Saturday, 28 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Bombas e manchetes

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


Você já percebeu, você sabe: o objetivo do terrorista é aterrorizar. Sem repercussão, o terrorismo se esgota. Além de bombas, o terrorista precisa de manchetes. Sem bombas e sem manchetes, as idéias que alimentam o terrorismo ficam confinadas e ignoradas.


Significa que o terrorismo, os terroristas e os aliados do terror, entre outras violências, seqüestra a mídia e a coloca a seu serviço. O que fazer?


Jornalistas não podem admitir, sob hipótese alguma o controle do seu noticiário. O jornalismo ou é livre ou não é jornalismo. O que aconteceu precisa ser mostrado. Em toda a sua dimensão e em toda a sua crueldade. E para que a mídia não seja totalmente tutelada pela torpeza da violência política só resta a ela um caminho: não legitimar os morticínios, os fins não podem justificar os meios.


A mídia só pode existir em ambientes democráticos e numa democracia não vale o sacrifício de inocentes, não vale o desrespeito ao direito à vida. Numa democracia não vale o vale-tudo. O horror aos métodos terroristas não pode co-existir com a validação das suas idéias. Se admitimos os pretextos dos terroristas, por atroz e absurda coerência teremos que admitir os retextos do anti-terrorismo. Este é um circuito vicioso interminável que acabará destruindo todos os valores humanos e, sobretudo, aniquilando todos os direitos que a humanidade vem acumulando há séculos.


Sérgio Vieira de Mello como alto comissário da ONU para os Direitos Humanos sempre preocupou-se com o papel da mídia e sobretudo a sua missão pedagógica. Não esqueçamos as suas palavras: ‘é preciso equilibrar os imperativos da liberdade de expressão com a necessidade imperiosa de eliminar o ódio, particularmente o ódio racial, étnico e religioso’. Ódio e terror são irmãos.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm