Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Credibilidade da mídia

No meu bloco de anotações tenho três assuntos muito quentes.

Na última sexta-feira, a Gazeta Mercantil fez uma grave revelação no principal destaque da primeira página. Dizia o seguinte: as instituições financeiras estão faturando muito com as sondagens eleitorais. Encomendam as pesquisas, recebem os resultados, fazem as suas aplicações, depois deixam vazar algumas dicas para as colunas políticas. Cria-se uma agito, os investidores realizam o lucro e caem fora. Significa que as pesquisas eleitorais além de induzir os indecisos liquidando com o debate político, estão servindo a finalidades não muito desinteressadas.


No último domingo, os leitores de três jornais nacionais foram surpreendidos por enormes anúncios na primeira página pagos pela Abifarma. A entidade que congrega a indústria farmacêutica gastou uma fortuna para defender um caso indefensável erro da Schering que distribui pílulas de farinha no lugar de anticoncepcionais. O texto do anúncio é capcioso e vicioso. Tenta jogar a culpa na imprensa lembrando o famoso caso da Escola Base, quando os jornais acusaram inocentes, destruindo vidas e reputações. A Abifarma conseguiu ser mais leviana do que a Schering que finalmente assumiu a culpa.


Importante registrar que o único jornal que não publicou a venenosa peça foi O Globo, que não aceita grandes anúncios em sua primeira página conforme fui informado hoje.


Veicular mentiras em anúncio não ajuda a credibilidade ainda mais quando na página mais nobre.


O caso mais quente está nos jornais de hoje: a Justiça Federal, aqui no Rio de Janeiro, cassou a liminar que permitia o funcionamento dos tele-sorteios dentro do código 0-900. Esta é uma vitória do jornalismo impresso contra a jogatina deslavada praticada pelas redes de televisão. Trabalho solitário da repórter Elvira Lobato, da Folha de S. Paulo, que entrevistei dias atrás.


A notícia ruim é que apesar da sentença judicial que hoje mereceu manchete de muitos jornais continuaram impunemente no ar os cassinos virtuais. Simplesmente porque o público não foi avisado pelos telejornais destas mesmas emissoras que a farra lotérica era ilegal.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm