Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Você vai se horrorizar com o uso do verbo horrorizar-se. O programa de hoje vai envolvê-lo de três maneiras diferentes: como cidadão que precisa inteirar-se sobre o que se passa no país, como cliente do sistema financeiro irritado com o tratamento que recebe e como leitor, ouvinte ou telespectador que precisa saber se a mídia brasileira é capaz de cobrir todas as atividades com a mesma isenção.
Há poucas semanas a diretora de fiscalização do Banco Central fez um depoimento na Câmara Federal na qualidade de cliente confessou-se horrorizada com o tratamento. Veja bem, Tereza Grossi é a fiscal-mor de uma instituição que funciona como fiscal mor do sistema bancário. O Banco Central cuida da saúde da economia e da saúde do sistema bancário.
O desabafo ou denúncia não aconteceu num papo com amigos. Teve caráter oficial perante os representantes do povo. Agora você vai horrorizar-se com a maneira com que a mídia impressa tratou as declarações da fiscal maior. Dos três jornais especializados apenas um noticiou mas dentro da maior descrição. Os dois outros omitiram-se. Nenhum dos grandes jornais nacionais colocou o desabafo-denúncia em sua primeira página, enterraram o assunto nas páginas internas e o pior, no dia seguinte, o assunto estava completamente esquecido, exceto no Estado de S. Paulo que o comentou em editorial. No fim de semana os semanários também ignoraram o horror da diretora do Banco Central e o caso desaparecia completamente do noticiário. Como se nada tivesse acontecido, como se você estivesse muito satisfeito com o atendimento e os economistas não se surpreendessem com as fabulosas margens de lucros do sistema bancário.
Ora, você compra jornais e revistas acreditando que eles estão aí para defender os seus interesses mas quando eles se omitem e tratam os seus interesses de maneira tão fria e burocrática, quem deve horrorizar-se é você.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm