Na véspera de uma Copa do Mundo, a mídia não gosta de criar casos. Não é por patriotismo, mas para não prejudicar a euforia que justifica os gordos patrocínios comerciais. Por essa razão, as grandes organizações jornalísticas, exceto uma, omitiram-se diante de uma das maiores arbitrariedades já praticadas no jornalismo esportivo: a cassação pela Fifa da credencial do jornalista Juca Kfouri para cobrir a Copa.
Kfouri é da Folha de S. Paulo e um dos fundadores do nosso Observatório. A razão da violência está nas denúncias que tem feito sobre corrupção e incompetência na CBF, dirigida por Ricardo Teixeira, ex-genro e parceiro do “imperador” João Havelange.
Ao invés de responder, Fifa e CBF decretaram a volta da censura. Treze anos depois da ditadura militar, esses dirigentes ressuscitam um de seus mais abjetos instrumentos.
Ontem, a repercussão nos meios esportivos europeus foi enorme. Aqui no Brasil foi menor do que a esperada.
Um protesto veemente e coletivo, constituiria uma condenação implícita dos métodos da Fifa – CBF, na véspera da festa maior do futebol, quando correm bilhões de reais de patrocínios.
Resta aos jornalistas credenciados fazer o que Armando Nogueira sugeriu no último domingo: rasgar suas credenciais enquanto não for devolvido ao jornalista Kfouri o direito de cobrir um evento público e expressar-se livremente.
A Seleção ainda não entrou no gramado e os donos da bola perderam a cabeça. Imaginem o que virá depois.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm