Bem vindos ao Observatório da Imprensa. Já temos CPI e hoje foi o seu primeiro dia de funcionamento. O mundo não acabou, nem acabará quando se esgotar o prazo de 180 dias ou a sua prorrogação, seis meses depois. Comissões Parlamentares de Inquérito são ferramentas do Legislativo, previstas na Constituição. A excepcionalidade decorre das exigências para a sua convocação. É um recurso extraordinário mas regular, e essencialmente democrático. O clima apocalíptico que envolve as CPIs, como se equivalessem ao juízo final, é fruto do imaginário político. É sobretudo fruto do temor de que a imprensa faça da cobertura da CPI um terremoto. Ou um circo. Esta CPI dos Correios, a primeira do Governo Lula, é também a primeira desde que a grande imprensa admitiu que atravessava sua maior crise econômica. Significa que a imprensa não dispõe dos mesmos recursos que dispunha em 1997 quando foi convocada a CPI dos Precatórios. Os grandes veículos hoje têm menos gente, seus quadros são cada vez mais jovens, não há recursos nem tempo para investigar e o vício de depender de fitas e vídeos clandestinos torna-os reféns de interesses escusos. Esta CPI dos Correios diferencia-se também das demais pelo fato de que entre os suspeitos diretos ou indiretos há parlamentares e partidos. Os investigadores são também os investigados. Junto com a CPI está funcionando a todo vapor o Conselho de Ética e a Corregedoria da Câmara. Na realidade estão correndo três grandes inquéritos entrelaçados. Conseguirá o Parlamento dar conta do recado e cortar na própria carne? Conseguirá a imprensa fiscalizar o Parlamento? A novela será longa, convém aguardar os próximos capítulos. Uma coisa é certa: o final é sempre feliz. Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm