Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
A internet não é neutra. A internet pode ser o símbolo da liberdade individual, mas na realidade está mais próxima de ser um par de algemas douradas. A internet tem sido apresentada como panaceia para todos os males da sociedade contemporânea, mas além de ser vulnerável, é perigosa, subversiva, impossível de ser disciplinada. Além disso, injusta – sempre a serviço dos mais poderosos.
Com o pretexto de aproximar a humanidade, a revolução digital está acabando com a privacidade, com o arbítrio individual e com as soberanias nacionais. A tecnologia tem sido apresentada como alavanca de avanços mas também carrega uma enorme carga de retrocessos.
Os documentos obtidos pelo ex-agente de segurança americano, Edward Snowden, comprovaram que os Estados Unidos espionaram o governo brasileiro. A presidente Dilma Rousseff denunciou a agressão no plenário das Nações Unidas. Mas agora descobriu-se que também o Canadá serviu-se das ferramentas disponibilizadas pelo seu vizinho para bisbilhotar, devassar e apropriar-se do nosso acervo de informações.
Este não é um assunto que diz respeito apenas aos governos, diz respeito a você, usuário da rede mundial de computadores. Ao ligar o seu celular de última geração ou acionar o seu navegador ultra veloz você entrou no imponderável, onde a sua vontade e os seus direitos contam muito pouco. O mesmo sistema que nos vende uma fascinante e maravilhosa maquineta multifuncional, que faz tudo e sabe tudo, nos leva para um universo do qual jamais poderemos sair.
Esta edição do Observatório da Imprensa pretende lembrá-lo de coisas muito graves que acontecem junto com inocentes gestos.