Sunday, 29 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Caso Gugu

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


Cada mídia tem o escândalo que merece: nos Estados Unidos foi o repórter Jayson Blair que enganou a direção do New York Times, considerado o melhor jornal do mundo. Na Inglaterra, a prestigiosa e prestigiada BBC resolveu tornar-se protagonista da cena política e agora está envolvida no inquérito que investiga a morte do cientista David Kelly. O nosso escândalo é duplamente vexatório – porque é um escândalo e porque é um escândalo de baixíssimo nível.


O caso de Gugu Liberato que apresentou no seu programa dois supostos membros da facção criminosa PCC é o retrato vivo de uma parte da programação da tv brasileira: o show de variedades, o vale tudo dominical. A ‘reportagem’ de Gugu foi imediatamente contestada pelos jornalistas Marcelo Rezende da Rede TV e José Luiz Datena, da Band.


A polêmica correu solta, nivelada por baixo e uma semana depois, ontem, Gugu foi a um programa popularíssimo para pedir desculpas àqueles que teria ofendido e para jogar a culpa na ‘equipe’, isto é, nos jornalistas contratados por ele.


Enquanto o New York times assume plenamente a sua responsabilidade nas fraudes perpetradas por seu repórter, o nosso Gugu escapa dizendo que a culpa é dos seus comandados que cumprem suas ordens.


Enquanto isso, o SBT que é o detentor de uma concessão pública não dá a menor satisfação pelo que aconteceu num horário da sua programação que, em última análise, pertence à você, cidadão brasileiro.


Enquanto o Ministério Público não descobre quem é o culpado por este gigantesco engodo ‘jornalístico’ é preciso não esquecer que o problema é velho. Este Observatório trata disso há mais de cinco anos. Já cuidamos do Ratinho, do Leão Livre e outras falcatruas zoológicas. Agora está na hora de exigir medidas concretas para pôr fim à baixaria e à irresponsabilidade.


As emissoras de televisão têm compromissos com a sociedade, não podem continuar prevaricando impunemente. Um sistema de auto-regulamentação precisa ser imediatamente criado, a classificação da programação por horários é inadiável, a contratação de ouvidores qualificados é imperiosa. Mas, antes de tudo, é preciso lembrar que quando se critica a baixa qualidade da mídia eletrônica estamos falando na defesa dos direitos humanos contra violências morais tão graves quanto as físicas.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm