Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
A televisão fez hoje a rentrée na campanha eleitoral, uma semana depois da
série de entrevistas dos três principais presidenciáveis na bancada do Jornal
Nacional. Há 15 dias a Band fez o primeiro debate entre os quatro candidatos
melhor colocados e, apesar da baixíssima audiência, teve o mérito de exibir o
seu tremendo potencial como fabricante de empatias.
O Brasil é essencialmente televisivo. Jornais, revistas, cinema e rádio
sempre tiveram grande aceitação e poder de influência mas o formato Tv, a
sagrada rotina dos telejornais noturnos, a continuidade das telenovelas
estabeleceram um poderoso paradigma de dramaturgia dificilmente
substituível.
O sucesso da internet nas últimas eleições americanas aparentemente não se
repetirá. As redes sociais também são fortes aqui – lembram do Cala a Boca
Galvão da copa? – mas sua função é reverberar, fazer barulho e logo sair atrás
de outro estouro. A Tv humaniza, traz os personagens para a sala de jantar,
sejam atores, jornalistas ou candidatos, e isto há algumas décadas.
Mais do que o comício digital da web, o palanque eletrônico da Tv oferece
muitas oportunidades aos jornais. É a sua chance de mostrar que não morreram.
Antes disso terão que despertar da atual letargia.