Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A imprensa agiu corretamente?

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.

Você mesmo deve ter feito a comparação: no primeiro seqüestro, o de Patrícia Abravanel, filha de Sílvio Santos, a cobertura foi controlada. Esta discrição de parte da mídia foi o tema de nosso último programa. Mas no segundo seqüestro, desta vez do próprio apresentador, a cobertura foi intensa, veemente, ao vivo, ao longo de sete horas.


Há uma certa esquizofrenia em comportamentos tão diferenciados ou estamos enganados?


A discussão que a mídia travou sobre seu duplo comportamento foi fugaz. Mais relevante para a imprensa foi colocar o governador Geraldo Alckmin na berlinda questionando a validade de sua opção de negociar com o seqüestrador.


Mas é preciso levar em consideração que há uma relação de causa e efeito entre a intensa cobertura da mídia e a decisão do governador de negociar com o bandido.


Se o escarcéu televisivo não fosse tão grande certamente que a pressão sobre o governador seria menor. No caso do seqüestro de Patrícia quando parte da mídia autocensurou-se, foi alegado que o noticiário poderia colocar em risco a vida da seqüestrada. Mas no caso do pai, o próprio seqüestrador acompanhava o desenrolar dos acontecimentos pela Tv. Imaginem se aparecesse no monitor a imagem de um atirador de elite apontando a arma para a janela do cômodo onde estava. O bandido não poderia assustar-se e puxar o gatilho?


Convém lembrar que o segundo seqüestro foi transmitido em horário em que crianças e adolescentes ainda estão em casa. Se a tensão em todo o país já foi grande imagine-se o que poderia acontecer se houvesse tiros e sangue.


É muito bom que os meios de comunicação agora estejam oferecendo explicações à sociedade sobre o seu comportamento. Melhor seria que não fossem cobrados.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm