria mídia.
A novidade acaba aqui porque a tão esperada polêmica converteu-se num violento arranca-rabo político, prolongamento puro e simples da disputa partidária. Não é isso que mudará o comportamento da mídia diante do desvendamento de grandes escândalos. Há 14 anos, cada vez que as denúncias são convertidas em bombásticas manchetes, jogamos pela janela maravilhosas oportunidades para discutir os procedimentos do nosso jornalismo investigativo.
O descaso tem uma explicação: nossa mídia abomina ficar na berlinda, detesta ser analisada. Prefere ser usada como mensageira de grupos geralmente mal intencionados divulgando gravações clandestinas sem qualquer investigação anterior ou posterior.
Com isso, desenvolveu-se entre nós o chamado "jornalismo fiteiro", uma aberração praticada por arapongas sem qualquer compromisso com as exigências de uma atividade tão cara ao aperfeiçoamento da sociedade.
Felizmente alguns analistas políticos começaram a preocupar-se com a promiscuidade entre estes espiões profissionais e as redações. Outros preferem manter-se dentro da velha militância partidária forçando a convocação de jornalistas pela CPI.
CPIs são criadas para investigar o poder público. A imprensa, quarto poder, tem contas a prestar, muitas, mas não a um Congresso que está longe de respeitar o decoro mínimo.