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O que movimenta o mundo, os grandes eventos, as agências internacionais ou programas permanentes? Estas são questões suscitadas pela recém-encerrada Rio+20 e uma delas deveria talvez preceder as demais: só através do espetáculo é possível mobilizar a sociedade global neste século 21? O espetáculo não é em si uma forma simplificada de colocar problemas na agenda?
Quando a Rio+20 foi concebida, as condições econômicas, sociais e políticas mundiais eram diametralmente opostas às que serviram de cenário para o evento. Em tempos de vacas magras é impossível contar com recursos, e sem recursos não se implantam políticas públicas com dimensões generosas.
O próprio título "Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável" também é limitador, sobretudo para quem esperava metas drásticas para evitar a deterioração climática. Ao escolher o tema do desenvolvimento sustentável, a ONU deu preferência a uma aspiração abrangente mas o aquecimento global é uma ameaça concreta, imediata. Aspirações e ameaças, além das diferenças conceituais, produzem demandas conflitantes.
As frustrações só foram vocalizadas agora mas eram inevitáveis, mesmo entre os mais otimistas. Só nos resta fazer a contagem das oportunidades perdidas e anotar no calendário as datas dos próximos eventos.